Capítulo 3

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Kara


— O que vai fazer hoje? — Alex perguntou à irmã enquanto elas estavam tomando um café na lanchonete do hospital.
 
— Prometi a Lara que iria levar ela na praia depois do almoço.
 
— Vai almoçar na casa da mamãe?
 
— Vou — maneou a cabeça afirmando. — Até parece que em pleno domingo, ela iria deixar eu levar a neta dela embora da casa dela antes do almoço. Só vou pra casa descansar um pouco. A noite foi puxada.
 
De sábado para domingo, Kara tinha pego um longo plantão noturno de última hora, só fez isso, pois teve que cobrir um colega. Estava há muitas horas dentro daquele hospital e no pouco tempo que teve de descanso, mal havia conseguido pregar os olhos.
 
— Ainda bem que essa semana eu tenho folga e não pego mais o turno da noite. Tudo o que mais quero é dormir na minha cama com a minha esposa.
 
Kara riu. — Isso se ela te deixar dormir.
 
— Não me sinto confortável com você falando essas coisas — fez uma careta. — Não fale mais isso perto de mim.
 
— Alex, eu não tenho mais dez anos.
 
— Não interessa. Prefiro achar que você tem e que não sabe sobre essas coisas.
 
— Eu não disse nada demais.
 
— Mas fez uma insinuação. Você é minha irmã mais nova, não tem que fazer esse tipo de insinuação.
 
Revirando os olhos, Kara riu da expressão de constrangimento da irmã. Alex realmente não gostava quando ela fazia certas insinuações como aquela sobre ela e Sam. Era exatamente por saber o quanto ela odiava, que fazia sempre que tinha a chance.
 
— Bom dia, meninas!
 
— Bom dia, Gayle! — responderam juntas quando a amiga e colega de trabalho se juntou a elas.
 
— Qual é a fofoca do dia? — Kara quis saber.
 
A loira atrevida chamada Gayle Marsh trabalhava na ala psiquiátrica. Se tinha algo acontecendo dentro daquele hospital, ela sempre estava por dentro do assunto. Por ser muito amigável e comunicava, acabava fazendo amizade rapidamente e era por fazer amizade rapidamente com todo mundo, que sempre estava muito bem informada.
 
— Até parece que sou esse tipo de pessoa — disse na defensiva com a voz um tom acima.
 
— Você é exatamente esse tipo de pessoa, Psi. E esse tipo de pessoas são chamadas de fofoqueiras, assim como você — Alex afirmou dando uma mordida em seu sanduíche.
 
— Eu acho que você escolheu a profissão errada. Você deveria era trabalhar numa coluna de fofocas. Aposto que ganharia muito dinheiro falando da vida de pessoas famosas. Porque não manda um currículo para o TMZ?
 
— Eu não tenho culpa se sou uma pessoa confiável, e as pessoas me contam as coisas com facilidade — respondeu à Kara. — E não sou fofoqueira, eu fico sabendo do assunto e repasso pra vocês. Eu jamais saí espalhando pra todo o hospital o que já fiquei sabendo. Só compartilho com você — apontou para a outra loira — porque é minha amiga. E o custo de ser sua amiga é aguentar a Alex. Sendo assim, consequentemente, a Alex também fica sabendo. Mas não sou fofoqueira.
 
— Nossa, grande diferença! Com essa explicação só confirmou o que sempre falamos o que você é.
 
— Cala a boca, Kara! — a deu um saquinho no braço a fazendo rir e logo ficou calada por alguns instantes alternando o olhar entre as irmãs. — Então... vocês estão sabendo dos rumores sobre a venda do hospital, não é?
 
— Depois diz que não é fofoqueira — Alex balançou a cabeça negando enquanto ria.
 
— Ficamos sabendo disso, sim. Desde de sexta não se fala em outra coisa.
 
— Parece que quem está interessado no hospital, vai estar aqui amanhã para avaliar se vai mesmo fechar negócio. Pelo que fiquei sabendo, ficará alguns dias por aqui para analise — pegou o copo de café de Kara e deu um gole. Fazia aquilo só por saber que a amiga detestava. Ela, Kara e Alex viviam nessas constantes provocações.
 
Kara e Gayle mantinham uma longa amizade. Elas se conheceram na faculdade em National City quando faziam algumas matérias juntas. Foi nesse mesmo período que conheceu Alex enquanto ela visitava a irmã, mas só se tornaram amigas quando Gayle se mudou para a Carolina do Norte.
 
Quando as amigas se tornaram internas, acabaram se afastando um pouco, pois Kara continuou na cidade californiana e Gayle acabou indo para Nova Iorque. Logo que voltou para Carolina do Norte e conseguiu o emprego no hospital de Seagate, indicou a amiga para Cat Grant — a pedido de Gayle. Como ela tinha um ótimo histórico tanto na faculdade, como interna e residente, a diretora do hospital a fez uma proposta e ela aceitou quase que imediatamente.
 
— Ei! — resmungou pegando seu café de volta. — Eu fico impressionada como você fica sabendo até de coisas que, muito provavelmente, nem era pra saber.
 
— Eu tenho as minhas fontes — falou de um jeito convencido.
 
— Fontes: Imra Ardeen. A Imra é sua informante e ainda te passa informação pela metade, porque o que a gente quer saber mesmo é o nome de quem vai comprar. Ou, possivelmente comprar.
 
— Não é fofoca pela metade, isso é uma valiosa informação. Se a pessoa vai vir aqui, vai conversar com a chefe, com os chefes de cada setor, vai ver a gente trabalhando e com certeza essa pessoa vai modificar o que não gostar se comprar esse hospital. Nós — fez um circulo imaginário com o indicador apontando para as três — sabendo dessa valiosa informação, podemos mostrar que somos ótimas profissionais na presença dessa misteriosa pessoa e assim, teremos grandes chances de mantermos nossos empregos.
 
Gayle não estava totalmente errada em sua colocação. Sabendo que alguém apareceria em determinado dia, poderiam ser mais cuidadosas do que já eram e isso as dava uma vantagem em relação aos outros médicos. Afinal, seus empregos corriam muito risco por causa dessa história e se pudessem fazer algo para mantê-lo, fariam.
 
— Ao menos uma fofoca sua valeu de algo.
 
— Deixa de ser chata, Alex! Minhas informações sempre valem de algo, nem que seja para nos divertir.
 
— Você tem um ponto — a neurocirurgiã acabou dando o braço torcer.
 
— Quando vamos marcar uma noite de diversão de novo? — Gayle indagou as amigas ao mesmo tempo que dava uma sugestão. — Já faz quase três meses que não saímos juntas.
 
— Verdade, faz um bom tempo que eu não sei o que é me divertir. Quando não sou Alex Danvers a mãe e a esposa, sou Alex Danvers a médica. Eu só queria ser a Alex Danvers.
 
— Por essas e outras que vou continuar mantendo meu papel de tia. Amo as filhas de vocês de todo o meu coração, mas me sinto muito melhor sabendo que posso amar uma criança e devolvê-la para a mãe no fim do dia.
 
— Às vezes até eu quero devolver minha filha no fim do dia para a mãe dela e então eu lembro que a mãe dela também sou eu.
 
O comentário de Alex fez Kara e, principalmente, Gayle gargalharem.
 
— Deixa a Sam ouvir você dizendo isso. Quem vai ser devolvida para a mãe no fim do dia vai ser você — a psiquiatra a provocou.
 
— Eu acho que minha mãe não vai aceitar essa devolução, não. Mais fácil ela ficar do lado da Sammy do que da Alex.
 
— Você deveria me amar, Kara — fitou a irmã um pouco incrédula por seu comentário.
 
— É por amar que estou te deixando ciente do que vai acontecer se esse comentário chegar até a sua amada esposa — se levantou da mesa. — O papo está bom, mas tenho mais duas horas de trabalho. Nos vemos na hora do almoço — falou para Alex. — E, Gayle, se souber de mais alguma coisa da compra do hospital, me diga.
 
— Ah, claro! Mas a fofoqueira do grupo é a Gayle — fez uma careta.
 
— Mas você é — afirmou antes de começar a se afastar.
 
Para a sorte de Kara, as duas horas restantes de seu plantão foram bastante pacatas. Atendeu apenas dois pacientes, uma criança de doze anos que quebrou o pé e teve que mandá-lo para a ortopedia e um rapaz de aproximadamente 25 anos que se afogou enquanto surfava. Em comparação com os casos que costumava a atender na emergência, esses dois foram bem tranquilos.
 
Às oito em ponto, já estava no estacionamento do hospital seguindo para seu carro.
 
No percurso de volta para casa, parou numa doceria para comprar uma torta de chocolate com morangos, a favorita de Lara, para a sobremesa do almoço. Queria agradar um pouco a sua garotinha por estar desde o dia anterior sem vê-la.
 
Já bem próxima de sua casa, enquanto estava parada no farol, pensou se valia a pena ir descansar um pouco. Por causa do horário, Lara já estaria acordada e chegando mais cedo na casa de sua mãe, mais tempo ficaria com a filha.
 
Sua decisão sobre isso não demorou a ser tomada, logo que o farol abriu, entrou a primeira esquerda indo na direção contrária a sua casa. Preferia ficar mais tempo com seu ‘anjinho’ do que chegar em casa e nem conseguir pregar os olhos por ficar pensando demais em Lara.
 
Desde que se tornou mãe, sua vida girava em torno da filha. Não havia limites para o era capaz de fazer ou enfrentar por causa da garotinha. Seu amor era tão grande e a ligação que tinha com ela era forte, que não conseguia evitar de abdicar algumas coisas de sua vida por causa dela. Tinha plena ciência de que podia deixar seus assuntos maternos um pouco de lado e ser apenas a Kara, algumas vezes fazia isso quando sentia necessidade, mas se sentia bem optando por passar mais tempo com Lara. Lara sempre seria a sua melhor escolha.
 
Pouco tempo depois de ter feito a sua escolha, parou em frente a casa de sua mãe. Pegando a torta, saiu do carro seguindo para a entrada. Por sua mãe estar sozinha com a neta, já imaginava que elas estavam na cozinha começando os preparativos para o almoço.
 
Sorrateiramente, entrou na casa fazendo o mínimo de barulho o possível. Jogando sua bolsa em cima do sofá, caminhou para onde a voz e os risos de Lara se misturavam com as palavras de sua mãe.
 
— O que vocês estão aprontando aí? — perguntou colocando a torta em cima da mesa prevendo o que veria em seguida.
 
— Mamãe! — um sorriso rasgou seu rosto.
 
Descendo com ajuda de Eliza do banquinho que costumava ficar em pé para conseguir alcançar a bancada da cozinha, saiu correndo em direção a mãe. Se agachado um pouco, Kara a pegou em seus braços a abraçando forte.
 
— Bom dia, anjinho!
 
— Bom dia, mamãe!
 
— Como passou a noite? — endireitou o corpo mantendo a filha nos braços.
 
Lara grudou sua testa na testa da mãe fazendo um biquinho. — Foi boa. Eu amo a vovó, mas gosto mais quando você me põe pra dormir.
 
— Hoje, eu vou te por pra dormir. Amanhã também. E depois de amanhã — enquanto falava, deixava pequenos beijos no rosto da garotinha que gargalhava.
 
— Lara, você não vai terminar de ajudar aqui? — Eliza perguntou assistindo a cena das duas.
 
— Vai lá ajudar a vovó, não quero atrapalhar o que vocês estavam fazendo.
 
— Me abraça mais um pouquinho? — passou os braços ao redor do pescoço da mãe deitando a cabeça sobre seu peito. — Senti muito sua falta. Tanta falta que até doeu.
 
— Sentiu?
 
— Senti — confirmou com uma voz manhosa. — Muitão.
 
— Eu também senti muito a sua falta.
 
A abraçando mais forte, Kara ficaria com Lara em seu colo o tanto que a garotinha quisesse. Assim como fez a primeira vez que a pegou nos braços, a balançava levemente andando de um lado para o outro no meio da cozinha.
 
A garotinha estava bem agarrada a mãe com os olhinhos fechados aproveitando o carinho que recebia.
 
Do mesmo jeito que Kara, a maioria das vezes, escolhia Lara. Lara, a maioria das vezes, escolhia a mãe.
 
— Onde está o Jimmy? — Kara quis saber depois de alguns minutos, mas quando Lara não respondeu, soube que ela havia dormido.
 
— Jimmy está no colchãozinho dele na sala. Quando Lara acordou, eles brincaram um pouco e depois ele foi fica lá — Eliza informou. — Ela não queria deixá-lo ficar lá sozinho, mas eu a convenci a deixar.
 
— Foi o melhor que você fez.
 
— Acho que desde a hora que ela acordou, ela estava esperando por isso.
 
— E eu também estava esperando por esse abraço. Vou colocá-la no quarto.
 
Assim que carregou Lara, Kara já imaginava que ela adormeceria em seu colo. Isso acontecia como se fosse uma recompensa pela noite anterior não tê-la colocado pra dormir.
 
Indo para o quarto que costumava ser seu e de Alex quando crianças, a colocou na cama jogando um lençol por cima. Deixando um beijo na testa para se retirar do quarto, Jimmy passou por ela se juntando a garotinha na cama.
 
Dando uma última olhada em Lara, acarinhou Jimmy e saiu do quarto.
 
De volta a cozinha, encontrou sua mãe  que estava  colocando a torta que havia comprado na geladeira.
 
— Achei que chegaria só na hora do almoço — disse indo até a filha deixando um beijo em seu rosto.
 
— Eu ia, mas desisti. Precisa de ajuda?
 
— Pode descascar esses tomates e depois cortá-los pra eu fazer o molho pra a lasanha.
 
— Como ela passou a noite? — foi até a pia lavar as mãos.
 
— Depois que ela falou com você, ela pegou no sono. Como você sabe, ela não dá trabalho nenhum. Mesmo sendo muito apegada a você, ela entende que você precisa ir trabalhar — encarou a filha.
 
— O que foi? Porque tá me olhando assim.
 
— Nunca vou cansar de dizer o quanto acho bonita a relação de vocês. Você a vem criando muito bem.
 
— Eu amo demais a minha filha — sorriu.
 
— E ela te ama igualmente. Lara me lembra demais você quando criança e acho que com o tempo ela só ficará mais parecida com você. Talvez se ela tivesse nascido de você, não seriam tão parecidas.
 
— Ela não nasceu de mim, mas nasceu pra mim.
 
— Tem razão.
 
Antes que pudessem continuar no assunto, Alex chegou com Sam e Ruby. Para a surpresa de um total de zero pessoas, a neurocirurgiã discutia com a filha sobre desenhos como se fossem duas crianças.
 
— Às vezes eu tenho a impressão que crio duas crianças,  mas até onde eu sei, eu só sou mãe de uma — Sam comentou ao se aproximar para cumprimentar a sogra e a cunhada.
 
— E você cria — Kara afirmou. — Quando você e Alex começaram a namorar, mamãe só teceu elogios pra ela justamente pra você não perceber que namoraria um pessoa assim — apontou para a irmã que mostrava língua para Ruby.
 
— Eu não falei nada porque eu imaginava que Kara seria assim quando tivesse um filho, não a Alex.
 
— Nossa, mãe! Também não precisava me humilhar assim.
 
— Pois é, dona Eliza, eu também achava que a Kara seria assim.
 
— Vocês me odeiam? — perguntou um pouco revoltada. — Não estou entendendo esse complô contra mim.
 
— Odiamos, Kara, mas fingimos que não — Alex finalmente se aproximou com Ruby ao seu lado.
 
— Mas uma gracinha sua e eu conto para sua esposa o que você disse hoje de manhã — ameaçou a irmã apontando, sem querer, a faca para ela.
 
— O que você disse hoje de manhã, Alex? — Sam a encarou com as sobrancelhas arqueadas e os braços cruzados.
 
— Nada, meu amor. Nadinha. A Kara é brincalhona assim mesmo — sorriu nervosa se aproximando de Kara. — Você me paga!
 
— Onde está a Lara, tia Kara?
 
— Ela está dormindo — respondeu à sobrinha.
 
— Ah! — disse um pouco triste. Adorava brincar com a prima. — Posso te ajudar com o almoço, vó?
 
— Claro, querida! Venha aqui.
 
Tanto Lara quanto Ruby adoravam ajudar a avó a cozinhar. Quando as primas estavam juntas, mais faziam bagunça do que ajudavam, mas a avó babona que Eliza era não se importava.
 
Por volta do meio dia, a comida estava pronta e foi servida. O almoço foi tranquilo recheado de conversas e risadas. Era sempre bom para todas estarem na companhia uma das outras.
 
Após as duas da tarde, Kara se despediu de todas. Não costumava a voltar pra casa cedo, mas como prometeu que levaria Lara a praia, optou por passar mais tempo com ela brincando na areia do que na casa de sua mãe.
 
Chegando em casa, tomou um rápido banho na tentativa de se desfazer um pouco do cansaço. Por não ter adiantado de muita coisa, achou prudente tomar mais um pouco de café antes de ir trocar a filha.
 
Chegando no quarto Lara, a encontrou sentada no meio da cama com as pernas cruzadas conversando com Jimmy. Enquanto a garotinha falava, ele a olhava como se tivesse entendendo cada palavrinha. Não queria atrapalhar, pois gostava de ver os dois daquela forma, mas tinham uma praia pra ir.
 
— Hoje você quer usar biquíni ou maiô? — perguntou abrindo as portas do armário.
 
— Maiô. O de sereia pra combinar com o desenho de sereia da minha boia.
 
— Eu acho que será uma linda combinação. E qual vai ser a cor do seu chapéu?
 
— Azul.
 
— E suas sandálias?
 
A garotinha pensou um pouco. — Azul também.
 
— Como sempre, ótimas escolhas — disse ao se aproximando com as roupas da filha em mãos.
 
Lara tinha essa coisa que querer combinar desenhos, ou cores, ou estampas. Kara a achava bastante metódica pra ser tão pequena e isso não foi algo que puxou dela ou de qualquer membro da família, ela simplesmente era assim.
 
Sem pressa, ajudou a filha se vestir. Quando estava terminando de colocar as sandálias nela, a campainha tocou e Jimmy latiu logo em seguida.
 
— Enquanto mamãe vai ver quem é, pega a sua bolsa que arrumamos ontem e me encontra lá baixo.
 
— Tá bom, mamãe — beijou o rosto de Kara antes dela sair.
 
Não estava com pressa para ir ver quem estava em sua porta, mas antes mesmo de pisar no primeiro degrau da escada que levava aos quartos, a campainha tocou outra vez.
 
Andando um pouco mais rápido, chegou na porta e abriu levando um susto. Ela estava vendo aquilo mesmo? Lena Luthor estava de pé em sua varanda?
 
Num primeiro momento, não conseguiu dizer nada, sua boca abria e fechava, e nenhuma palavra saía. Ainda encarando a mulher a sua frente, a viu tirar os óculos escuros que combinavam bem com seu rosto. Sem as lentes escuras, teve o vislumbre dos olhos verdes claros e intensos.
 
Assim que seus olhares se cruzaram, Kara sentiu um aperto no coração e não gostava nenhum pouco daquela sensação.
 
— Mamãe? — Lara a chamou.
 
Com a voz da filha vinda de trás dela, Kara viu morena pender o corpo para o lado esquerdo botando seus olhos sobre Lara e depois voltando a fitá-la com uma expressão de choque.
 
Parando de observar Lena por alguns instantes, Kara se virou se agachando para falar com garotinha.
 
— Anjinho, porque você não vai lá na garagem pegar sua boia de sereia? Daqui a pouco nós já vamos sair.
 
Lara não disse nada para a mãe, apenas sacudiu a cabeça em afirmação e saiu correndo pela casa com Jimmy logo atrás.
 
Respirando fundo, se levantou voltando a olhar para Lena Luthor que estava imóvel e parecendo perdida dentro dela mesma.
 
 Fechando a porta atrás de si, Kara pisou na varanda de madeira desgastadas ficando tão próxima de Lena que ela teve que dar um passo para trás para que não se trombassem.
 
— Em que posso te ajudar? — perguntou com uma voz séria cruzando os braços.
 
— Eu... Nós precisamos conversar — respondeu sem muita certeza de suas próprias palavras.
 
Kara riu um pouco desacreditada. — Eu realmente não sei se temos algo para conversar.
 
Com o que disse, Lena a encarou um pouco incerta e receosa.
 
— Nós temos, sim. Nós precisamos conversar.

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