Capítulo 17

3K 428 54
                                    

Kara

 

 

Depois de uma noite que nem havia conseguido pregar os olhos, assim que as cortinas já não impediam mais os raios de sol invadirem o quarto, Kara se arrastou para fora da cama para ir tomar uma ducha rápida.
 
Após o banho, vestiu um jeans surrado e uma blusa preta com estampa de banda de rock já desgastada, instintivamente, saiu de seu quarto atravessando o corredor e entrado na porta a frente. Sua ideia era ficar ao lado de Lara e a esperar acordar — não a levaria a escola e estava de folga depois do plantão noturno — mas acabou parando no meio do quarto da filha ao ver que Lena tinha tido a mesma ideia e tinha sido mais rápida em colocá-la em prática.
 
Lena estava do lado direito da cama deitada de frente para Lara que abraçava seu pandinha. A garotinha parecia estar em um sono tranquilo enquanto sua outra mãe contornava delicadamente seu rosto com a ponta dos dedos. Por alguns segundos, observou a cena que era bonita e tocante.
 
Mesmo com tantas inseguranças quando se tratava da filha, Lena não precisava dizer nada para afirmar o seu amor por Lara, todos os seus gestos e pela forma que a olhava deixava explícito o quanto a amava e o quanto vinha se esforçando para compensar o tempo perdido. Se esforçava tanto que às vezes queria até ultrapassar alguns muitos limites. Mas era compreensível seu comportamento e ninguém poderia julgá-la por isso.
 
Permanecendo parada no mesmo lugar como se não quisesse ser vista para não atrapalhar o momento, em um instante, seus olhos estavam vidrados naquela troca de carinho de uma mãe para com sua filha amada. No outro, as orbes azuis recaíram sobre Lena que usava uma camisola sua emprestada. O tecido roxo de seda contrastava fortemente na pele alva exposta. Roxo, pelo visto, era só mais uma das cores que combinavam com a morena.
 
Ainda prestando atenção demais em Lena, engoliu seco sentindo sua respiração pesar. Já tinha perdido as contas de quantas vezes aquilo tinha acontecido nos últimos dias.
 
Toda vez que se dava conta do quanto gostava da companhia de Lena ou de apenas olhá-la — como agora — ficava se perguntando onde foi o exato momento que se sentiu puxada em sua direção. Era como se a morena tivesse uma espécie de imã e cada minuto a mais ao seu lado, se via indo de encontro a ela. Podia até tentar ir para o lado contrário, só que no fim, já estava se deixando levar.
 
Se deixar levar era algo que vinha acontecendo muito quando o assunto era Lena Luthor. Já tinha passado pela sua cabeça beijá-la e achava de tremenda sorte quem já fez isso — ou quem continuava fazendo. Desde o abraço na noite de jogos, se via querendo mais e mais aquele contato. Ter seus dedos entrelaçados, mesmo que por poucos segundos, fazia uma tímida corrente elétrica percorrer seu corpo e dar um choque em seu coração a ponto de acelerá-lo. Beijava sua testa como um sinal do seu carinho que crescia desmedidamente por ela. Sem contar que havia a chamado de ‘meu amor’ na noite anterior. As duas pequenas palavras apenas escaparam da sua boca, não queria que elas estragassem a boa relação que tinham ou que as coisas começassem a ficar estranhas, mas não podia dizer que se arrependia por tê-la chamado assim.
 
O que tudo isso realmente significava, não sabia dizer. Ou talvez soubesse e só não quisesse admitir, pois se não falasse isso em voz alta, não seria real. Se não fosse real, não haveria chance de Lena se afastar por causa de sentimentos confusos que preenchiam seu peito quando estava na presença dela. Além disso, tinha a questão de não saber se ela tinha alguém.
 
Essas coisas em relação a mãe da sua filha não deveria estar ocupando tanto espaço na sua mente.
 
Buscando o ar nos pulmões, teve seus pensamentos atrapalhados quando a voz rouca e baixa de Lena sobrepôs o silêncio.
 
— Não consegui dormir bem, então vim pra cá ficar com ela. Imaginei muitas vezes cenas como essa. Também imaginei que jamais iria poder presenciar isso.
 
— Agora você não precisa mais imaginar, pode presenciar tudo.
 
— Porque ela tem essa pequena cicatriz acima da sobrancelha direita? — passou a ponta do indicador sobre os fios castanhos claros.
 
— Catapora. Ela teve quando ainda era bebê. Eu fiz de tudo para ela não coçar, mas ela pode ser um pouco insistente às vezes. Até parece a outra mãe dela — brincou fazendo Lena soltar uma risada anasalada.
 
— Ontem quando a coloquei na banheira na esperança que ela se acalmasse, vi que ela tem uma marca amarronzada na barriga.
 
— É de nascença.
 
— Eu tenho uma no mesmo lugar.
 
Se aproximou se sentado aos pés da cama para não falar alto e não acordar Lara. — Após essa revelação, não precisarei mais pedir exame de DNA.
 
— Achei que te mostrar o dossiê de toda a investigação de um detetive particular que me trouxe até aqui, tinha sido o suficiente pra mostrar que sou mãe dela.
 
— Sinceramente, você poderia ter inventado tudo aquilo. Agora, a marca de nascença igual, essa tem mais peso — falou de uma maneira engraçada fazendo Lena rir de novo.
 
— Mal vejo a hora de ser chamada de mãe.
 
— Isso é só uma questão de tempo e dela se acostumar a realidade de ter duas mães e não só uma como vinha sendo.
 
— Mesmo assim, fico feliz por ela ter um jeitinho único de me chamar. Meu coração parece que vai derreter toda vez que ouço ‘Lee’ sair da boca dela.
 
— Ela tem um jeito muito único de agir com você — comentou o que já vinha reparando. — Ela gosta da atenção que você dá a ela e quando você não estar por perto, ela fica perguntando quando vai te ver de novo. Ela não fica fazendo essas perguntas sobre as tias ou a avó, mas com você, ela quer estar sempre perto.
 
— Será que ela tem a mínima noção do tanto que a amo?
 
— Tem. Se ela não percebesse esse sentimento, não te aceitaria tão bem quanto vem aceitando. Às vezes, tenho a impressão que é mais simples pra uma criança aceitar o sente do que um adulto, mesmo que não saiba o significado ou a dimensão do que se passa dentro de si. O adulto é que tem mania de complicar o que deveria ser fácil — disse olhando em volta. — As crianças ou elas gostam ou não gostam, não escondem nada e tudo é simples assim.
 
Entrar no quarto de Lara, sentar em sua cama e não ver Jimmy abanando seu rabo de felicidade, fez seu coração se apertar. Era como se Jimmy estivesse em todos os lugares daquela casa e não estivesse ali. E, infelizmente, não estava mais.
 
O dia seguinte pós a perda é sempre o pior. É aquele dia em que sua ficha ainda não caiu e a esperança mantém aquela pequena centelha acesa no fundo de seu peito dizendo que tudo é apenas um sonho. Antes de dormir, quando seu dia repassa na sua mente, você sente a dor preencher seu interior ao se dar conta de que não é sonho, tudo é bem real. E assim seguem os dias até o momento que você aceita que não há mais volta, pois a vida só anda para frente e todo ciclo um dia se encerra.
 
Se para um adulto enfrentar a aceitação da perda pode ser dilacerante, árduo e demorado, não conseguia nem imaginar como seria para Lara que experimentaria a primeira vez a dor do luto.
 
Apoiando a cabeça na mão esquerda fitou Kara arqueado as sobrancelhas. — Ainda estamos falando da Lara ou existe alguma coisa sobre esconder sentimentos e complicações se passando com você?
 
— O que?! — riu nervosamente com aquela colocação. — Não tem nada disso acontecendo comigo, só me referi a ela mesmo. Ela não esconde que gosta muito de você.
 
— Você parece nervosa.
 
— É que... É que é estranho estar aqui sem ter o Jimmy, sabe? — foi ajeitar os óculos, mas estava sem eles.
 
— Tem certeza que é isso?
 
—  Certeza absoluta. Como você está aqui com a Lara, eu vou preparar o café da manhã.
 
Agitada por ter achado que falou demais, se levantou da cama começando a se afastar.
 
Chegando na cozinha, foi tirando várias coisas do armário e da geladeira para preparar um enorme café da manhã para Lara com tudo que ela gostava — Lara e Lena, na verdade.
 
Desde criança, foi ensinada por sua mãe que cozinhar para alguém era um enorme ato de demonstração de carinho e que uma boa comida podia acalentar o coração de alguém. Esperava que fazer um bom café da manhã trouxesse algum tipo de alívio para as duas depois dos últimos acontecimentos que as deixaram abaladas. Não que não estivesse abalada, mas poderia ser por um pouco de lado por enquanto.
 
Parando para pensar no que foi ensinada por Eliza, conforme sua aproximação com Lena foi aumentando e o afeto que tinha por ela foi crescendo, mais se importava em a agradar com algo que ela gostava de comer. Mais do que um abraço ou uma conversa, lembrar das comidas que ela gostava deveria ser a sua demonstração de o quanto estava se importando com ela — e estava se importando muito a ponto de se assustar.
 
Negando com a cabeça levemente, tentou se concentrar em bater a massa de panquecas para fazê-las em formatos de bichinhos coloridos. Fazia algum tempo que não fazia aquilo e tinha certeza que Lara iria gostar da surpresa.
 
Conforme ia se envolvendo mais na preparação das coisas, menos estava prestando atenção no que estava fora daquela cozinha. Cantarolando baixinho Sway With Me, se balançava de um lado para o outro sem notar que estava sendo observada há alguns minutos. Foi quando se virou para a entrada do cômodo que congelou com Lena encostada na parede tendo seus olhos verdes sobre si.
 
— Bem bonitinho você dançado. Eu deveria ter gravado, mas meu celular descarregou. Alex, Sam e Gayle teriam adorado ver o que vi.
 
— Não ousaria fazer isso, Luthor.
 
— Ousaria, sim, Danvers.
 
Podia alguém ser tão bonita às sete e pouco da manhã? Bom, Lena conseguia ser.
 
Desviando seu olhar da morena, se virou de costas. Tinha que parar de olhá-la tanto. — E-eu achei que iria ficar com a Lara até ela acordar. Hoje não vou levá-la pra escola, então, se você quiser, pode ficar o dia todo com ela.
 
“E comigo”, quis dizer também, mas mordeu a ponta da língua para que não falasse demais. Teria que começar a tomar cuidado com suas palavras para não fazer Lena se sentir pouco a vontade em sua presença.
 
— Eu vim saber como você está.
 
— Bem, dentro do possível. Eu já prévia que isso estava perto de acontecer. Acho que me sinto pior por causa da Lara.
 
De um jeito estabanado, começou a esquentar a frigideira para fazer as panquecas, mas parecia que suas mãos não a correspondiam. Se sentia tão agitada com a presença de Lena que estava difícil de pensar.
 
— Eu queria te pedir uma coisa — foi até a ilha se sentando em um dos bancos altos.
 
— Pode pedir.
 
— Eu sei que você não concorda muito com o fato de eu sempre querer encher a Lara de presentes e...
 
— Eu entendo você querer fazer isso, só acho que precisa haver um limite. Você não precisa dar tudo a ela de uma vez, agora você terá a vida inteira ao lado dela.
 
— Eu sei que, nesse ponto, você é mais racional do que eu estou sendo — começou as brincar com os próprios dedos. — Enfim, eu pensei em te pedir se posso dar um outro animalzinho pra Lara. Não imediatamente, talvez no aniversário dela. Ou podíamos levá-la a algum abrigo e deixá-la escolher algum bichinho que ela se identifique.
 
Tirando da frigideira uma panqueca verde em formato de T-Rex, a colocou no prato se virando para encarar Lena.
 
— Acha que isso vai ajudá-la?
 
— Talvez? — deu ombros. — Sei que isso não ocupa o espaço do Jimmy e a importância que ele teve na vida dela, mas, quem sabe, possa aliviar a falta dele? Eu só não quero vê-la como vi ontem. Foi horrível vê-la chorar de soluçar e dizer que todas as florzinhas do coração dela morreram. Sei que é passageiro essa dor mais intensa, só que a saudade não é. Pensei que se ela tiver um outro cãozinho ou gatinho, ela vai saber lidar melhor com essa situação. Acha que estou exagerando como sempre faço?
 
— Acho uma excelente ideia.
 
— Mesmo? — esboçou um sorriso.
 
— Mesmo. Podemos dar uns dias pra ela tentar entender a situação e depois você a leva pra escolher um animalzinho em algum abrigo. Aposto que ela vai ficar feliz.
 
— Eu a levo?
 
— É — afirmou com a cabeça. — Quando notarmos que ela está mais calma com o que aconteceu, você a leva.
 
— Não vou fazer isso sem você.
 
Coçou a sobrancelha dando três passos para frente e apoiando os cotovelos no balcão. — Lena, eu não preciso participar disso. Você já mostrou que dá conta da Lara. A ideia é sua, pode fazer isso sozinha com ela.
 
Essa era a primeira vez que estava incentivando Lena a ir em algum lugar sozinha com Lara. Não iria dizer em voz alta, mas estava dando o seu maior voto de confiança à ela. Isso não tinha a ver com a forma que vinha se sentindo em sua presença, tinha a ver por sua filha está genuinamente se apegando a sua mãe biológica e pela morena vir demonstrando o que Lara significava em sua vida.
 
—  Não quero fazer isso sozinha — se ajeitou na cadeira.
 
— Você não tem que ter medo, Lena. Eu já disse isso a você.
 
— Não é isso.
 
— É o que então? — franziu o cenho.
 
— É que... Por mais que você não tenha demonstrado muito, eu vejo que você também está triste pelo que houve. Você me disse muitas vezes que o Jimmy era para Lara o que ele um dia foi pra você. Quando tive essa ideia, não pensei só na Lara, pensei também em você.
 
— Em mim?
 
— Sim. Primeiro eu pensei em comprar dois cachorros, um pra cada uma, mas eu sabia que você barraria minha ideia, sei que você não é a maior fã de surpresas e que tem muitos cães abandonados por aí que merecem ter uma família.
 
— Você pensou em comprar dois cães?
 
 — Pensei. Queria fazer algo legal pra vocês.
 
— Você é inacreditável, Lena — riu achando cativante o quanto a morena parecia envergonhada por ter revelado sua ideia.
 
Revirou os olhos. — Depois de descartar essa ideia de comprar cachorros, pensei que isso de adotar um outro animal fosse algo em que nós três podíamos fazer juntas. Eu quero que estejamos juntas.
 
Saber que Lena tinha, também, pensado nela com essa história de adotar um animalzinho, fez seus lábios se curvarem em um sorriso contido, mas sincero. Sem contar que seu coração acelerou parecendo que rasgaria seu peito.
 
— Pensou mesmo em mim? — quis ter certeza que ouviu certo.
 
— Pensei. Você vai fazer isso com a gente? — a olhou nos olhos. — Não me faça ajoelhar aos seus pés implorando pra você ir.
 
— Usando minhas palavras contra mim?
 
— Se você negar em ir junto, eu vou mesmo fazer isso.
 
Riu um pouco alto com a brincadeira. — Vou poupar as suas súplicas, senhorita Luthor. É claro que vou com vocês.  
 
— Eu fico feliz em ouvir isso. O que está fazendo aí? — apontou com o queixo para o fogão.
 
— Panquecas. As que vou fazer agora são em formato de dinossauro. Depois tem as de coração. Quer me ajudar a fazer? Enquanto você faz as panquecas, eu arrumo as outras coisas. Daqui a pouco, Lara vai acordar e quero que tudo que ela gosta esteja pronto.
 
— Eu não sou a pessoa que mais saber lidar com a cozinha.
 
— Tudo bem, eu te ensino. Vem — esticou a mão.
 
Estava nítido que Lena estava pensativa se deveria se arriscar a fazer as panquecas. A olhando com expectativa, esperou ansiosamente para que ela pegasse em sua mão e se aproximasse.
 
— E se eu queimar as panquecas?
 
— Eu vou te ensinar direitinho — piscou.
 
Depois do que pareceu uma eternidade, Lena segurou sua mão dando a volta no balcão e se aproximando.
 
— O que devo fazer?
 
Pacientemente, explicou a Lena como deveria fazer para que as panquecas saíssem bonitinhas. Primeiro colocava na frigideira a forminha do desenho que desejava, depois pegava um pouco da massa com a concha e desejava na forminha. Após dois minutos, era só retirar a forminha e usar a espátula para virar a panqueca para que cozinhasse do outro lado. Por mais que parecesse fácil, tinha que ter cuidado ao virar.
 
Lena errou nas primeiras três panquecas. A primeira, se desmanchou por não esperar os dois minutos. A segunda e a terceira, queimaram por deixar passar do tempo.
 
Enquanto ria vendo Lena nervosa por seus erros, foi cortando as frutas que Lara comia todas as manhãs, fez as torradas com geleias  do jeito que ela gostava e levou para mesa uma jarra de suco de laranja. Além disso, fez alguns muffins — esses era por saber que Lena gostava — e preparou duas xícaras de café expresso.
 
Terminando de colocar as coisas na mesa, viu Lena se aproximar com dois pratos nas mãos. Se acostumaria fácil com aquela visão todas as manhãs.
 
— O que acha das minhas panquecas? Fui uma boa aluna?
 
As perguntas de Lena demoraram a serem processadas por seu cérebro e quando foram processadas, não teve tempo de responder, pois uma voz infantil a impediu.
 
— Mamãe? Lee? — Lara entrou na cozinha coçando os olhos.
 
— Bom dia, anjinho!
 
— Oi, pequeno raio de sol!
 
Disseram no mesmo instante se aproximando de Lara e se abaixando a sua frente.
 
— Como se sente?
 
— Meu coração ainda dói — respondeu à mãe. — Mas doeu um pouquinho menos vendo você duas.
 
— Você dormiu bem, meu amor? — Lena perguntou.
 
— Dormi. Sonhei com o Jimmy, ele disse que tava com saudade e que meus brinquedos se mexem quando não tô perto. Ele disse que nunca vai me esquecer.
 
— Ele jamais vai te esquecer, anjinho, assim como jamais esqueceremos dele.
 
Não foi preciso olhar para Lena para saber que ela estava com os olhos marejados por causa das palavras de Lara. Seu silêncio já deixava claro que não conseguiria dizer muita coisa.
 
— Quem eu abraço primeiro pra dar bom dia? Gostei de ver vocês juntinhas, mas tô confusa.
 
— Abraça quem você quiser abraçar primeiro — Kara respondeu.
 
Alternando o olhar tentando achar a resposta para sua grande dúvida sobre o que fazer, colocou a mãozinha direita em baixo do queixo. Segundos depois, como solução, se jogou no braço das duas de uma vez.
 
— Vocês vão passar o dia comigo? — sua voz era manhosa.
 
— Vamos, sim, pequeno raio de sol.
 
— Acho que tô um pouquinho menos triste agora.
 
O dia inteiro, as três ficaram juntas. Depois do café, foram direto para sala onde passaram grande parte do dia vendo filmes e comendo pipoca. Por muitas vezes durante o dia, Lara tocou no nome de Jimmy e a noite acabou chorando um pouquinho pela falta dele.
 
Arrumando a sala que tinha ficado um pouco bagunçada, Kara esperava Lena voltar. Tinha pedido a ela para colocar Lara dormir com a desculpa de arrumar a sala, mas, na verdade, só queria dar mais um tempo para ela e a garotinha.
 
Assim que terminou de arrumar a última almofada do sofá e se sentou nele, viu na ponta da escada Lena aparecer. A morena parecia estar pensativa e isso a deixou preocupada.
 
— Está tudo bem? — questionou assim que ela sentou ao seu lado.
 
— Pensei sobre isso o dia inteiro e... Quero te falar como a Lara foi tirada de mim.
 
— Lena, se não estiver pronta pra fazer isso, não faça. Não quero te ver chorar por causa do passado.
 
— Antes de vim para Wrigthsville, meu irmão me disse que estava na hora de eu deixar as dores do passado para trás. Acho que tenho que contar isso pra você pra encerrar esse capítulo doloroso da minha vida.
 
— Se é o que quer, estou aqui pra te ouvir e te consolar se precisar — pegou sua mão levando até os lábios e beijando o dorso. — Eu estou aqui com você.
 
— Foi meu pai que tirou a Lara de mim — revelou em um suspiro.

Come A Little CloserOnde histórias criam vida. Descubra agora