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|| Laila Monteiro ||

📍 Rio de Janeiro, Nova Holanda, Domingo, 19:00.

Uma semana que a gerência da NH mudou, esse final de semana ninguém teve paz, foi conflito atrás de conflito, e quando eu pensei que tinha acabado, a movimentação estranha volta.

Respiro fundo trancando a casa por dentro, ninguém sabe quando os tiros vão começar então é bom estar preparada.

Escuto baterem na minha porta e estranho, pessoal tá todo nas suas casas, olho pela fresta vendo o Trovão esperando.

Abro rápido e puxo ele pra dentro, que me olha confuso.

Laila: tá fazendo o que na rua velho? Não viu que teve tiro ? E outra, tu não mora no vidigal? - pergunto sem parar pra ele que dá um leve riso.

Trovão: calma aí pretinha - olha pra ele e respiro fundo - primeiro, sou bandido lembra?! - bato na minha testa me lembrando desse detalhe e percebo o olhar dele preocupado - vim aqui porque pô, preciso de um conselho - ele coça a nuca sem graça.

Laila: vem cá, senta - puxo ele até a sala e o mesmo senta no sofá - o que aconteceu? - pergunto confusa e preocupada com o jeito nervoso dele.

Trovão: esses dias de guerra, foi a bope contra o CV, tá ligada né?! - concordo com a cabeça pra ele que desvia o olhar - o delegado Freitas tá atrás do coringa e da Gabi, e pra afetar ela, sequestraram meus netos pô - olho assustada pra ele que confirma - e já tá tudo preparado pra gente resgatar eles essa noite - deixo o ar que eu tava prendendo sair e ele me olha - mas porra, tô com uma sensação ruim do caralho aqui - ele passa a mão no peito.

Laila: eu não sei o que te dizer - suspiro e coloco minha mão por cima da dele, tentando passar algum conforto - sei que tua família é a coisa mais valiosa que tu tem, dá pra ver no teu olhar quando cê fala deles - ele suspira pesado concordando - mas respira fundo e confia que tudo vai dar certo pô.

Trovão: eu confio, e eu acredito que vamos trazer eles de volta, mas essa angústia não passa - ele coloca as mãos apoiando a cabeça dele - é como se algo pior fosse acabar rolando.

Laila: deve ser preocupação Trovão, nada mais que isso - ele suspira negando - tenta afastar esses pensamentos de ti, se não, tu não vai se concentrar no que é preciso.

Ele me encara, e noto seus olhos marejados, puxo ele pra um abraço e ele deixa umas lágrimas caírem.

Uns 10 minutos depois ele se afasta, limpando seu rosto, e me olha envergonhado.

Trovão: pô preta, foi mal todo esse desabafo, é só que contigo sinto que posso me desarmar tá ligado?! - eu confirmo entendendo o que ele quer dizer.

Olho para seu rosto levemente avermelhado, os olhos azuis fitando o chão, sua boca desenhadinha entreaberta.

Esse homem tem uma beleza surreal, o velho é inteirasso, mas por mais atraente que eu ache ele, ele nunca me olharia nessa intenção, sou mais nova que a filha dele.

Faço um leve carinho nos seus cabelos, e ele fecha os olhos dando um suspiro cansado, não deve ser fácil lidar com toda essa responsabilidade.

Laila: pode contar comigo sempre gato idoso - ele ri do apelido, e eu dou um leve sorriso por ter feito ele sorrir ao menos - ei, olha aqui pra mim - ele me encara e eu faço carinho no seu rosto - tu é foda cara, comanda uma facção tem anos, e pelo pouco que eu entendo, é uma das que melhor lucra e administra os morros que tem - ele concorda com a cabeça - vidigal é super bem falado no rio inteiro, e eu aposto que não é só pelo mirante, tua gestão lá é incrível - ele deixa um leve sorriso escapar - infelizmente, na vida que tu leva, corre o risco dessas coisas acontecerem - suspiro focando meu olhar no dele - não se culpa, tu é um pai e um avô do caralho, agora não é hora de desespero não, tu vai ir lá, e enfrentar essa porra com tua filha, vai trazer eles em segurança, e ver que essa sensação não passa de um medo momentâneo - ele sorri concordando.

Trovão: tu é foda novinha - dou risada do jeito dele falar - valeu mermo, sabe, por me escutar e me fazer ver a situação de forma mais clara - sorrio pra ele que encara meus lábios.

Ficamos nos encarando por alguns momentos, uma das suas mãos toca minha cintura e eu faço carinho no seu rosto.

Sinto um arrepio percorrer meu corpo quando seu polegar toca meu lábio inferior, contornando o mesmo com calma.

Minha boca seca, sinto meu estômago revirar e somos interrompidos pelo celular dele apitando.

Ele se afasta, respondendo a mensagem e me olha dizendo que precisava ir, acompanho ele até a porta e antes que ele consiga se despedir sou puxada pela cintura pra perto dele.

Solto o ar surpresa e ele entrelaça as mãos nos meus cabelos, segurando firme minha cintura e olhando nos meus olhos.

Trovão: pode ser a última vez que eu te vejo preta, e tu tem feito um benzão pra esse velho, nos momentos mais complicados - seu olhar desce pra minha boca - e sinceramente, eu prefiro me arrepender do que foi feito - ele não me permite responder me puxando pra mais perto e roçando nossos lábios.

Fecho os olhos em reflexo e ele cola nossas bocas, sua língua pede permissão pra invadir minha boca e eu cedo, o gosto de creme dental misturado com maconha invade minha boca, me deixando desnorteada por alguns segundos.

O ritmo do beijo é lento, a boca dele explora cada centímetro da minha com calma, passo as mãos pelo pescoço dele e faço carinho na sua nuca, ele morde meu lábio inferior e sorri entre o beijo, meu corpo se arrepia com uma eletricidade absurda.

Ele encerra o beijo com alguns selinhos e me encara por alguns segundos com um sorriso de canto.

Laila: no momento eu não consigo nem pensar no que acabou de rolar - ele suspira dando uma leve risada e concorda - boa sorte hoje velhote, volta inteiro tá?! Ou não teremos chance nem de conversar sobre isso - aponto pra nós dois e ele sorri me dando um selinho.

Trovão: valeu mermo preta, nois se esbarra - ele sai daqui apressado e eu fecho a porta me escorando na mesma.

Coloco meu indicador nos meus lábios e um pequeno sorriso surge no meu rosto, o toque dele ainda tá presente na minha pele, o gostinho da sua boca, seu perfume.

Porra, eu tô correndo de relacionamento, mal tenho tempo pra viver, imagina me envolver com uma pessoa tão cheia de responsabilidade, espanto esses pensamentos e vou dar jeito de resolver algumas coisas da faculdade.

Me sento na minha escrivaninha abrindo o PDF sobre cirurgia cardiovascular, tento prestar atenção pra revisar algo e montar meu relatório mas minha mente se encontra em outro lugar.

Pra ser específica, no homem grisalho, de olhos azuis, alto e muito gostoso que não sai dos meus pensamentos.

Suspiro e vou tomar um banho, faço uma janta rápida e coloco numa série qualquer, fico conversando com meus amigos jogada no sofá e quando percebo que já passou das 22h vou para o quarto.

Vou dormir preocupada com o que deve tá rolando na tal emboscada, eu espero que tudo dê certo, o Trovão pode ser qualquer coisa, mas uma coisa não dá pra negar, ele protege, e ama muito a família dele.

Vou dormir preocupada com o que deve tá rolando na tal emboscada, eu espero que tudo dê certo, o Trovão pode ser qualquer coisa, mas uma coisa não dá pra negar, ele protege, e ama muito a família dele

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Boa noite vidas 🤍

Perdido no Paraíso Onde histórias criam vida. Descubra agora