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|| Laila Monteiro ||

📍Rio de Janeiro, Nova Holanda, Segunda-feira, 10:30.

Passamos a tarde na praia ontem com a família do Di, ele posou aqui comigo e hoje cedo foi pro vidigal de volta já.

Não gosto da ideia de ficar sozinha essa semana, mas sei também que é um mal necessário, querendo ou não, essa é a vida dele, e eu preciso aprender a lidar.

Solto um suspiro vendo a correria do pronto atendimento do postinho de hoje, pelo que entendi rolou um tiroteio lá no alto da maré, e aí já viu né?! Soldado baleado abessa vem parar aqui.

Dou graças a Deus quando os policiais  não atingem morador, porque eles tem uma mania insuportável de vim querer invadir em horário que trabalhador tá na rua.

Vejo o onça entrar segurando o braço que tá sangrando, e me apresso em ir atender ele que faz uma careta de dor quando toco de leve o mesmo.

Onça: eai cunhada, tem como dar aquela moral? - ele sorri de lado mas em seguida outra careta de dor.

Normalmente eu não teria permissão de fazer esses procedimentos, mas como aqui no posto falta médicos, eu tenho privilégios de fazer mais do que conseguiria em um hospital por exemplo, em um estágio, muitas vezes eu que acabo corrigindo algumas burradas dos meus colegas, mais experientes até.

Laila: Senta aqui menino, onde já se viu descer todo esse complexo com um ferimento aberto - ele me olha e dá um sorriso fraco - não dorme não Juliano, você tá com a bala alojada aí, preciso tirar pra evitar uma infecção ou até coisa pior - ele suspira concordando e senta na maca que tem perto de nós escorando as costas na parede fria.

Onça: vim pra cá porque confio em tu pô, é mulher do Trovão, e tu sabe que minha cria te considera pra caralho também - ele diz se referindo a gabi e eu sorrio pelo carinho que ele trata ela - quero que tu dê um jeito de me entregar esse projétil pô, tem como? - ele pergunta agora sério, incorporando o dono do complexo que é.

Olho pra ele estranhando mas não discuto e só concordo discretamente com a cabeça pra que os outros ao nosso redor não escutem, limpo o ferimento e encaminho ele pra uma sala reservada pra extrair a bala.

Laila: então, não que seja da minha conta, mas como você confia em mim, não vejo problema né, até porque o Diego vai me contar depois - concluo meu raciocínio enquanto preparo o braço dele pra pequena incisão que precisa ser feita e ele deixa uma leve risada escapar - você já não conhece munição? - pergunto curiosa mas irônica ao mesmo tempo e o mesmo não aguenta e deixa uma gargalhada escapar seguida de um gemido de dor por eu ter acabado de injetar a anestesia no mesmo.

Onça: se liga ein mandada, x9 não tem vez - ele aponta o dedo pra mim me fazendo revirar os olhos e rir concordando - tem uma marca em toda bala do CV, discreta ao ponto de não ser notada por quem não sabe disso - olho surpresa pra ele que sorri e eu retribuo - teu homem é todo paranoico, e as vezes eu agradeço por isso - gargalhamos juntos mas de repente seu sorriso morre e ele deixa um suspiro pesado escapar - tô achando que essa porra veio de dentro, tão querendo me matar de dentro do meu próprio comando porra - engulo em seco quando ele solta essa bomba e peço pro mesmo deitar na maca pra que eu comece o procedimento.

Sigo conversando com ele, pela minha curiosidade imensa e também pra distrair o mesmo do fato de ter um bisturi nesse momento abrindo espaço pra que eu consiga ter acesso com a pinça e retirar o projétil.

Laila: Diego sabe disso? - pergunto preocupada e ele nega dizendo que ainda não, porque precisa ter certeza - eu acho que então você deveria tomar cuidado, eu sei que não é do seu feitio, mas a gabi vai sofrer muito se te perder seu velho cabeça dura - ele gargalha pela bronca e concorda.

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