|| Laila Monteiro ||
📍 Rio de Janeiro, Nova Holanda, Sexta-feira, 18:00.
Subo a ladeira em direção a minha casa na maior preguiça do mundo, essa semana foi muito puxada, comecei meu estágio, então além das aulas e da loja, tô estagiando aqui no postinho do morro.
Desde domingo to preocupada com o idoso lá, mas como não tive tempo nem de coçar a xereca, não pude nem procurar saber como tá as coisas.
Passo na frente da casa dos meus pais, e antes que eu entre na minha eles me chama pra tomar uma cerveja lá na frente.
Tomo um banho rápido e ato o cabelo em um coque desarrumado mesmo, coloco uma roupa levinha e vou aproveitar meus velhos.
Sento na cadeira de abrir do lado da minha mãe, dando um beijo na sua bochecha e faço graça com meu pai que me manda um beijo de longe, sentado na nossa frente.
Ela me entrega uma cerveja e me pergunta como foi o dia de hoje, conto animada do que tô aprendendo no estágio.
— Maurício: fiquei sabendo hoje de manhã lá na padaria que a filha do chefão levou um tiro que quase matou ela - me afogo a cerveja e minha mãe me dá uns tapinhas nas costas - conhece ela lalinha?
— Laila: sim pai, lembra do baile que eu fui com os meninos no Alemão? Conheci ela lá, mulherão da porra - ele concorda - perai gente, agora me preocupei, vou tentar descobrir como a gabi tá.
Saio correndo toda desengonçada morro acima e chego na boca atraindo olhares, ignoro as piadinhas e peço pra falar com o Onça.
O mesmo me libera e eu entro na sala dele, que tá sentado com a cara de ruim de sempre contando dinheiro.
— Onça: solta o verbo Laila, colfoi de tu colar aqui ? - pergunta enquanto anota algo num caderno e mantém seu olhar longe de mim.
— Laila: boa noite né Onça - ele me olha entediado e eu reviro os olhos - pode me conseguir o número da Gabi? Ou do velhote? Me contaram que ela foi ferida, e fiquei preocupada.
— Onça: vou fingir que é por isso e não porque tu quer papo com meu chefe - sinto meu rosto esquentar e ele dá uma gargalhada confirmando a teoria dele.
— Laila: vai passar ou não ? - ele confirma com a cabeça rindo e eu cruzo os braços emburrada.
— Onça: não vai magoar meu tio não viu ?! - olho irônica pra ele que ri e me estende um papel com um número anotado.
Agradeço e saio dali dando dedo pra aquele bando de tarado.
Vou caminhando de volts pra casa dos meus pais que me olham tentando entender, e faço sinal com a mão pra eles esperarem.
Disco o número no meu celular e espero ele aceitar a chamada, enquanto como umas batatinhas que minha mãe fritou.
Ligação on:
— Trovão: coé ? - pergunta com a marra de sempre e eu dou risada imaginando a cara dele.
— Laila: boa noite - digo com a voz leve e posso escutar e ele deixar uma risada tranquila escapar.
— Trovão: eai novinha, sentiu minha falta foi? - faz graça e eu dou risada debochando dele.
— Laila: fiquei sabendo que a gabi levou um tiro, ela tá bem? - pergunto nervosa, e ele suspira parecendo cansado.
— Trovão: agora ela tá sim pretinha, o caô todo rolou na operação e na segunda, vou te contar, peito dói só de lembrar pô - respiro fundo imaginado a angústia que ele deve ter sentido.
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Perdido no Paraíso
Romance📍 Rio de Janeiro, Nova Holanda. Laila, com seus vinte e quatro anos, é uma menina mulher que batalha diariamente pela sua independência. Nossa menina sempre foi calma e tranquila, recebeu muito amor desde criança, e batalhou muito pra conquistar se...