|| Diego Alcântara ||
📍Rio de Janeiro, Vidigal, Sábado, 18:30.
Há 10 dias eu quase enlouqueci minha cria mais velha quando decidi que iria planejar todo meu casamento surpresa da minha mulher, isso mesmo.
Sempre soube que ela nunca me cobrou algo, nem mesmo quando a gente descobriu sua gravidez, mas também sei que ela merece receber meu sim em um altar, ser levada pelo herói dela até mim, então sim, eu planejei todo nosso casamento em dez dias.
Ok, é hipocrisia falar que eu que planejei, quando na verdade quem revirou o mundo e aproveitou dos benefícios que o nome traz pra fazer isso acontecer foi minha gabizinha, mas coé, tô velhão já, e eu mereço com toda certeza o mérito de ter tido a intenção de surpreender meu cristalzinho.
Todos que foram convidados já estão sabendo que precisam manter o silêncio até o último minuto pra ela não desconfiar de nada, quem ficou de cão de guarda com ela pra que não corra esse risco, foram os mosquitos dela e o juliano, que adotou minha preta igual irmão mesmo, eu mermo nem reclamo. Tudo pelo bem dela.
Olho ao redor o quintal imenso da casa da minha filha, todo bem decorado e arrumado do jeito que pensei que a pretinha gostaria, delicado, simples, mas sofisticado. Assim como ela. E sinto de imediato meus olhos marejarem me fazendo sorrir, nunca imaginei que viveria um bagulho assim, com cinquenta anos na cara.
Pensei que nessa altura da vida já teria desistido de tentar encontrar alguém pra fechar do meu lado, ter mais uns herdeiros e me fazer ver a vida de outra forma. Mas aí aquela miniatura em forma de mulher surgiu como minha salvação, juntando tudo de quebrado que eu nem sabia que tinha e moldando junto a si, a nós.
Por tantos anos eu sonhei em viver um bagulho que me trouxesse paz, sossego, sensação de paz, sonhei em ter uma família pra chamar de minha, uma mulher pra mimar, zoar e amar comigo, mas sempre dei de cara na parede. Cai em muita furada tentando fazer meu coração aceitar alguma mina antes da minha preta aparecer, mas foi quando meu olho bateu nela que eu entendi.
Não dei certo com ninguém antes, porque mesmo sem saber eu já era todinho dela. Pra ela usar, abusar, e me tratar como um adolescente, mesmo que eu tenha o dobro da idade dela, e que na maioria das vezes me sinta um idiota apaixonado.
Eu não esperava encontrar o amor da minha vida tão velho, mas me vi perdido no paraíso daqueles olhos, daquelas curvas e daquele corpo.
Ela chegou de mansinho, e levou tudo com ela, me deixando apenas com a certeza de que hoje em dia, eu não sei mais viver uma vida sem Laila Monteiro nela.
Suspiro tentando não me deixar levar pela emoção, e sou tirado dos meus devaneios com uma mão delicada no meu ombro, me fazendo sorrir de leve mesmo sem ver a maluquinha na minha frente já sabendo de quem se trata.
— Mel: tá todo bobão aí vô, daqui a pouco enfarta, e vou te dizer, de velho nessa casa tem aos montes, então não inventa que se não, vão tudo junto só por ciúmes - dou risada do jeito descontraído da minha menina que aparece na minha frente com seu sorriso imenso, olhos brilhantes e cabelo cacheado.
— Diego: tu não tá morando lá na CDD melzinha? - ela me olha confusa mas concorda - e como que com essa distância tá pegando a maluquice da tua mãe pra ti? - a gargalhada que ela explode me faz rir também, recebendo um tapa na nuca em seguida da outra louca.
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Perdido no Paraíso
Romance📍 Rio de Janeiro, Nova Holanda. Laila, com seus vinte e quatro anos, é uma menina mulher que batalha diariamente pela sua independência. Nossa menina sempre foi calma e tranquila, recebeu muito amor desde criança, e batalhou muito pra conquistar se...