|| Laila Monteiro ||
6 meses depois
📍Rio de Janeiro, Copacabana, Segunda-feira, 10:00.
Pego minhas coisas saindo do hospital depois do meu primeiro plantão de 12 horas dos últimos tempos, e coloco minha mochila e bolsa térmica no carro, enquanto avisto a vista maravilhosa que esse hospital tem.
Fui transferida após concluir minha residência pra cá, e eu amo a vibe que o mar me transmite. Pego meu telefone conferindo as milhares de mensagens do meu ursinho com nosso bebezão e sorrio vendo os dois num grude só.
Samuel tá com nove meses, e foi bem doloroso há três meses atrás quando me forcei a retomar a minha vida da onde tinha parado pra conseguir me dedicar ao meu filho quando foi preciso.
Mas eu entendi que eu precisava seguir meu propósito, meus objetivos, e o apoio que o Diego me deu, foi essencial pra que eu conseguisse me reconstruir, inclusive, ficando com nosso filho pra que eu pudesse trabalhar sem peso algum na consciência.
Passei por um ano de terapia depois que tudo aconteceu, porque mesmo já tendo presenciado coisas bem agitadas participando da vida do Diego, estar em perigo foi algo que me deixou cicatrizes profundas.
Caminho devagar até a cafeteria que tem em diagonal ao prédio indo comprar um frapuccino pra conseguir dirigir tranquilamente até em casa e começo a lembrar de tudo que passamos desde o meu resgate.
Amadureci muito nesse tempo, e infelizmente além de ter sido pelo amor, também foi pela dor. Precisei reunir tudo dentro de mim pra não me deixar cair em crises depressivas e ansiosas com as lembranças que rondavam meus pensamentos.
Diversas vezes tentei questionar a decisão precipitada do meu velhote de se aposentar, imaginando que foi algo que ele decidiu de cabeça quente, mas ver sua dedicação a nós dois durante toda minha gestação me fez ter a certeza de que escolhi o homem certo pra dividir a minha vida comigo.
Arrumo a faixa do meu cabelo enquanto observo ao meu redor, e deixo um suspiro cansado me escapar, nossa rotina se tornou, quando eu tô em casa ele vai pra boca ajudar o Juliano, que ultimamente tá mais atolado que nunca de trabalho.
Infelizmente eles perderam o bebê deles antes mesmo de completar o primeiro trimestre, e eu vi o homem divertido e descontraído que conheci, morrer aos poucos e se tornar apenas uma casca do que um dia já foi.
Minha amiga por outro lado, acabou se mudando pro exterior, com a desculpa de precisar se curar, mas a verdade é que foi uma facada no coração de todos ver o Juliano do jeito que ele ficou.
Depois disso tudo, e de todo o apoio que damos, inclusive deixando ele batizar o samuca, a peste resolveu me adotar como irmã mais nova, então além dos três mosquitinhos que não saem mais lá de casa, tenho mais um marmanjo pra cuidar.
Dou uma risada silenciosa com meu pensamento e me escoro na bancada vendo o atendente preparar meu café. Não posso reclamar, eu amo aquele brutamontes como um irmão, e enfim tô conseguindo ver uma fagulha naqueles olhos apagados.
Meu celular toca e eu olho pra tela sorrindo quando vejo o nome da minha maluca brilhar a toda. Outro fato que eu não esperava, a aproximação que eu tive com a Gabi, não que fôssemos distantes antes, mas a maternidade quase ao mesmo tempo nos uniu muito.
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Perdido no Paraíso
Romance📍 Rio de Janeiro, Nova Holanda. Laila, com seus vinte e quatro anos, é uma menina mulher que batalha diariamente pela sua independência. Nossa menina sempre foi calma e tranquila, recebeu muito amor desde criança, e batalhou muito pra conquistar se...