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|| Laila Monteiro ||

📍Rio de Janeiro, Nova Holanda, Terça-feira, 16:00.

Faço careta enfrentando o sol de quarenta graus que tá fervendo meus neurônios, e passo por uma viela mais afastada, sentindo uma sensação ruim ali, mas deixo pra lá quando enxergo Caio do outro lado.

Dou um grito escandaloso pro mesmo, que me olha assustado e começa a rir logo em seguida. Obrigo o coitado a me carregar até em casa e enquanto isso ele me conta várias paradas sobre o pessoal do complexo que eu nem tava sabendo.

Me contou também que passou a virada do ano junto com a Kiara e a namorada nova e me fez rir igual maluca quando me falou que é mais uma que não vai durar. Depois de uns vinte minutos ele me deixou em casa e correu de volta pra boca antes que levasse uma bela bronca do Onça.

Entro em casa toda espiada, suspirando fundo e tentando colocar na minha cabeça que essa sensação de ser observada é só paranoia. Vou direto tomar um banho pra tirar o cansaço do estágio e também da loja.

Ontem o Diego me irritou de uma forma absurda, primeiro me disse que iria vir posar comigo, aí tomei um banho, fiquei toda cheirosa esperando ele com um hambúrguer que tinha pedido pra nós, e quando deu dez e pouco ele me enviou uma mensagem seca só avisando que "tinha rolado um caô pra ele resolver". A sorte daquele velho safado é que eu não consigo ficar brava com ele.

Semana que vem já apresento meu TCC, e no começo de fevereiro será minha formatura, meu estômago revira só de pensar já que o nervosismo e a ansiedade tem me visitado com frequência.

Visto uma calça jeans larga de lavagem clara, um tênis e um cropped preto, passando hidratante, desodorante e perfume, e só um corretivo é blush pra tirar a cara de cansada. E corro pra cozinha pra fazer um lanche rápido, já que minha aula começa às cinco e meia.

Vejo meu celular apitando com mensagem, e olho na barra de notificação o Diego me avisar que vai passar aqui pra me levar até a aula, já que precisa me contar alguma coisa que ele fez todo um suspense.

Como só um queijo quente, com um suco de laranja e corro pro quarto de volta pra organizar minha mochila e ter certeza que não tô esquecendo de nada. Pego meu carregador também, porque meu celular pra variar tá com menos de 30% e escuto a buzina que eu já conheço lá no portão, me apressando pra sair.

Tranco a casa, aproveitando pra conferir se tá tudo fechado, e saio pra fora encontrando o homem mais gato desse mundo, todo posturadinho, encostado no carro, com os braços cruzados na altura do peito e o maxilar trincadinho que me deixa fraca.

Ele deixa um sorriso de lado escapar quando me encara e conforme vou me aproximando ele abre os braços pra me encaixar ali. Dou um beijo lento no canto da boca dele e ele me puxa pra um beijo intenso e calmo de verdade.

Quando nos separamos com selinhos porque a falta de ar se faz presente, ele dá a volta no carro, entrando no banco do motorista e eu entro do lado do passageiro, estranhando esse silêncio todo, mas tentando respeitar seu espaço.

Antes que eu abra a boca pra falar alguma coisa, ele segura minha mão firme, como se procurasse conforto e segurança e dá a partida saindo do morro.

Diego: posei lá na gabi ontem amor, por isso não deu pra vim te ver - ele diz deixando um suspiro escapar e eu concordo com a cabeça dando espaço pra ele continuar - o André foi preso pô - quando ele diz isso meu coração chega errar as batidas e eu fixo o olhar nele esperando que isso seja alguma piada, mas conforme os minutos em silêncio vão passando, a notícia vai se confirmando.

Perdido no Paraíso Onde histórias criam vida. Descubra agora