|| Diego Alcântara ||
📍Rio de Janeiro, Leblon, Sábado, 18:30.
Saio do hospital com a Laila, ela passou a tarde conversando com a Gabi, tão virando amigas as duas, eu mereço?!
— Laila: ainda tô tentando acreditar que a Gabriela realmente conseguiu te dar fuga com 15 anos e foi pra baile em morro inimigo - ela diz dando risada.
— Diego: Gabriela é virada do avesso pô, já me aprontou cada uma, só serviu pra me mostrar que de enfarte eu não morro tão cedo - ela gargalha e eu retribuo sua risada
— Laila: a relação de vocês é muito boa né?! - eu concordo sorrindo - ela parece ser muito apegada em ti.
— Diego: sempre foi só nós dois né preta - suspiro lembrando das vezes que achei que não ia ser suficiente - tu tem compromisso hoje ? - isso que tá rolando entre a gente pode até ser errado, mas não quero parar não.
Coé, eu tenho o dobro da idade da mina porra, mas eu me sinto tão bem perto dela, não sei explicar não, esse meu lado cheio de problemas desaparece, e tudo fica tão mais simples.
— Laila: hoje não, meus amigos tão com os contatinhos, meus irmãos vão pra farra caçar buceta - ela revira os olhos me fazendo rir da carinha de emburrada - então provavelmente vou dar uma estudada e perturbar meus pais - ela diz simples e dá uma risadinha.
— Diego: bora lá em casa - ela me olha desconfiada me fazendo erguer os braços em rendição - os meninos tão posando comigo até a gabi ter alta, tu pode jogar vídeo game com o Marcos e babar bastante no Júnior - sugiro e vejo ela abrir um sorriso automático concordando.
— Laila: tu pode só me levar em casa tomar um banho? Vim direto do estágio pra cá - eu concordo e entramos no meu carro.
Vamos trocando uma ideia maneirinha até eu estacionar na frente da casa dela, descemos do carro e ela me convida pra entrar.
Entro na casa observando sua decoração, cada detalhe parece combinar perfeitamente com ela, é leve, em tons claros, trazendo uma tranquilidade, sacou?!
Quando vim aqui no domingo, tinha nem cabeça pra notar essas coisas.
Sento no sofá e ela vai pro quarto dizendo que não vai demorar.
Pego meu celular começando a resolver algumas coisas da facção por ali mesmo.
O foda dessa vida é isso, eu não tenho folga, não tenho final de semana, feriado ou férias? Sei nem o que é.
Quem olha de fora até pensa que a vida do crime é só luxo, pena eu tenho é desses mente fraca.
Entrando nessa porra, tu só sai morto ou preso, tem outro caminho não.
Quando eu entrei pra isso, eu imaginava não viver até meus trinta anos, e agora to aqui com 48 e louco de vontade de dar fuga dessa vida.
Ser dono de morro já é complicado, ainda mais quando tu é dedicado a gestão, quer fazer o bagulho evoluir, ver os moradores no progresso, aí tu é 3x mais cobrado, bota fé?!
Mas comandar uma facção consegue ser de fuder o psicológico, tu tem tanta responsabilidade que as vezes parece que vai explodir.
Se eu tivesse oportunidade de ter crescido na vida de outra forma, não teria pensado duas vezes.
Na minha vida, a única pessoa que eu pude contar pra algo, fui eu mermo, meus pais morreram muito cedo, e quem me criou foi uma tia, mas a vagabunda era viciada, gastava todo meu dinheiro e o dela em droga, e pra piorar, ainda me fazia de escravo.
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Perdido no Paraíso
Romance📍 Rio de Janeiro, Nova Holanda. Laila, com seus vinte e quatro anos, é uma menina mulher que batalha diariamente pela sua independência. Nossa menina sempre foi calma e tranquila, recebeu muito amor desde criança, e batalhou muito pra conquistar se...