Epílogo

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|| Diego Alcântara ||

10 anos depois

📍 Rio de Janeiro, Nova Holanda, Quarta-feira, 21:00.

Observo a tranquilidade do morro todo iluminado do terraço da nossa casa, enquanto as crianças correm pelo quintal e a fumaça do meu baseado sobe pela noite escura e quente. Deixo meus pensamentos voarem enquanto analiso todos os anos que passei ao lado da minha mulher, ela com certeza foi a melhor surpresa que um fudido como eu poderia receber.

Meus filhos tão enormes, porque depois do Samuca resolvemos tentar uma menina, mas parece que a mandada da Gabriela veio pra ser única, então nove meses depois, meu Diego Júnior veio ao mundo, forte igual um touro, é parecido comigo, graças a Deus, já que o mais velho é a cara da mãe deles.

Eles tem 1 ano e 9 meses de diferença. Então cresceram tão grudados que muitas vezes parece que nasceram juntos. Nem preciso falar que os sobrinhos e a irmã deles babam muito nos caçulas né? Porque a maluca da minha filha esses dias invadiu minha casa pra sequestrar eles pra passar uma semana com a tropa dos mais novos dela.

Nunca vi gente pra ter tanto filho igual a Gabriela e o mandado do André, já falei pra abrirem uma creche, mas parece que depois da aurora eles sossegaram. O que não muda muita coisa, já que a loirinha tá sendo o terror deles, menina atentada que só, tem a cara de um anjo, e o temperamento dos pais todinho. Mas a calma do André ela não puxou em nada, malucona.

Bocejo sentido o cansaço do dia bater na porta e me espreguiço descendo pra sala esperar minha mulher chegar, já que é o horário dela. Laila cresceu muito como profissional nos últimos anos, tem sido reconhecida mundialmente por umas parada que ela revolucionou, só não tenta me perguntar que eu não sei dizer essas coisas não, só sei que foi algum bagulho na cirurgia de coração.

Depois de cinco anos atuando somente em outras instituições, convidei ela pra abrir um consultório, eu entrava com a verba e administração financeira (não que ela precisasse), e ela com o pessoal, e toda a parte prática da medicina.

Nossa clínica tem ganhado nome pelo RJ, e a maioria dos mauricinhos da pista tem colado lá, se soubessem que tão enriquecendo mais o rei do tráfico dessa cidade, morreriam de remorso.

Escuto a porta da frente abrir e abro os braços já sabendo do ritual de chegada da minha preta e rindo baixinho por ela sempre repetir as mesmas coisas.

Passo 1: tirar os sapatos e o sutiã;
Passo 2: largar as chaves e a bolsa na mesa de centro;
Passo 3 e mais importante: se jogar nos meus braços e ficar 5 minutos em silêncio, apenas aproveitando a calmaria.

Respiro fundo nos cabelos dela enquanto subo o dorso da mão acariciando suas costas, e ouço o suspiro baixinho de satisfação ser soltado, me fazendo abrir um sorriso convencido, porra irmão, isso tudo é meu.

Laila: oi velhinho - ronrona me apertando mais nos seus braços e eu rio baixinho pelo apelido ridículo.

Diego: como foi de trabalho meu cristal? - pergunto baixinho massageando as costas dela de leve enquanto aproveito que os furacõezinhos não viram que ela chegou.

Laila: tudo bem, só aquela menina que eu comentei semana passada que... - antes que ela consiga concluir a frase a sala é invadida pelos dois terroristas que eu ajudei a colocar no mundo gritando histéricos.

Meninos: MAMÃEEEEEEEE - e de repente o corpo da minha preta é afastado do meu e eles pulam em cima dela fazendo a mesma gargalhar em resposta.

Sabendo que eles vão arrastar ela pra tomar banho juntinho deles, vou em direção a cozinha já colocando o macarrão na água que eu tinha colocado pra ferver, e acendo a outra panela em seguida, deixando a manteiga derreter e adicionando a cebola, o alho e o pimentão pra refogar.

Volto pra sala depois de deixar os legumes em fogo baixo, e ligo a televisão colocando no YouTube pra tocar a playlist que criamos juntos um ano atrás, enquanto apago as luzes do resto da casa e deixo só a sala de jantar e a cozinha acesas.

Pego uma cerveja na geladeira, e tomo um gole sentindo o prazer da bebida gelada contrastar com o calor dessa cidade, pegando na sequência a carne que piquei em medalhões pra colocar na frigideira quente.

Meia hora depois com praticamente tudo pronto escuto um suspiro triplo de satisfação vindo da porta da cozinha, e me viro olhando por cima do pano de prato no meu ombro três dos amores da minha vida sorrindo pra mim.

Laila: Sami, ajuda seu irmão a arrumar a mesa pra gente jantar? - pede acariciando o rosto do mais velho que sorri empolgado confirmando e já sai puxando a mão do caçula em direção ao armário de louças que temos na sala de jantar - cuidado pra não derrubar e quebrar nada, vocês podem se machucar - eles gritam concordando e ela me abraça pela cintura deixando um beijo no meu queixo.

Num movimento rápido giro o corpo da mesma contra a bancada e sem deixar ela pensar tomo seus lábios em um beijo intenso, matando a saudade que meu corpo sentiu do dela durante todas as 12 horas que ela fez de plantão.

Um gemido baixo escapa dos seus lábios me fazendo sorrir em meio ao beijo, por saber os efeitos que meus toques causam nela mesmo depois de todos esses anos, e a mesma se afasta por um momento pra pegar fôlego, subindo as mãos pra minha nuca enquanto acaricia com suas unhas minha pele.

Laila: senti saudade ursinho - diz manhosa me fazendo derreter inteirinho e deixar um beijo na sua testa em resposta - eu amo você - sorrio respondendo e sinto dois corpos pequenos nos abraçarem com um pouco de dificuldade.

Meninos: amamos vocês de montãoooo - eu sorrio ainda mais puxando os dois pros meus braços e sinto meus olhos embargarem em ver a família que eu ganhei, e que eu sempre sonhei, mesmo depois de ter perdido as esperanças de conquistar.

Diego: e eu amo vocês mais que tudo nessa vida - dou um beijo em cada um sentindo meu peito inflar de felicidade, me vendo perdido no paraíso de viver ao lado de quem eu mais amo nesse mundo (junto com a ciumenta da minha maluquinha claro).

Eu tenho tudo que eu sempre quis. E sou egoísta o suficiente em admitir que mesmo não merecendo tudo isso, jamais vou deixar eles saírem da minha vida, porque nada é mais valioso que a minha família.

Fim

Fim

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