📍 Rio de Janeiro, Nova Holanda.
Laila, com seus vinte e quatro anos, é uma menina mulher que batalha diariamente pela sua independência.
Nossa menina sempre foi calma e tranquila, recebeu muito amor desde criança, e batalhou muito pra conquistar se...
Já era pra Laila ter dado sinal de vida há um tempo, o que me faz tremer em pensar que algo ruim aconteceu com a minha preta.
Subo na minha moto e saio voado em direção da pista, onde fica o hospital que ela trabalha. Meu coração acelerado no peito e a sensação ruim crescente a cada segundo me fazem questionar minha própria intuição.
Engulo em seco quando avisto umas sacolas jogada na calçada, e minha respiração falha enquanto sinto meu peito apertar em ver a mochila azul marinho que eu reconheceria de longe.
Olho ao redor sem conseguir enxergar nenhum dos meus soldados, e vejo que tem um bilhete pregado na mochila da minha mulher.
Aciono minha filha no radinho esperando ela atender e leio com atenção as letras mal desenhadas no papel.
Teu precioso cristal tá comigo poderoso chefão, quero ver tu nos encontrar antes que eu tire a vida dela.
Meu sangue ferve em imaginar minha preta passando por qualquer situação ruim, ainda mais com meu filho na barriga dela.
— Gabriela: sabe fazer mais nada sem mim é idoso? - fala bem humorada mas logo muda quando meu silêncio é sua resposta - manda o papo chefe - assume a postura de meu braço direito e eu engulo o nó imenso que se formou na minha garganta, pra conseguir responder ela.
— Diego: quero duas tropas do alemão aqui na barra investigando quem pegou minha mulher - digo no radinho e escuto ela arfar parecendo não acreditar - quero outra tropa daí do Vidigal aqui na barra 24/24 pra monitorar caso eles voltem - escuto ela dando ordens pros soldados e me permito soltar uma lágrima grossa que tava segurando - me encontra lá em casa Gabi - ela concorda e eu desligo.
Subo na minha moto, colocando a mochila dela nas costas e indo voado de volta pro morro, sentindo cada vez mais meu peito doer, minha respiração acelerar e minhas mãos tremerem.
Minha visão turva pelas lágrimas me faz desacelerar a moto pra não bater, e imagens de nós dois juntos invadem minha mente.
Lembro do dia que nos conhecemos, do dia que bati na porta dela atrás de aconchego, do primeiro beijo, e do meu pedido ridículo de namoro, que ela nem reclamou e já foi logo me dizendo sim.
Lembro dos momentos com meus netos e minhas duas gatas, com nossa família toda reunida.
Estaciono de qualquer jeito em frente a minha casa e entro sentindo todo meu corpo estremecer, e a falta de ar se tornar cada vez mais frequente, como se meus pulmões estivessem entrando em colapso.
Entro em casa e caio sentado me deixando levar pelo choro agoniado e doloroso que tanto segurei desde o momento em que vi a mochila dela caída naquela calçada.
Pego a camiseta da mesma, levando o tecido até meu nariz e inspirando o cheiro gostoso do perfume que tanto me acalma nos meus piores momentos.
Lembranças do seu sorriso largo, risada alta e a voz manhosa me chamando daquele apelido ridículo me invadem, e meu coração parece ficar ainda menor enquanto meu peito sobe e desce descompassado.
A porta da minha casa é aberta de forma brusca, ignoro respirando fundo enquanto minha mente viaja pra dias atrás quando descobrimos sua gravidez. Em como estava tão bem e calmo, como minha vida tava se encaminhando ao lado da minha mulher, e até pretendendo me aposentar eu tava.
Engulo em seco quando braços me puxam pra um colo que eu bem conheço, e ali nos braços da minha primogênita me permito mais uma vez desmoronar como o homem apaixonado que eu sempre fui com minha preta.
Sinto suas mãos subirem e descerem pelas minhas costas tentando me acalmar e passar segurança, mas quanto mais minha mente viaja pra eles dois, mais medo eu sinto de perdê-los.
— Gabriela: calma paizinho, vamos achar a Laila, eu te prometo, não existe quem mexa com os nossos e saia vivo - escuto ela tentando me acalmar e aperto seu corpo contra mim, tendo metade do meu coração comigo, enquanto a outra metade eu nem faço ideia da onde esteja.
— Diego: isso é culpa minha Gabi, eu não protegi ela, não protegi eles - ela me encara confusa e eu deixo um sorriso triste me escapar - tu vai ter um irmão pô - minha voz embargada falha e a mesma abre um sorriso enorme, que murcha em seguida, trazendo o olhar que eu conheço a tanto tempo e nunca me acostumo.
— Gabriela: então bora - ela levanta me puxando consigo e eu encaro a pequena mulher confuso - bora reagir Diego, tu é traficante a mais tempo do que eu tenho de vida, tá na hora de cair na real e reagir caralho, levaram eles, então vamo caçar esse infeliz até no inferno - sorrio orgulhoso de quem eu criei e retomo minha postura.
— Diego: quero o cabelinho, DG, matador, onça e víbora aqui em 10, tu tá de frente de toda estratégia - ela sorri animada concordando - quero nosso hacker descobrindo até as oito quem levou ela, tá me entendendo doutora? - digo caminhando até o banheiro pra lavar meu rosto e ela grita um "sim patrão" - e Gabi - digo voltando pra sala e ela desvia a atenção do celular pra me olhar - me orgulho muito de quem tu se tornou gatinha - ela sorri me dando um beijo no rosto e me abraçando em seguida.
Saímos de casa indo em direção a boca e ela liga pro André pedindo pra ele cuidar das crianças enquanto ela planeja todo o resgate da minha preta. Marcos vem todo afobado pra perto de mim, me abraçando pra me passar conforto e entramos na boca, recebendo acenos de respeito até chegar na minha sala.
Posso até ser calmo, e deixar a Gabriela comandar esse tipo de situação, mas dessa vez mexeram com meu lado mais frágil, por maldade, vão conhecer o verdadeiro trovão.
Pego meu celular ligando pros meus aliados e pedindo todo reforço possível no Rio de Janeiro, fecho todas as entradas e saídas do estado e da cidade, deixando até meus infiltrados na polícia em alerta, e vejo a televisão noticiar que o de frente do comando vermelho está fazendo uma super ação no RJ.
Sorrio conhecendo minha fama, e apesar de estar quase aposentado, um último ato não faz mal não é mesmo.
Eu sempre deixei claro que a Gabriela era protegida em todo canto desse estado, desse Brasil inclusive, e quando a Laila se envolveu comigo, o aviso com o nome dela foi dado.
Quem quer que seja que ousou cruzar meu caminho na maldade, vai pagar as contas diretamente com o diabo.
Calma meu cristal, teu homem tá indo te buscar.
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