𝓕𝓸𝓽𝓸𝓰𝓻𝓪𝓯𝓲𝓪

Capítulo 45

- Você acha uma boa ideia fazer isso agora? - Shikamaru perguntou, fitando-me com aquele olhar cansado que sempre carrega.

- Não, acho uma péssima ideia. Mas vamos acabar logo com isso. - Respondi, virando-me para trás. Naruto estava sentado no banco de trás do carro, sem barba, pronto para cortar o cabelo. Sua aparência, devo admitir, estava melhor do que antes.

- Agora é com você, cara. - Shikamaru falou, e Naruto assentiu com a cabeça.

- Tô com um medo danado - disse Naruto, passando a mão pelo rosto. - Como vou contar para minha mãe e meu pai que já sou pai? - suspirou, visivelmente abatido.

- Isso não importa agora. Primeiro, você tem que resolver essa situação. O resto pode esperar. - Shikamaru falou com a voz firme.

- Certo. - Naruto abriu a porta do carro e saiu.

Eu e Shikamaru permanecemos ali, no carro estacionado em frente àquela casa amarela de cerca branca. Era a primeira vez que eu vinha ali depois do que aconteceu. Costumava passar os finais de semana naquele lugar com Sakura. Mas, apesar de tudo, aquilo não me atingia como eu esperava.

- E agora? O que a gente faz? - Shikamaru perguntou, inquieto.

- Não faço ideia. Por mais idiota que pareça, é a primeira vez que levo meu melhor amigo à casa da minha ex para ele conhecer o filho que teve com ela. - Respondi com sarcasmo.

Ele suspirou fundo e balançou a cabeça.

- É mais forte que você?

- O quê?

- Ser um filho da puta?

Ele sorriu, e eu retribuí.

- Não. Isso já faz parte de mim. É natural.

- A porta abriu. - Shikamaru indicou pela janela.

Sakura apareceu, o cabelo preso e vestida com um vestido amarelo solto. Exalava aquele ar de dona de casa. Não vou negar que meu coração acelerou um pouco. Naruto estava parado, mãos nos bolsos, olhando para ela, que também o observava surpresa. Ela lançou um olhar na nossa direção, passou a mão no rosto e entrou junto com ele.

- Acho que eles vão conversar. Será que vai demorar? - perguntou Shikamaru, pegando um cigarro.

- Não fuma aqui, por favor. O carro vai ficar com cheiro, e eu detesto isso. - Falei, ajeitando-me no banco.

- Puta que pariu, você parece um velho ranzinza depois da aposentadoria. - Ele zombou, guardando o cigarro.

- Eu sei. A Hinata vive dizendo que eu preciso relaxar mais. - Concordei.

- Soube que você tem um irmão mais novo agora? - ele perguntou, sorrindo.

- Como você soube?

- Itachi.

- Óbvio. É verdade. Ele é legal, mesmo que eu não goste de admitir. Você vai se dar bem com ele.

- Talvez em outra época. Hoje em dia, não tenho paciência para adolescentes. - Sorri com o comentário. - Já quero distância. Tenho paciência de Jó, mas adolescente é dose.

- Pois é, as coisas mudam.

- Eu que o diga. - Ele suspirou.

- E essa história do noivado? Como aconteceu? - Perguntei curioso.

- Conheci ela na faculdade. Ela estudava meteorologia, e um dia a turma dela veio até a minha de contabilidade para ajudar num estudo. Sei que parece estranho, mas ajudamos com cálculos de probabilidade. Acabamos ficando juntos. Foi inusitado. Ela era quente, queria terminar logo o trabalho, mas eu gosto de fazer as coisas com calma. - Sorriu. - Então não terminamos no mesmo dia. Ela ficou irritada e marcamos de terminar no dia seguinte. Me chamou atenção o jeito dela, e confesso que enrolei porque queria ficar um pouco mais sozinho com ela e tentar alguma cantada.