12 - Meios-tons de preto afável.

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— Ela surtou, de repente

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— Ela surtou, de repente. Estava tudo indo bem, quando eu cheguei, a garota estava mexendo na cozinha de um lado para o outro. Então esperei ela terminar de comer e se arrumar. Mas quando chegamos na frente da casa do nosso filho...

— Deixa eu adivinhar: crise de choro?

Antes fosse apenas isso, eu teria conseguido segurar de algum modo e a convencido a entrar e terminar essa música. Estávamos bem, não teve um mero sinal, nada. As conversas estavam como deveriam; ela tentando me enfiar em problemas de caráter e eu desviando, nada que fosse tão surpreendente. Bastou que chegássemos ao destino e tudo explodiu, eu sequer vi a fumaça e já pegava fogo.

— Crise de choro é pouco, Ino. Quando ela... — Detalhes que não importam. Não importam. — Em dado momento eu observei seu braço, e então vi seus ferimentos recentes, machucados. Acredito que ela tenha tirado a casquinha até sangrar, mas não estava sangrando naquele momento. Perguntei sobre isso, tentei ser o menos invasivo possivel, fui pelas beiradas, e mesmo assim, ela explodiu, começou a me ofender, tirou a porra de um canivete do bolso e começou a se machucar.

"Nada do que você disse até o momento chamou minha atenção para algo tão absurdamente grave. Tudo o que disse são características de humor conflitantes de adolescentes." Foi o que minha ex-esposa disse no segundo em que cheguei aqui, transtornado. Honestamente, acreditei que talvez eu esteja mesmo exagerando. Nunca lidei com meninas tão perto de mim, me contando tudo sobre sua vida pessoal e chorando com frequência.

Não, a minha mãe nunca chorou na minha frente, a minha ex-esposa é tão fria quanto o mármore onde estou apoiado, e todas as que estiveram perto, como a minha assistente, demonstram o que devem demonstrar para o momento, nada além, nada tão exposto. Nada tão gritante. E embora eu tenha dito a Ino que Sakura não é uma adolescente e ela discordar de mim, foi a sua teoria mais certeira.

Poderia ser, sim, algo conflitante de uma adolescente em crise. Nossa teoria nos dizia que por ser responsável de um irmão mais novo, ela poderia agir de modo que a fizesse parecer muito mais velha do que é, e agora que está perto de mim, onde eu estou resolvendo tudo e lidando com responsabilidades que não são mais suas, indiretamente, ela decidiu que agiria como a adolescente que nunca foi. Fazia sentido, até dois dias atrás.

Enxergo agora a mulher que se formou em psicologia e não mais a responsável por questionar o que tenho passado com aquela garota. Ino, finalmente, dispensou a massagista, tirou a máscara do rosto e vestiu um roupão branco, descendo as duas escadas para caminhar até mim com aquele mesmo passinho apressado de quem ouviu o que eu tanto queria dizer.

Mio amore! — Ela estalou os dedos, e os empregados trouxeram a poltrona e o leite de rosas para afundar os pés. Continua a mesma... — A menina cortou a si mesma em sua frente? No posso crederci! Foi fundo? O que ela dizia? Precisou dar pontos?

Esses detalhes realmente importam? Não são nem a ponta do iceberg. Eu estive no inferno durante dois dias inteiros. Ino parece "preocupada", mas a situação é algo a qual preciso mesmo lidar, enquanto ela age de modo superficial; diversas moças cuidando de suas unhas enquanto ela me questiona algo grave. Eu lembro de ter dito: "quero falar sozinho com você."

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