32 - Tons de azul-turquesa em horizontal.

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— Ela está melhor agora que você está aqui

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— Ela está melhor agora que você está aqui.

Concentrei-me no cigarro ardendo entre meus dedos, mas posso ouvir a voz dela vindo de dentro, a música animada, seus risos. Hinata ficou ao meu lado, resolveu observar a lua comigo. Preferiria estar sozinho, de preferência, ciente de que ela está lá dentro com sua amiga, mas não fiz questão de dizer qualquer coisa, além de um breve aceno.

Porque, sim, ela está.

Ela está radiante, sorrindo abertamente, vermelha de tanto rir, como se não tivesse chorado quando cheguei aqui, lavando o rosto pálido, me implorando coisas, que já nem sei mais. Está tão radiante como sempre, após sugar um tanto de todos a sua volta. Mas eu não a culpo. Como poderia? Dói em mim culpá-la por algo que não tem controle, apenas é. Contudo, é meu lado mais humano que aponta o dedo em sua direção, quando antes disso, após prometer, ainda sou capaz de deixá-la sozinha. Considerei fazê-lo, e só eu mesmo sei o quanto me arrependo de considerar me afastar, quando olho para ela.

Não é positivo, ouvi isso da psicóloga. Eu sei que não é. Eu sei que faz mal. Eu sei que ela vai me consumir, como consumo esse cigarro, queimando a si mesma no processo. Mas há diferença entre o saber e o considerar. Eu não considero certo deixá-la, isso parte de mim, o outro lado tão humano quanto aquele que quer desaparecer e se preservar. Sei que deveria ser um pouco egoísta, mas não considero certo. Capaz seria dela fazê-lo primeiro do que eu, mesmo destroçado, escolher dar as costas. É mais um castigo do que uma dádiva, e está sendo cansativo. Eu não queria que estar perto dela fosse cansativo, queria que fosse como minha bateria extra, tal como sou a dela. Queria distanciar o mundo e me recarregar com ela, mas os dois lados me consomem.

É o vício, constantemente enchendo-me de serotonina, para quando tocar a borda, sugar outra vez, até que eu esteja seco, implorando por mais. Sakura é uma droga infernal.

De toda forma, eu não quero ter de repetir as mesmas coisas, ainda estou processando outras, e minha cabeça é capaz de dar um nó a essa altura. Meus olhos estão queimando com a brisa que invade, com a fumaça, com as lembranças dela naquele computador, com a minha preocupação ao ver suas fotos nuas pela internet. Preocupado o tempo inteiro, a todo instante, sem cessar.

Pude ouvir Hinata suspirar ao meu lado.

— Ela perguntou se você não ia... assisti-la.

Eu a assisto vinte quatro horas por dia, basta fechar os olhos.

— Em um instante — respondo, mesmo assim.

Com o cigarro entre os dedos da mão esquerda, meti a mão direita no bolso da calça e encostei o ombro na pilastra. Eu esperei que Hinata se desse por vencida, mas não aconteceu. Talvez esteja aqui porque Sakura insistiu muito que viesse, tentando me manter na altura dos olhos, para que eu não vá atrás daquele sujeito. Não vai adiantar de muita coisa, posso vê-lo caminhando pelo jardim, falando ao telefone.

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