33 - Tons de Rosa Fértil.

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 A taça de vinho não aquece, nem abstrai as preocupações

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 A taça de vinho não aquece, nem abstrai as preocupações. Não funciona.

Eu não pensei em como agir, pois não fazia sentido me preparar em relação a essa situação, não fazia sentido estar pronto para algo que eu não estava esperando, não tinha a menor chance de acontecer. Posso estar ficando louco, pois doei toda a minha confiança para Sakura, quando disse que eu era o pai com tanta certeza que pareceu incabível, inviável, desconfiar. Mas se não desconfio dela, então desconfio de Ino e me culpo. Me culpo porque, aparentemente, fico cego em uma relação. Eu apenas faço o que a parceira quer que eu faça, vou aonde a parceira quer que eu vá, não busco respostas se a parceira diz que não preciso delas.

Foi assim com Ino.

Estávamos tentando engravidar. Era cedo, todos me disseram isso, mas eu queria ser pai e ela estava disposta a ser mãe. Fomos nos melhores médicos, mas nada funcionava, e ela era fértil. Não tinha nada de errado com Ino, disso eu sabia. Então procuramos os defeitos em mim, com um médico de confiança. Descobrimos que não havia nem a possibilidade de tentar de outra maneira, pois eu sou estéril. Foi um baque, ela tentou me consolar, disse que no futuro poderíamos tentar adoção, então Kawaki chegou de surpresa, mas foi a adoção que planejamos. Tudo para eu conhecer uma garota jovem e engravidá-la.

Estaria ignorando todas as minhas preocupações se assumisse felicidade, simplesmente. Não estou desolado e arrependido, isso não. Eu não pude pensar dessa maneira quando ela disse que estava grávida, e mais tarde tudo se confirmou. Eu a abracei, a beijei, jantamos juntos e fui cuidadoso com as palavras que sequer ousaria dizer naquela noite. Isso porque Sakura já parecia nervosa demais, ela estava tremendo, parecia querer chorar, e qualquer reação negativa que viesse de mim, ia engatilhá-la, e eu não queria deixá-la no meio de uma crise. Ela está grávida. A garota de dezenove anos, no início de carreira, está grávida. Não pensei nem por um segundo em seus outros problemas, pois se o fizesse, não conseguiria disfarçar o assombro.

Não estou completamente feliz, no entanto.

Não é pelo bebê, eu não o vejo como algo terrível, eu queria ser pai e vou ser. Mas por ela. Estou preocupado há mais de duas semanas, mal consigo tocá-la sem sentir essa ansiedade me corroendo, e embora as aparências enganam, e eu a acalme todo final de show e cuide de seus sentimentos, os meus estão ruindo. Não tinha com quem conversar, Naruto não iria entender, sua amiga não seria uma opção, visto que Sakura se sentiria traída e insegura, então eu precisei arrumar espaço na agenda e chamar a psicóloga. Eu não sinto que estou entregando meu melhor para Sakura, eu não quero que isso seja o prelúdio de um término, eu seria o pior dos homens se fizesse isso, se deixasse os piores pensamentos me corroendo ao ponto de ela notar e acabar com tudo ou até mesmo eu.

Sakura está em seu show agora, para piorar o meu filho está lá, tentando se aproximar da mulher que seu pai engravidou, com as piores intenções possíveis. Confiei nela e pedi para que ele a acompanhasse até o hotel. Sakura estava deslumbrante hoje, eu gosto do quanto ela parece estável com seus remédios em dia, com as consultas online, melhorando. Não quero estragar isso. Então eu rumei para outro hotel, diferente do que estamos hospedados em Malibu, para ter mais privacidade e não correr o risco de alguém ouvir. Assisti um pouco do seu show pelos vídeos que a assessoria me enviou, ela interage bem com o público, não parecia nervosa como disseram que estava, sabe fazer umas imitações engraçadinhas e boas entradas para cada música e dança, então é o que chamamos de artista completa, ela só precisa de mais confiança.

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