14 - Tons inteiros de cuidado em ouro rosado.

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Não controlo o exato segundo em que a raiva vem

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Não controlo o exato segundo em que a raiva vem.

Não planejo. Meu dia pode estar incrível desde o segundo em que acordo, mas uma coisa pequena a transforma em um desastre. Meu corpo dói, a emoção se torna  em uma dor física tão repentina. Sinto vontade de chorar, e é tão forte que me perco e começo a rir. É o sorriso do desespero, porque quase sempre sei o quem vem depois.

Uma pequena parte minha sabe que não sou tão forte quanto a raiva faz parecer. Sabe bem como vou me sentir depois. A mente me engana, eu aceito tudo, aceito a briga, sou a primeira a partir para cima.

Metade da minha vida foi apanhar, a outra metade foi começar a bater, mas isso muda de figura quando se tratam de homens maiores. Não precisam ser monstruosos, eles só precisam ser mais fortes, mais homens. Então me convenço que posso com ele, me desespero e vou para cima, e o resultado é que as sensações de dor física se tornam reais.

O que eu estava pensando, afinal? Eu sou pequena e magrela, nunca na minha vida fiz defesa pessoal, eu só vou pra cima. Quando tudo acaba, me considero maluca. Normalmente, nos sonhos eu sou mais forte, só que é diferente quando se trata de um pesadelo. A porra de um pesadelo que não acaba, ele não passa tão fácil, eu não consigo acordar. Também não me controlo, as palavras só saltam da minha boca e as ações são sempre as mesmas quando não consigo me controlar. Não consigo fazer parar.

— Você some por meses e aparece sem avisar, entra na minha casa e fica filmando? Quem você pensa que é, sua vagabunda? Foge e volta quando bem quiser?

O meu apelido desde muitos anos é esse, eu costumava ignorar. Parecia fácil de lidar, mas as sensações ampliam. Eu fico mais suscetível a sentir dor, dor extrema ao ouvir essas palavras e a forma como aponta o dedo na minha cara e grita comigo.

— Eu avisei que ia embora! — Eu também sei apontar o dedo. Nessa realidade eu deixo tudo gravando. — Mas que merda isso ia valer, pai? Você me expulsou de casa!

— Eu não te expulsei de casa, você saiu porque quis!

Porque se chateia com a escolha dessas palavras? Não é sobre dizer em voz alta suas intenções, é como me trata, então fui expulsa de casa, sim!

— Por que eu quis? Caraca, você me bateu! Você me bateu, seu covarde!

Dei passos para trás quando Kizashi se atreveu a vir atrás de mim, tentar me segurar.

— Você veio pra cima de mim! Você! — Eu...? Ele está tão magro, parece um cadáver me acusando de tudo. Um fantasma do passado. — Arruma confusão na rua, apanha do namorado, quase espanca o próprio irmão e ainda me ataca! Você começou com tudo, com a sua loucura! Você é tão louca quanto a sua mãe! Louca, maluca, doente! — Ele estraçalhou a garrafa que trouxe ao jogá-la no chão. — Então foge, não nos diz porra nenhuma e deixa a casa para trás. Larga tudo e vai viver no luxo em outro estado, enquanto seu irmão fica aqui, seguindo a porra dos seus passos!

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