3 - Tons de compreensão.

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Não possui o menor discernimento ou qualquer juízo

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Não possui o menor discernimento ou qualquer juízo. Suspeito que nem mesmo decência mental ou idade suficiente para o tipo de trabalho que tem. Díspar a própria voz doce e ao mesmo tempo madura. É reticente, com o pouco que pude observar. Atrevida, definitivamente atrevida, principalmente no modo de encarar e a maneira como flerta e briga somente pelo tom de voz.

Se eu pudesse dividi-la de seu canto, subtrair sua personalidade confusa do tom perfeito de sua voz e sensualidade ao cantar, seria mais fácil. Porém, é como se fosse impossível, em meus anos de trabalho eu pude perceber que o talento do artista e sua personalidade problemática são... incindíveis. Impossível separar. É como se fosse o toque especial, o que faz as coisas darem certo.

Por pouco me esqueci disso quando ela fez o que fez e prejudicou o meu aparelho auditivo ao jogar água e por pouco acertar a jarra em meu nariz. Se eu tivesse que decidir seu futuro na música ali mesmo, colocaria como algo que mal começou e já chegou ao fim. Sua sorte é ser marcante e lasciva quando canta e, claro, por já existir a marca prejudicial, mas que funciona, em cantores com péssimas atitudes, mas talento inigualável. É isso que a salvou e uma boa semana de sono da minha parte.

De todo modo, longe de casa, ficar mais de uma noite sem o aparelho, não foi tão ruim. Fiquei silente, mas pude pensar melhor no que fazer, então, após o divorcio definitivo, cá estou outra vez nesta cidade. Pensei em mandar algum representante, porém, Kawaki já estava aqui para fazer show, eu teria uma desculpa maior para vir. Se não fosse suas péssimas atitudes, não seria preciso, mas o meu filho é...

— Quanto tempo mais vamos ficar nessa merda? Eu odeio esse bar!

Resmungão e imaturo. Aguardei que ela retornasse, não acho que depois da última vez, aquela moça vá me receber bem. Acredito que tenha pensado que eu estava assediando-a. Pensei em que ponto deixei a entender isso, de qualquer forma não vou me lembrar, mesmo que eu tenha passado muito tempo pensando.

— Até Ada retornar. Mas se quiser ir, vá. Não estou segurando.

Aliás, não lembro de ter chamado. Ele pediu uma carona para o hotel. A quantidade de adolescentes na saída do show era grande demais para ir embora sozinho. Essa foi sua desculpa, na verdade.

De soslaio Kawaki passou a mover repetidamente a cabeça. Chamo de negação mesclada a péssimo comportamento. Eu não disse nada mais do que verdade.

— Beleza, foi mal se eu vim junto e te atrapalhei a comer a assistente no seu carro. Da próxima vez dá um toque.

Ciúmes, nessa idade? O que mais ele tem a apresentar? Esbocei um sorriso, a qual ele viu pelo retrovisor, então revirou os olhos.

— Chame-a para sair.

Se tivesse coragem, faria. Ao invés disso, as indiretas que solta em suas músicas só confunde a menina e de amostra, pensa que eu não observo a letra e a maneira como age quando está perto dela. Crianças...

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