Hailee.- Está chapada?

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S/N pov        Cruzo a porta de meu apartamento, acabo de chegar de uma das entrevistas mais massantes que já houve de passar, depois que a mídia descobriu sobre meu período recente contínuo de usuária de drogas e ilicidades a mídia passou a apert...

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S/N pov
  
     Cruzo a porta de meu apartamento, acabo de chegar de uma das entrevistas mais massantes que já houve de passar, depois que a mídia descobriu sobre meu período recente contínuo de usuária de drogas e ilicidades a mídia passou a apertar os cintos. Claro que não só por essa pressão deprimente dos outros sobre mim decidi parar, em grande parte parei por não aguentar não me sentir humana novamente, minha humanidade estava sendo roubada de mim, aos poucos dando lugar aos sentimentos providos por todos os químicos que ingeria. Senti saudades de quem era, o motivo de meu choro noturno.

- Hey, viu que Hailee está no Talkshow?- Pedretti pergunta sem tirar os olhos da TV. Ela sabe do efeito que Hailee ainda tem sobre mim e ele não é ruim, quero dizer, nós terminamos pelo assunto das drogas e eu quis sair disso, ela quis continuar e isso me doeu, me dói porque sei que dói nela também e sei que as consequências de sua persistência nelas estão fazendo com que ela caia de sua plataforma estável.
       Digo que nossas brigas foram derivas de nossas concordâncias diferentes, ela por puro vício quer continuar, eu por medo do vício decidi parar... entramos nisso muito novas e quis sair o mais rápido que pude. E é o que me dói, não terminamos por falta de amor, muito pelo contrário, terminamos nos amando muito.

- Não vi...- Vou em direção à ela que está jogada no sofá de frente para a TV.
    Lá está ela, sua aparência cansada, seu cabelo brilhoso por causa do spray porque perdeu o brilho natural. Seus olhos dilatados, ela está claramente chapada e certo estão muito opacos... eu já esperava isso. O sorriso sem graça, a definição do preto e branco.       Uma magreza de alma e corpo.
     Meu coração se aperta, tenho certeza de que ele chora calado em cada pulsar, cada bombeamento, cada esforço... isso não é o que eu queria para ela.

- Ela parece bem...?- Seu tom saiu como pura pergunta. Um questionamento qual sabe a resposta mas se eu disser o contrário então será.

- Não. Mas ela mesma diria que sim...- Desvio o olhar da tela para que não precisasse vê-la.- Vou tomar um banho, tudo bem?- Ela assente.

      Saio do local em direção ao quarto, preciso de um banho urgente, sei que o banho não lava mente, não lava mente ou pensamento algum. Seria tão fácil se pudesse arrancar tudo com simplesmente esponja e sabão mas na realidade nunca aconteceria, a realidade é dolorosa e entendo que precisamos passar por isso antes de nos tornarmos melhores, mas, sempre há o questionamento... "E se?". "E se eu pudesse?". "E se nós pudéssemos?". É o que mata, a incerteza.

    Ligo a luz do quarto que antes estava escuro, ando até o closet, pego uma roupa qualquer, vou para o banheiro para preparar a banheira com água quente.
    Me arrependo em partes de agora me analisar assim no espelho... meu reflexo cansado só ajuda a mais julgamentos próprios, mais tortura mental e dizimação da minha saúde moral decadente... mas fazer o que? Sou eu agora, sou eu em pele, em osso, em carne... sou em uma forma qual não escolhi passar e está tudo bem... estava tudo bem.

𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄𝐒 𝐒𝐓𝐄𝐈𝐍𝐅𝐄𝐋𝐃Onde histórias criam vida. Descubra agora