Narradora pov
A jovem S/N retorna à capela mais uma vez, somente hoje é a terceira vez e nem queria ter vindo uma sequer vez. E o motivo de tanta chateação? Seus pais acham que anda se libertando demais, anda escorando nas barras do manto de Deus sem respeito algum, mas como isso? Sequer conhece Deus, sequer ousa lhe interferir com qualquer pecado seu pois lhe é exclusivamente seu, de mais ninguém. Por que Deus se importaria? Não há sentido já que se há um karma, lhe é contra ela que voltará.
- E lá vamos nós de novo...- Suspira sofrega, para ela é um sacrifício estar de pé aqui, ver a mesma imagem desgastada do santo padroeiro e de ver as mesmas imagens talhadas em pedra, todas elas remetentes a morte de Jesus, filho de um suposto Deus pai todo poderoso qual duvida existir, nunca o viu, não pode confirmar sua existência, certo? Certo, pelo menos para si ele é uma incerteza, já pediu para lhe ver, nunca foi um pedido acessível.Seus sapatos molhados e barras do vestido sujos de lama deixam o chão do santuário imundo, não liga mais, não pode parar a chuva que cai lá fora e muito menos faz questão de se importar.
É comum demais estar ali, é comum demais escutar de alguém que ela está quebrada e somente com a reza para o Deus incerto se consertará. Uma mentira barata, aposta que nem o padre acredita nisso, já lhe disse uma vez que é perdidinha da vida.- Não me olhe assim, vai... não tenho culpa de me acharem meio anormal. Né?- Olha para a imagem de um Jesus Cristo pregado em uma cruz pendurada na parede.- Mas a verdade é de que sou completamente normal! Você mais que ninguém sabe disso, não? Deve saber...- Anda despreocupadamente até um banco de madeira, deitando seus ossos pesados e exaustos na extensão não muito confortável.- Eu sei também que já deve estar cansado de me ver aqui assim, me desculpe, okay? Eu nem queria estar aqui. Claro, você também deve saber disso.
Olha o teto tendo sua imagem iluminada, branca por motivo de alguns relâmpagos iluminados do lado de fora, o papel de vela natural, claream tudo aos olhos até do mais cego. O barulho de lá de fora lhe conforma internamente de que isso não parará tão cedo e de que ninguém lhe incomodaria aqui, estando sozinha desde já. Claro que agradece por isso, está tão chateada que nem poderia olhar para o santo, como se sua face fosse culpada da loucura dos outros. Mas é por ele que está ali não é? É por ele que os fracos e desesperados clamam quando se desamparam. Não é fraca, muito menos desesperada... só... É conformada demais e isso faz os outros pensarem, eles pensam demais pelo lado mitológico, fictício e como podem acreditar nessas loucuras? É incabível como devotam-se a o que não se existe, incrível como vivemos só de "crer", "acreditar".
- Deus... eu não queria que tudo fosse tão... assim?- Os olhos se fecham em descanso.-Por que temos de ter um mundo tão burro? Me sinto uma mera burra por persistir em vir aqui e até mesmo por só desabafar com uma figura. Me desculpe se realmente existir, só acho que para crer de verdade, preciso ver e...
Os olhos novamente se abrem, meio arregalados por escutar as portas da capela se abrirem. "Por que alguém viria em meio a esta tempestade para longe de sua casa? Que ser mais burro e... Emily. Emily?". Concluiu assim que levantou seu corpo do banco para receber com os olhos confusos a pessoa.
- Sabia que estaria aqui...- Ela caminha depressa até onde a outra está.
- Como?- Ainda meio desnorteada ela vocifera.
- Acha mesmo que sua mãe lhe diz bem depois da bronca do padre Mckenzie?- Empurra seus pés para fora da madeira, fazendo-a se sentar corretamente.- Não achei que fosse tão religiosa ao ponto de obedecer a linha.
- E não sou!- Se levanta começando a andar de um lado para o outro.- Mamãe quem inventa coisas, ela é louca Emily! Louca!
- Eu sei... por isso não gosto dela.- Sorri vendo S/N sorrir também.
- Ela lhe gosta muito, okay?
- Eu sei...- Suspira ainda sorrindo.- Mas por que lhe mandou para cá novamente?
- Por causa de Jhon Snoww, a fiz passar vergonha e agora o noivado foi por água a baixo.- Para de andar de forma gradativa assim que vê o sorriso da outra se diminuir até não existir. Uma feição confusa e indignada lhe toma.
- Noivado de quem?- Pergunta sem muito saber.
- Meu...
- Como assim? Estava noiva? Como eu não sabia? E... e nós?- No mesmo momento se levantou ficando rente a outra mulher.
- Eu não queria aquilo pra começo de conversa... mamãe quem havia arrajado, de fato fui saber que noivava semana passada.- Abaixa a cabeça, fechando os olhos com força, seu coração pecador dói.
- E por que não me contou? Achei que me fosse fiel.- Os olhos ofendidos machucam-lhe mais, nunca quis que Emily lhe olhasse assim.
- Quase não te vi semana passada, fomos para New York e acabamos por voltar tarde... também estava ocupada demais com a academia, não?- Sorriu sem emoção alguma, as vossas atitudes sem tempo lhe rasgaram, eram acostumadas a se doar uma a outra e de repente não houve mais tempo algum.- Conseguiu fazer o que queria pelo menos?
- Oh S/N...- Puxa a garota pela cintura, encostando o corpo menor ao seu, deixando que deprimisse mais em seu peito dolorido por culpa, sentiu culpa e um repentino frio rápido assim que escutou que a outra noivava.
- Eu não quero nada daquilo, Emily. Nada.- Os olhos se apertam deixando lágrimas grossas caírem, lágrimas que estavam sendo seguradas desde alguns dias atrás, por isso tão imediatas.- Eu só...- Funga profundamente, tendo seu corpo em espasmo.- Eu só quero ficar tranquila onde ninguém possa me tocar, onde ninguém possa nos tocar.- Esfrega o rosto amoado no peito da amante.
- Eu também não quero nada daquilo para você, para nós.- Olha para cima se forçando a não deixar com que as lágrimas caiam.- Você é minha. É somente minha assim como sou sua e... meu coração dói em saber que está com quem não quer estar, que está com outra pessoa.
- Eu sei... meu coração anda doente e cansado. Ele sente falta do seu e da simplicidade qual tínhamos, sente falta de se sentir saudável, de bater com vontade e ansiamento.- O olhar triste pousa sobre uma imagem de Nossa Senhora das dores, a mulher chorosa assim como ela estava agora, uma imagem de dor.- Eu me sinto pecadora injusta...
- Pecadora injusta?- Abraça mais o corpo assim que o estrondo de um trovão ecoa, assim que a capela escura se ilumina pela luz de mais um relâmpago.
- Eles me olham como se eu fosse... como se eu não soubesse fazer certo ou errado, como se eu não fosse capaz de ser feliz...- Os olhos vieram a vidrar, um ponto fixo borrado lhe prendeu, botou o cérebro para lembrar.- Me discriminam como se eu fosse merecedora disso. Eu sou? Eu sou assim?
- Não! Claro que não... Claro que não meu amor.- O sentimento de rancor nascia mais uma vez no humor de Emily, em sua cabeça rodava a história da capacidade qual tem de machucar quem machuca a outra. Ela em uma única vez começou a medir sua força, de quanto precisaria para ferir um indivíduo? O faria.
- É tão tênue a verdade da mentira, mas, eu só escuto mentiras... lhes fazem delas as verdades. Estou a ponto de enlouquecer de verdade.- A Santa lhe olha amoada, parece sentir assim como sente, parece ter pena de sua feição piedosa.- Temo não reconhecer mais a mentira, não fazer dela desfeita.
- Eu também temo a mentira. Será que estamos nos perdendo?
- Quer uma verdade, não é?
- Óbvio que sim...
- Eu não sei...
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𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄𝐒 𝐒𝐓𝐄𝐈𝐍𝐅𝐄𝐋𝐃
ChickLit-AVISOS- × Não abertos para pedidos. × Claramente serão imagines da Hailee e alguns de seus personagens quais interpretou ao longo de sua carreira, melhor, até agora. × Revisões constantes, recomendo ler mais de uma vez ou esperar um tempo após post...