Emily Junk.- A maior historia de amor que nunca foi contada.

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S/n pov

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S/n pov

        Nunca se pensa em visitar seu passado do nada, normalmente você encontra, fala ou pensa em algo que lhe faça querer voltar, que lhe faça querer voltar e ao menos soltar um riso quando é bom, quando há um aproveitamento. Mas não é assim que acontece quando a vida força a conhecer, não quando a evidência volta a tona, quando ela está ali em sua frente, te encarando, você encarando ela e procurando o melhor jeito de continuar...

            Escuto meu coração bater com força, uma, duas, três, quatro vezes, tudo muito rápido. E ela sorri, ela direciona o sorriso a mim como fazia. Ela não chegou sorrindo, chegou com uma carranca enorme, e quando me viu começou a desfazer, parecia que não estava crente em me ver ali. Daí ela se sentou após um tempo em pé porque parecia o certo a fazer e eu tentaria ser profissional. O que tenho certeza de que não vai durar muito, não quando meu coração está agindo como um adolescente, tentando achar um lugar seguro por onde pisar... o passado é cheio de armadilhas e de tudo eu poderia me lembrar, mas, eu estou sentindo a respiração dela ali. Não é um sentimento novo e isso me assusta...

- Bom...- Ela começa.- Eu não imaginava que era você, eu juro.- Me olha com as orbes claras cintilantes.

- Bom, nem eu...- Tentei abrir um sorriso tão bonito quanto o seu, mas acho que foi meio em vão.

           Por segundos pude analisar seu rosto e descobrir coisas ali das quais não existiam antes. Há algumas novas manchinhas na direita ao lado dos olhos, o que deixou um charme, também há mais expressões, seu cabelo está pouco a baixo dos ombros e definitivamente o tempo foi um ótimo amigo a Emily. Está bela, obviamente está indo bem com a carreira de cantora e parece estar despreocupada.

- E... É você quem vai começar a minha biografia?- De algum modo sinto expectativa em sua entonação de voz, acho que ela quer que eu afirme.

            E então eu afirmo. Eu afirmo e rapidamente seu sorriso se alarga. Eu acho que ela sabia que seria eu sim, só esperava uma confirmação.

- Sim, serei eu.- Olho para minha xícara na mesa. Café pela metade, ainda quente.- E eu prometo ser o mais profissional possível, você sabe.

          Ela franziu o cenho de leve e desmanchou o sorriso aos poucos, me senti nua ali quando o fez. Eu queria me esconder mais uma vez.

- Não tem que ser tão robótica, podemos ser amigas, hm?- Entortou a cabeça de leve e mais uma vez seu olhar conversava.

- Quem sabe?- Levo a xícara a boca e tomo um gole do líquido sentindo que estava mais frio que eu pensava. Suspiro.

            Ela suspirou desta vez. Ela suspirou e parou, escorou no estofado do banco e me olhou, eu senti o olhar dela imediatamente. Fingi não ver e cruzei os braços a cima da mesa, subi o olhar devagarinho, tendo certeza de seu olhar. Ela me olha com seus castanhos claros que parecem tão ameaçadores, quando só estão ali, sem um sorriso acompanhado, as sobrancelhas desarmadas se curvam completando a feição de dó. Ela não me olha com dó, mas quer que eu tenha dó e facilite isso. Claro que me comove, por isso sinto estranha.
          Por alguns minutos nós não desviamos os olhares. Meu passado está ali e me manipula a arrepiar meu corpo todo, faz meu coração desabobar e eu me sentir uma adolescente medrosa novamente. Meu passado sabe o que faço, o que sou, quem me tornei, eu sei que sabe pois senão não estaria aqui nessa cafeteira fria, me contatando uma biografia sua, essa qual poderia ter pedido a outro profissional capacitado... mas eu sei o que meu passado era, eu sei o que meu passado faz, e quem se tornou. Eu sei melhor que qualquer outro profissional capacitado.

𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄𝐒 𝐒𝐓𝐄𝐈𝐍𝐅𝐄𝐋𝐃Onde histórias criam vida. Descubra agora