{6ª semana de aula – Domingo}
Milena Esquiriedo
16:55h
Apertei a campainha daquela mansão dos Dias e esperei pacientemente alguém abrir.
Já era de minha natureza ser uma garota tranquila. Acho que isso se deve ao fato de eu ser muito tímida desde criança. Eu me escondia atrás das pessoas, tampava meu rosto para fotos e odiava qualquer adulto que viesse conversar comigo. E crianças também.
Lembrar da minha timidez me fazia automaticamente recorrer às memorias da minha infância. Foi improvisada, longe de ser normal, e carregando muitos traumas desde a barriga, mas foi feliz. Eu era inocente demais para enxergar a maldade das pessoas por trás da minha história de vida. Sempre tentei puxar a culpa das coisas para mim, e nunca culpar as pessoas.
Minha infância não foi algo extraordinário, mas foi cheia de momentos em que eu estava feliz, mas não porque eu estava na presença de outras pessoas, mas sim porque eu me fazia feliz, sozinha. Eu me divertia nos meus próprios devaneios, mas existia momentos em que eu chorava sozinha também.
Sempre foi assim, eu comigo mesma. Encontrei todo o apoio que eu precisava em mim mesma, até eu ser adotada. E até eu vir para uma escola boa.
E aí, eu encontrei meus amigos, e o Mob.
Eu nunca imaginei que namoraria com ele. Nunca mesmo. Não me julgava suficientemente boa para namorar alguém, mas agora, ele me prova exatamente o contrário.
Saí dos meus pensamentos com Marcos abrindo a porta. Ele estava apenas com uma calça de moletom cinza, sem camisa. Imagino que estava deitado, já que ele amava deitar sem camiseta.
─ Oii. – ele disse, se aproximando e deixando um selinho em meus lábios.
─ Oioi. – eu respondi, logo vendo o garoto em minha frente me dar espaço para entrar.
Entrei na casa, logo esperando ele fechar a porta.
─ Vamos lá pra cima, eu deixei uns comes e bebes para nós. – ele disse, passando o braço por minha cintura.
─ Tá bom. – eu respondi, colocando uma mecha do cabelo atrás da minha orelha.
Começamos a subir os degraus daquela escada, que era enorme. Imaginava o trabalho que a empregada tinha para limpar isso tudo. É, eles têm empregada.
─ Tá quietinha hoje, o que aconteceu? – ele perguntou.
Marcos estava preocupado comigo nas últimas semanas. Me mandava mensagens direto, e se preocupava muito.
Tudo isso por uma cicatriz. Me lembro do dia que eu perguntei para uma das senhoras do orfanato de porque as outras crianças tinham as costas lisas e eu tinha uma cicatriz enorme e bem marcada. Ela não soube me explicar. Quando eu fui adotada, com 14 anos, meus pais me contaram.
Antes de alguém me contar sobre a minha própria história, me lembro de ter sonhado com alguma cena parecida. Um lugar meio rosado, quente e escuro. Eu ainda não conseguia abrir os olhos, mas uma dose de adrenalina foi liberada em mim quando senti algo tentando me puxar. Senti sangue escorrer por minhas costas, e depois se dissolver com as substancias daquela bolha. Aquele negócio enorme continuava a me puxar, e doía, doía muito. Podia sentir as minhas costas arderem a um nível insuportável. Ouvi gritos, e mais gritos e depois, eu voltei a fechar os olhos.
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𝐃𝐞𝐬𝐞𝐧𝐡𝐨𝐬 𝐕𝐚𝐥𝐞𝐦 𝐌𝐚𝐢𝐬 𝐪𝐮𝐞 𝐏𝐚𝐥𝐚𝐯𝐫𝐚𝐬, 𝘣𝘢𝘣𝘪𝘤𝘵𝘰𝘳
Romance𝐃𝐞𝐬𝐞𝐧𝐡𝐨𝐬 𝐕𝐚𝐥𝐞𝐦 𝐌𝐚𝐢𝐬 𝐪𝐮𝐞 𝐏𝐚𝐥𝐚𝐯𝐫𝐚𝐬 ▬☁ 𝖿𝖺𝗇𝖿𝗂𝖼𝗍𝗂𝗈𝗇 𝖻𝖺𝖻𝗂𝖼𝗍𝗈𝗋. 𝗗𝗿𝗮𝘄𝗶𝗻𝗴 𝘁𝗵𝗲 𝘄𝗼𝗿𝘀𝘁 𝗼𝗳 𝗺𝗲 ✍️ ⨳▬ 𝐒𝐘𝐍𝐎𝐏𝐒𝐈𝐒 ▬⨳ 𝐎𝐍𝐃𝐄, Victor Augusto, não era o tipo de pessoa que curtia um romance cli...
