Chapter 146 🦋 dor.

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Bárbara Passos

14/10 – Segunda-feira

06:40h


Desci as escadas em um ritmo lento. Não tinha força nem para caminhar direito.

Cheguei na cozinha e vi meu pai, que lia jornal, enquanto a minha mãe olhava o telefone.

─ Bom dia! – ela disse, tentando me animar. – Eu fiz panquecas.

Sorri, tentando mostrar o quanto estava feliz por ela tentar me agradar. Só que eu estava bem desanimada para demonstrar qualquer coisa.

─ Obrigada. – eu sorri.

Ela sorriu de volta e meu pai me olhou por cima dos óculos.

─ Eu sei que você amava muito o Victor, mas se ele já estava te tratando mal, não fazia mais sentido. Você fez bem.

Eu sentei para comer e achei melhor não falar nada sobre. Era óbvio que terminar foi um alívio para alguém que estava em uma situação igual a minha, mas eu não conseguia muito achar aquilo uma vantagem. Estava doendo muito, mesmo que estivesse pior antes.

─ Eu não sei. – eu disse.

─ Fique feliz. Você conquistou a faculdade dos seus sonhos e vai viver a vida dos seus sonhos. O mundo é muito grande, Babi. – ele disse.

Dei um meio sorriso e olhei para a sala, onde já tinham várias caixas separadas para embalar a mudança. Eu esqueci de comentar que meus pais ficaram um tanto quanto animados com a hipótese de irmos embora. Quer dizer, eu iria primeiro e eles iriam depois.

E sobre o Victor, eu sabia que meus pais não iam querer outro genro nunca mais. Ok, ele estava me fazendo mal, só que eles adoravam o Victor e tinham ainda muito carinho por ele.

E aquilo era dolorido de se lembrar.

Eu terminei de tomar café, saí de casa, coloquei os fones e caminhei até a minha escola. Eu não tinha nem força para chorar. A dor era imensa. A saudade era grande, tudo doía muito.

Mas eu tinha que ter terminado. Na verdade, deveria ter colocado um fim desde quando começou aquela palhaçada com a Suellen.

Eu tinha que me escolher pelo menos uma vez.

Eu entrei na escola e revirei os olhos quando o que eu previa de fato aconteceu: a primeira coisa que vi foi Victor e seus amigos. Crusher lhe dava tapinhas nas costas, parecia incentiva-lo, enquanto ele só passava as mãos no rosto, nervoso, estressado.

Coloquei o capuz do moletom e me concentrei na música que eu ouvia. Procurei pela Carolina e a encontrei na sala da turma A.

─ Nossa, que cara horrível. – ela disse.

─ Eu sei. – eu disse, apoiando a mochila na mesa.

─ O que aconteceu? – Jean perguntou.

─ É que... – falar em voz alta o que tinha acontecido me fez chorar. – Eu e o Victor não estamos mais juntos.

Eu falei bem rápido, na intenção de eles entenderem e eu não ter que repetir.

─ O que? – Tainá disse.

─ Não entendi nada. – Aly disse.

─ Nem eu. – Milena disse.

─ Eu e o Victor não estamos mais juntos. – eu disse, dessa vez mais devagar.

𝐃𝐞𝐬𝐞𝐧𝐡𝐨𝐬 𝐕𝐚𝐥𝐞𝐦 𝐌𝐚𝐢𝐬 𝐪𝐮𝐞 𝐏𝐚𝐥𝐚𝐯𝐫𝐚𝐬, 𝘣𝘢𝘣𝘪𝘤𝘵𝘰𝘳Onde histórias criam vida. Descubra agora