Chapter 145 🦋 nunca

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Bárbara Passos

09/10 – Quinta-feira

19:00h


Entrei chorando dentro de casa e logo meus pais me olharam, preocupados. Coloquei o envelope da minha faculdade em cima da mesa e fui direto para o quarto.

─ Se o Victor aparecer, não deixem ele entrar! Nunca! – eu gritei da escada e logo entrei no quarto, fechando a porta do quarto com força.

Eu deitei na cama, chorando como nunca antes. Doía muito. Já estávamos muito mal e era um alívio estar finalmente livre e não ter que esperar nada dele, mas ao mesmo tempo, doía. Todos os nossos momentos bons passavam pela minha cabeça e eu parecia ser atingida por um tiro quando lembrava que tudo aquilo não levou a nada. Tínhamos tantos planos, tantas coisas que queríamos realizar...

Era horrível.

Eu não tinha pedido um tempo, eu tinha encerrado tudo. Dei o anel em sua mão para nem precisar me preocupar com isso. Não valia a pena. Eu estava me machucando mais do que nunca e ficava cada vez mais dependente. A dor tinha se tornado insuportável.

Chorei por horas, até uma hora que adormeci. Eu estava tão cansada... Carregar um relacionamento todo nas costas doía. Eu chegava a sentir dores físicas, além de enjoo e uma dor imensa no peito ao lembrar que estava solteira.

O que era ser solteira, afinal?

O que era acordar sem as mensagens do Victor?

O que era passar os finais de semana sem ele na minha casa?

Ok, não fazíamos nenhuma dessas coisas há muito tempo, mas eu tinha esperança que voltássemos e que aquela fase passasse. Só que agora não tinhamos mais chances. Eu dei a história por encerrada.

Mas o que eu poderia fazer? Continuar a viver com aquela dor e fingir que tudo ocorria bem? Fingir que meu namorado continuava o mesmo?

Eu dormi mal durante toda a noite. Variava entre a briga, podia sentir suas mãos me tocando, seu corpo me abraçando e jurava ouvir seu coração bater. Eu devia estar louca. Na verdade, eu estava ficando louca.

Não conseguia parar de pensar em tudo o que estava acontecendo.

Obviamente eu ainda o amava e já sentia saudades. Talvez demore alguns anos até que esse sentimento passe, mas eu sei que demoraria para que Victor não fosse meu primeiro pensamento quando acordo de manhã. Demoraria para que quando eu olhasse para a minha cama, eu não lembrasse de todas os filmes que já vimos, todas as noites de sono que tivemos na minha cama e de todos os carinhos que eu dei e recebi nesse colchão. Seria difícil olhar para a minha escrivaninha e não lembrar dos cafés na cama que ele já me preparou, das flores que ali já deixou e de quando se apoiava ali, esperando que eu terminasse de me arrumar.

E também seria difícil olhar para o sofá sem lembrar de todos os filmes que vimos ali. Para a cozinha, toda a vez que ele me fez algo para comer, para a piscina...

E para a lanchonete da escola, para o StarBucks, para o cinema, o shopping, a escola, a quadra... Praticamente a cidade toda.

Eu só conseguiria não lembrar dele de maneira alguma se fosse para Marte, mas com certeza lá eu veria algum mísero detalhe que me lembrasse dele.

Eram coisas das quais eu não conseguia me distanciar. Se eu visse terra, me lembraria dos seus olhos castanhos. Se eu visse água, me lembraria do seu corpo cheio de gotas de água quando saía do banho ou do treino de basquete. Se eu visse algo preto, me lembraria dos seus cabelos. O branco me lembraria do seu sorriso, o cinza dos seus moletons, o vermelho das suas bochechas, o roxo de marcas de mordidas que as vezes ele me dava nas bochechas, rosa das flores que ele já me deu...

𝐃𝐞𝐬𝐞𝐧𝐡𝐨𝐬 𝐕𝐚𝐥𝐞𝐦 𝐌𝐚𝐢𝐬 𝐪𝐮𝐞 𝐏𝐚𝐥𝐚𝐯𝐫𝐚𝐬, 𝘣𝘢𝘣𝘪𝘤𝘵𝘰𝘳Onde histórias criam vida. Descubra agora