Chapter 153 🦋 voltar

270 30 30
                                    


Victor Augusto

03/11 – Sábado

20:00h


Eu estacionei o carro na frente da casa da Bárbara e relaxei no banco. Ficamos quietos por alguns minutos e logo eu olhei para ela.

Nenhum dos dois estava confortável de voltar pra casa. Tudo foi tão incrível na viagem e voltar para casa significava voltar para a rotina antiga: ir para escola, não ver ela, não falar com ela, voltar pra casa, beber, sentir saudade...

Ela me olhou de volta e acho que ela tinha o mesmo desconforto que eu. Sua mão foi até meu maxilar, fazendo um carinho leve ali.

─ O que foi? – ela perguntou com a voz baixa.

Eu não respondi, só cheguei mais perto do seu corpo e lhe dei um beijo leve nos lábios, pegando sua cintura e enlaçando nos meus braços. Eu me separei rapidamente dela, mas ainda com o rosto próximo e seu corpo nas minhas mãos. Ela continuou fazendo carinho no meu rosto e depois o transferiu para o meu pescoço, o que me deu vontade de beija-la mais um pouco. E foi isso que eu fiz.

Ficamos algum tempo nos beijando de forma leve e lenta. Era dolorido e agoniante pensar que poderia ser os últimos beijos e momentos.

Eu lhe dei um último selinho antes de nos separarmos completamente. Ficamos quietos por alguns segundos, até que eu resolvi perguntar o que tanto me dava agonia.

─ E agora? – eu perguntei. – O que vamos fazer?

─ Eu não sei. – ela disse.

─ Vai ser assim sempre? – eu perguntei, olhando nos seus olhos e lhe dando mais um selinho nos lábios.

─ Eu não sei... – ela disse. – Não dá pra fingir que nada aconteceu. A viagem foi ótima, mas se a gente voltar a namorar, as coisas vão precisar ser diferentes.

E tinha ainda o problema da minha cunhada, que sinceramente eu ainda não me sentia pronto pra contar pra ela. Se voltássemos a namorar, eu teria que contar... O que não era bom.

─ Eu sei. – eu disse. – Eu tô disposto a fazer dar certo. Podemos ir com mais calma se você quiser, eu não sei. Só não quero ficar longe.

Ela sorriu, enquanto olhava para mim.

─ Eu também não. – ela disse. – Me dá um tempo pra pensar, pode ser? É que eu não consigo só fechar os olhos pra tudo o que aconteceu quando terminamos. Eu sofri muito. E eu não quero sofrer aquele tanto de novo...

─ Não tem problema. – respondi. – Quando você se sentir melhor.

─ Tá bom. – ela disse.

E de novo, aquele silêncio. Confesso que fiquei um pouco chateado de ela ainda não querer voltar. Eu tinha altas expectativas, tinha até a caixinha das alianças no bolso.

Só que eu entendia ela e no final, é até bom que a gente não volte agora. Eu teria mais tempo para resolver o problema da Lizzie, sem ter que mentir pra ela.

Ela ficou olhando nos meus olhos e eu sentia que ela também não estava confortável de me deixar, mas ela sabia que seria melhor pra ela.

Olhar nos seus olhos me acalmava, acalmava a agonia de saber que eram altas as chances de aquela ser nossa última vez em não sei quanto tempo. Eu teria que esperar. E eu não estava com tanta paciência assim.

𝐃𝐞𝐬𝐞𝐧𝐡𝐨𝐬 𝐕𝐚𝐥𝐞𝐦 𝐌𝐚𝐢𝐬 𝐪𝐮𝐞 𝐏𝐚𝐥𝐚𝐯𝐫𝐚𝐬, 𝘣𝘢𝘣𝘪𝘤𝘵𝘰𝘳Onde histórias criam vida. Descubra agora