𝐃𝐞𝐬𝐞𝐧𝐡𝐨𝐬 𝐕𝐚𝐥𝐞𝐦 𝐌𝐚𝐢𝐬 𝐪𝐮𝐞 𝐏𝐚𝐥𝐚𝐯𝐫𝐚𝐬, 𝘣𝘢𝘣𝘪𝘤𝘵𝘰𝘳

Chapter 135 🦋 omg

Bárbara Passos

11/08 – Quinta-feira

18:00h

Eu estava sentada na recepção da clínica da minha sogra. Ou ex sogra? Tanto faz. Os meus fones estavam conectados no celular e eu ouvia Lovers. Uma música que não é nem um pouco boa para quem acabou de terminar um relacionamento longo e intenso, profundo.

Mas eu não ligo. Eu sempre gostei dessa música e não posso deixar só meu "ex" me atrapalhar até nisso.

Quem eu quero enganar? As lágrimas saíram dos meus olhos e então eu as sequei rapidamente. Aquela música me lembrava de vários momentos com Victor. E doía lembrar daquilo.

Não doía só o fato de "ser traída", mas também doía a dúvida. A dúvida se ele me traiu, se ele não me traiu, se foi tudo uma alucinação minha... Doía muito. Ao mesmo tempo que eu sentia que tinha feito o certo, eu conhecia Victor muito bem e eu vi o quanto ele estava tentando me manter, o quanto ele estava sendo sincero e o quanto ele se magoou de eu não querer confiar.

Mas, essa história com a Suellen não é de agora. Mais de um mês atrás ela voltou e nunca mais saiu das nossas vidas. Eu não entendo o porquê de ele não a retirar do nosso relacionamento e da vida dele... Eu realmente não entendia.

Ok, ela é realmente louca, mas custava dar uma situada nela? Custava me poupar de ver ela seduzindo o meu namorado e ele não fazendo nada? Custava me poupar de ver o meu namorado cheio de marcas de beijo no pescoço?

Não, não custava...

Mas, será que realmente valia a pena toda essa discussão e briga?

Eu não sabia responder. Estávamos sem nos falar a 1 semana, por culpa minha. Todos os dias ele me ligou, me mandou mensagens, me parou nos corredores da escola para conversar e quando não me encontrava, eu podia ver que ele me procurava.

Eu podia ver o quanto ele estava empenhado em se explicar, podia ver seus olhos inchados e muitas vezes com lágrimas, podia ver seu desespero. Eu também estava desesperada. Estávamos os dois na mesma situação.

Eu ainda o amo. E eu tenho plena consciência disso. Só que eu não aguentava mais. Ver a loira no colo dele, o beijando, o marcando... Foi a gota d'água. Foi um mês aturando a Suellen dar em cima dele e um dia, eu transbordei.

Eu não sei o que vai acontecer, eu não sei se realmente terminei ou se pedi um tempo, eu não sei. Eu não sei de mais nada. Victor era uma parte muito importante da minha vida, era uma cosia que me dava felicidade e consequentemente o nosso relacionamento era uma coisa extremamente importante para mim. Eu o amava, mas quando brigávamos, a minha tristeza era na mesma intensidade do meu amor. E assim, doía muito mais.

─ Bárbara? – minha sogra me chamou na recepção.

Levantei e ela me abraçou, me cumprimentando.

─ Vem, vamos para a minha sala. – ela disse.

Andamos até a sala dela, ela se sentou na sua cadeira e eu em uma das cadeiras para os pacientes.

─ E aí? Como você tá se sentindo? – ela perguntou, me olhando com doçura.

Eu sorri e as lágrimas já me invadiram.

─ Mal. – a água caiu dos meus olhos.

Ela pegou minha mão e começou a me confortar.

─ Quando Victor tinha uns 10 anos, o pai dele se transformou. A empresa dele começou a crescer muito, só que eu e o Victor fomos ficando de lado. O dinheiro tomou conta da cabeça dele, do tempo dele... Victor ficou desolado e em uma fase muito difícil: ele estava começando a crescer e se tornar um homem, e sem o pai presente, foi bem difícil se desenvolver. E então, eu fui traída. Eu descobri em um Natal, quando o pai dele me disse e depois quase me bateu, coisa que já tinha acontecido antes, mas eu nunca deixei Victor ver. – ela contou. – Eu sei como é. Eu sei o que você está sentindo e entendo que é doloroso falar sobre, mas coloca para fora. Esse é o tipo de dor que nos corrói por dentro.