Desculpe-me

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Desculpe-me, meu amor, eu fui cego. Demorei muito para apreciar o delicado traço que desenha seu rosto. O contorno da tua face, o singelo formato da tua boca. 
Perdoe-me, meu nariz falhou. Perdeu-se nos aromas que tua pele exala noite e dia. De manhã é paixão, de noite, desejo.
Veja, é sacrifício. Ouvir tua voz horas a fio, em transe, diariamente. Não é uma tortura, pelo contrário. Mas é impossível me concentrar em qualquer outra atividade enquanto me lembro de tal melodia.
Entrego-me, então, ao sentimento. Essa coisa que aparece diariamente para me consumir. O tempo todo criando motivos para me lembrar de ti. Talvez seja uma forma de defesa contra a crueldade do mundo. Afinal, a ternura do teu ser toma conta de tudo ao redor, inclusive do meu pensamento.
Deixe-me fluir, deixe-me viver. Não vou longe, prometo. A vida não se espalha sem uma fonte de energia. Assim, garanto, não há como ir além, sem minha motivação, que é você.

Essa toca que chamo de quartoOnde histórias criam vida. Descubra agora