Uma noite meio incomum. Chuva pingando lá fora e meu café pingando da xícara. Arte minha. Não tenho culpa se a ansiedade faz eu tirar a xícara da boca antes de desvira-la. Pois que pingue. Em minha roupa, na mesa, na cadeira, no chão. Aquela gotinha miserável que, mesmo sendo nada, acaba sendo muito. Principalmente por ser café. Ela é um nada. Mas o trabalho que eu terei de removê-la faz dela algo. Um algo incômodo, no caso.
E a chuva continua a pingar lá fora. Pinga, respinga, lava o chão, o telhado, a parede. E eu não estou nem ai. Mas aquela única gota de café, meu Deus. O sentido da vida passa a ser acabar com tal gota. Pode ser fácil, assim como pode não ser. Depende de onde ela cai. O café estava bom, mas essa gota...
Isso me lembra certas pessoas. São gotinhas em minha vida. Umas chegaram para acalmar, como a chuva. Outras são como essa gota de café. Embora eu goste, não me agrada a maneira como pingaram em minha vida. Algumas pessoas pingam em nossa vida no lugar errado. Em lugares que irão atrapalhar e serão difíceis de remover. Pingam e mancham. E como tirar essa mancha? Se souber, me ensine.
Mas somos bobos. Pois, mesmo sabendo que esses pingos irão incomodar, não desviramos a xícara antes de tirá-la da boca para impedir que mais pingos caiam.
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Essa toca que chamo de quarto
RandomE à noite, o único som que se ouve é o do teclado sendo judiado.