Glória da Morte

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Ruas limpas, mas há lixo espalhado. A sujeira real vem daqueles que transitam. Presos em suas mentes, olhos travados no infinito. Aqueles que cruzam seus caminhos nada mais são que borrões, obstáculos a serem desviados.
Cabe ao debate dizer quem é o responsável. Quem pratica, ou quem submete os praticantes. A imundície toma conta das calçadas ou guias. Quem orquestrou tudo? Quem omitiu o conhecimento?
Mundo sujo. Roubo, miséria, desespero. Mas, há os que possuem esperança. Isso é real? Seria um sentimento tão poderoso que sustenta um planeta inteiro? Não há como saber. Todos, do mais feliz ao mais triste, do mais desgraçado ao mais afortunado. Do rico, ao pobre. Dos mortos, àqueles que se dizem vivos. Sem exceção, todos são submissos ao ciclo. Ao sistema. Cedo ou tarde, tudo irá desabar.
Preparem-se, é inevitável. O colapso se aproxima. Não é profecia. Não sei o dia de amanhã. Mal que o diga, a morte, apesar de inevitável e certeira, não possuí data fixa. O degradê da desgraça apenas anuncia a decadência do mundo. Aos inocentes, minhas desculpas. Mesmo que inocência seja um termo relativo na questão. Aos culpados, nada a declarar. Não há necessidade. Vocês sempre foram cientes de tudo, mas escolheram ignorar e abdicar suas responsabilidades. Agora, tudo cairá sobre cada metro quadrado da Terra. Quiçá, metro cúbico.
Contemplem. O fim é próximo. A corda puxada uma única  vez faz o sino badalar por um tempo muito grande, não alto ou por tempo suficiente para alertar à todos, mas serve para que os sensatos possam gargalhar de suas caras antes do inevitável. Obrigado, senhoras e senhores. Ao fim, suas atitudes não passaram de uma mera piada de mau gosto. Esplêndida, singular, admirável. Controversa, porém. Pois, enquanto vocês se desesperam com as consequências, eu, e os demais, gargalhamos com o fato de que, vocês, que sempre juraram serem intocáveis, terão o mesmo fim que nós. Morte, inevitável. Mas, saber que o desespero de vocês é real, me faz arder no quinto dos infernos com um sorriso de orelha à orelha. Queimem, bastardos.

Essa toca que chamo de quartoOnde histórias criam vida. Descubra agora