Era um domingo. A ocasião não iria permitir-me lembrar. Mas a programação da rádio tornou esse dia inesquecível. Excepcional, diria eu. Calhou de algumas das nossas músicas tocarem. Nós não dançamos, mas, quieto, em meu canto, apreciei teu ar leve ao sentir o som. Como tu silenciava em trechos específicos, como teu sorriso surgia no começo de cada canção. Eu, de fora, te assistia. Não desejava fazer parte daquilo. Meu jeito e minha alma não se encaixavam nessa realidade. Mas, nada me impedia de atuar como telespectador. Cenas singelas, carregando seu sorriso, eram tudo que eu precisava ver. Sonhava que, um dia, seria eu o motivo de sua alegria. O som da minha voz a te enebriar, meu toque a te excitar.
Aquilo que foi real, tornou-se lembrança. Eu apenas não sei dizer o que meu sonhos se tornaram. O tempo passou, você se foi. Deixou-me agarrando o nada, na tentativa de te segurar. Não houve final feliz. Houve um fim seco, duro, triste. Um fim que, até hoje, não sei por quê ocorreu.
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Essa toca que chamo de quarto
RandomE à noite, o único som que se ouve é o do teclado sendo judiado.