Ia te desejar um feliz dia dos namorados. Dar um presente, talvez. Você sempre foi uma pessoa confusa. Mesmo eu te conhecendo bem, nunca soube como te presentear. As maiores surpresas que consegui fazer para ti foram os cafés da manhã na cama, ou mesmo na cozinha, quando era seu aniversário. Ou quando te pedi em namoro, mas ao invés de te dar uma aliança, coloquei uma amora na caixinha. Você adorava amoras. Digo isso no passado, pois tanta coisa mudou em você que não sei mais se cultiva os mesmos gostos. Lembro do nosso primeiro aniversário de namoro. Nós queríamos ir ao cinema ver um romance, mas choveu e não tínhamos guarda-chuva. Trocamos nosso programa por pipoca de micro-ondas e suco de laranja. Não importava o que fosse, bastava estarmos juntos e nossa alegria estaria feita.
Mas o tempo modelou você. O que antes colocava um sorriso em seu rosto, hoje tira no máximo um suspiro seu. As amoras não são mais tão doces para ti.
Minha casa ficou sem vida depois que você partiu. A cama que antes ficava suja com nosso suor, hoje fica suja com farelos de doces que como quando choro e lembro de você. A mesinha que eu colocava seu café da manhã, hoje eu insistentemente mantenho uma fotografia nossa. Aquela que tiramos sob uma amoreira. Sempre que olho nessa foto me lembro da primeira vez que roubei um sorriso seu. Coisa que fazia por prazer, só para ver seu sorriso em formato de Lua.
Antes eu te roubava sorrisos. Hoje, você rouba lágrimas de mim. Espero que um dia volte. Até lá, cuidarei da sua amoreira com carinho. Um beijo, com gosto de café.
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Essa toca que chamo de quarto
RandomE à noite, o único som que se ouve é o do teclado sendo judiado.