Oi. Cá entre nós, eu não sou ouro. Não sou prata, tampouco chego a ser platina. Eu sou cobre. Quimicamente falando, tão especial quanto os demais. Porém, o rubro da minha essência remete ao bom condutor de calor. E faço uso disso para transferir todo o ardor da minha paixão até você.
Olhe só, eu não sou diamante. Não sou rígido, dono de brilhos ofuscantes. Eu sou carvão. Fundamentalmente, eu e o diamante somos iguais, mas eu valho menos, sou mais sensível. Mas, dentre os dois, quem pode te aquecer, sou eu.
Olhe com cuidado, pois não sou uma jóia polida. Não tenho um padrão estético lapidado em mim contra minha vontade. Sou minério bruto, uma turmalina negra que não passou por nenhum tratamento além da lavagem. Sempre exibindo meus padrões únicos, deteriorados pela vivência desgastante.
Inale-me, não sou um Boticário. Não sou caro, não bagunço seu nariz ao chegar. Sou uma manhã morna, à beira de uma floresta, ao nascer do Sol. Não possuo fragrâncias marcantes, mas possuo a leve mistura dos aromas das plantas, o cheiro de terra molhada.
Oi, eu te mostrei que sou simples. Desses que faz cartinhas à mão, sela o envelope com uma vela colorida, borrifa um perfume no papel e enfeita com uma fita de cetim. Não sou de oferecer flores, pois estas murcham logo. Na impossibilidade de oferecer um jardim, lhe escrevo essa mensagem, pois o que sinto não é dourado, prateado ou qualquer outra cosia exorbitante. É apenas o puro e inocente amor.
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Essa toca que chamo de quarto
DiversosE à noite, o único som que se ouve é o do teclado sendo judiado.