39 │ 𝔞 𝔰𝔬𝔪𝔟𝔯𝔞 𝔡𝔬 𝔞𝔠𝔬𝔯𝔡𝔬

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"It's all I've got to keep myself sane, baby

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"It's all I've got to keep myself sane, baby."

RIDE

O quarto se fechava em torno dela num aperto claustrofóbico, enquanto Dahlia mergulhava em mais um pesadelo, o quinto da noite.

Mais um em que tinha como protagonista aquele garoto-fantasma.

Seus olhos eram como dois poços negros e sua boca escancarada, que embora não emitisse som, transmitia uma agonia que vibrava em seus ossos. Dahlia tentava gritar, mas não conseguia. O silêncio do sonho era absoluto, opressivo, até que um silvo apavorante cortou o breu, e a frase maldita surgiu como um chicote que atingira em cheio sua consciência:

"Você não deveria existir."

Ela acordou num sobressalto, um ofego forte escapando de seus lábios ressecados como se estivesse lutando por oxigênio. Sentada sob o silêncio da madrugada, Dahlia se via completamente encharcada de suor sobre a cama vasta, seu coração martelando no peito com a intensidade do terror que ainda não a deixara após o pesadelo.

Tremendo, ela se levantou, os passos hesitantes a guiando até o banheiro. A água fria que jogou no rosto fez seu corpo estremecer, mas o arrepio não era o suficiente para afastar a voz que ainda ecoava em sua mente.

"Você não deveria existir."

Por que aquela alma ficava gritando isso para ela?

Ela tentava não pensar nisso, mas a frase ressoava insistente, se negando a ir embora junto dos resquícios do pesadelo.

Dahlia encarou o espelho, mas o reflexo parecia pertencer a outra pessoa. Era seu rosto, seus olhos, mas havia algo sutilmente distorcido, distante, como se não fosse realmente ela. Uma parte oculta de si mesma que não conseguia identificar, algo profundamente enterrado, e isso fez o pavor se agitar em seu peito.

Apoiou as mãos sobre a pia, abaixando a cabeça e fechando os olhos. Respirou fundo, uma, duas, três vezes... tentava rearrumar a bagunça que era sua mente, varrendo para longe o medo que a preenchia sob o eco distante do pesadelo.

Aos poucos, seus pensamentos foram tomando outra vertente e ela quase desejou voltar para o sonho, pois... de repente, estava pensando em Kayta. E isso era perigoso demais. Era assustador a forma como sua mente se direcionava a ele tão rapidamente quando estava em busca de amparo.

Seus pensamentos trouxeram à tona decisões duvidosas bem recentes, preenchendo-a com a ansiedade. Aquelas palavras reverberaram em sua cabeça como um sussurro, insinuando que ela jamais seria capaz de lidar com a situação.

"Se é isso que quer, é isso que você terá. Eu vou aguentar. Mas garanto que você não vai."

A frase martelava como uma sentença. Onde estava com a cabeça?! Isso nunca daria certo.

FLORESCER PROFANOOnde histórias criam vida. Descubra agora