"Think about it, the darkness, the deepness. All the things that make me who I am."
MARINERS APARTMENT COMPLEX
O suave canto dos passarinhos foi o primeiro indicativo de que a manhã havia chegado.
Mesmo assim, o quarto mantinha-se numa escuridão maior do que seria razoável para um cômodo banhado pela luz das primeiras horas do dia. A característica se aplicava a qualquer lugar onde Kayta se fizesse presente.
Ninguém diria que três mortes, dois ferimentos graves e um incêndio antecedera aquele amanhecer tão pacífico.
Ele observou as belas curvas da morena ao seu lado – os cabelos pretos que escondiam os olhos carregados de maquiagem, a boca entreaberta pintada de vermelho, os seios medianos expostos aos raios de sol que esforçadamente adentravam a escuridão do quarto, o pêndulo de cristal de seu cordão brilhando num tom lilás sobre a pele do pescoço cheias de marcas feitas pela sua boca.
Ela ressonava num sono pesado, recuperando as energias que lhe haviam sido tiradas naquela madrugada, assim que se instalaram no loft abandonado em Saint Darrel.
Mas diferente dela, ele não estava cansado. Pelo contrário. Há décadas não se sentia tão vivo.
Refletia em silêncio sobre os acontecimentos da madrugada e as coisas que fora capaz de fazer, enquanto movimentava distraidamente uma pequena lâmina de cabo dourado entre os dedos.
Um embate direto com três soldados treinados da Doutrina jamais teria lhe concedido apenas dois cortes. Os ferimentos, embora ainda abertos e latejantes, sequer lhe exerciam dor.
Kayta nunca experienciara uma sensação tão pura de profundo poder como vinha sentindo nos últimos dias, e sabia que o motivo disso não era proveniente do corpo nu e curvilíneo da mulher que dormia pesadamente ao seu lado.
Todas as incontáveis noites de sexo com ela não lhe exercera sequer uma fagulha de toda a energia que ele vinha experienciando desde que beijou aquela garota, que parecia estar sempre prestes a encarar um pesadelo, com os olhos assustados e em alerta, disposta a feri-lo com uma faca de cozinha ou um punhal qualquer jogado na sua mesa de centro. Ela, que fazia perguntas certeiras, se esquivava de seus questionamentos e era protegida por ocultistas poderosas sem sequer ter conhecimento disso.
O que ela era, afinal?
Quando ela o questionou sobre isso, ele se conteve para não lhe fazer a mesma pergunta.
Ela é alguma coisa. A constatação parecia ambígua demais para o raciocínio aguçado de Kayta, mas era assim que ele vinha sendo capaz de lidar com qualquer coisa relacionado a ela.
Nenhuma resposta concreta e cada vez mais perguntas.
- Você não me contou como descobriram nossa localização. – ouviu o murmuro lamurioso da moça, que tinha o corpo nu colado ao seu sobre a cama. – Por que você chegou no meio da noite?
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FLORESCER PROFANO
Romance[ROMANCE SOBRENATURAL] 🔞 Anjos, demônios, bruxos, seguidores de diversos cultos e deuses. Há mais mistérios entre o céu e a terra do que se supõe a vã filosofia dos homens. Depois de perder sua maior confidente na vida, Dahlia se vê dividida entre...