33 │ 𝔰𝔞𝔩𝔳𝔞𝔠̧𝔞̃𝔬

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"Shared my body and my mind with you

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"Shared my body and my mind with you. That's all over now."

CRUEL WORLD

A imensa sombra etérea expelida pelo corpo de Dahlia cresceu diante dos olhos de Kayta.

O inccubu observou, com o olhar meticuloso em alerta, a massa amorfa e sinistra que aos poucos preenchia o quarto com uma presença demoníaca opressiva.

À medida que aquilo tomava forma, Kayta fora capaz de discernir o que poderia ser considerado os cabelos da criatura, que flutuavam em desordem feito serpentes vivas e retorcidas. Os olhos eram duas órbitas vazias, ardendo em uma luz branca infernal que parecia queimar em angústia qualquer alma que o encarasse.

O rosto era um borrão viscoso e negro, tal como o corpo disforme e de aparência encurvada. A aura demoníaca que emanava daquilo era de tal forma densa e sufocante, que podia ser visto à olho nu feito sombras fumegantes.

Um fino fio de energia conectava a criatura ao corpo de Dahlia, que permanecia estirada no chão frio do quarto, inconsciente. Esse filete de energia se alongou e se expandiu, abraçando o corpo da garota à medida em que a própria criatura se reduzia ao tamanho dela, envolvendo-a completamente como uma camada fina, quase transparente, de si mesmo.

Foi nesse momento que Dahlia se ergueu do chão, feito um corpo sem vida sendo comandado por ação necromântica. A cabeça baixa com os olhos fechados, os braços pendiam inertes e moles como os de um cadáver fresco. Uma marionete sob influência de seu titereiro infernal.

Pouca coisa na aparência dela havia mudado, mas a presença daquilo enchia o quarto com uma aura gelada e insuportável que distorcia tudo de belo que estivesse ali – e isso incluía o rosto angelical da menina que o inccubu secretamente se pegava admirando.

Dahlia ergueu lentamente o queixo e quando abriu os olhos, Kayta desejou que não tivesse o feito.

As írises castanhas haviam desaparecido, as pupilas não existiam mais. Era tudo esclera, branca e angustiante, cintilando como se estivessem acesos. Era um olhar vazio, perturbador, como se toda a essência boa da menina tivesse sido apagada e substituída por um profundo e agonizante... nada.

Kayta manteve a feição impassível, mesmo sentindo um frio cortante penetrando seus ossos.

Aquela criatura estava possuindo o corpo de Dahlia da forma mais grotesca sob o objetivo claro e calculado de garantir a própria proteção – pois sabia que Kayta hesitaria em atacar justo a garota que ele estava determinado a proteger.

A qualquer custo.

- Percebi resquícios da sua essência dentro daquele porão quando estive aqui a primeira vez. – Kayta murmurou, a voz grave e cautelosa. – Mas quando retornei, senti que você não estava mais presente há muito. – caminhou pelo quarto, tranquilamente, embora mal conseguisse respirar na presença daquela entidade. – Fiquei me perguntando para onde havia ido... – o encarou de soslaio, os olhos brancos de Dahlia, da criatura, já fixos em si, acompanhando cada movimento dele. – Não imaginei que estava tão perto todo esse tempo.

FLORESCER PROFANOOnde histórias criam vida. Descubra agora