Capítulo 20

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— O que você está falando?

— Sua mãe acabou de me ligar desesperada, ela viu naqueles grupos de k-pop, sei lá. Ela mandou as fotos e...

Não esperei ela terminar, continuei procurando meu celular até encontrá-lo e ver as milhares de ligações de minha mãe e de Ana, como várias notificações dos grupos. Não abri nenhum, liguei direto para Taemin, seu telefone foi direto para caixa postal. Tentei mais algumas vezes mesmo sabendo que iria acontecer a mesma coisa.

Minhas mãos tremiam e quando abri os grupos e vi as meninas tão apavoradas como eu. Não pensei em ler nada e ignorar as fotos da ambulância. Liguei para a pessoa que poderia me contar o que aconteceu.

No primeiro toque, me atendeu.

— Ana. — Não tinha percebido que estava chorando até a minha voz sair.

— Heloísa? Você está bem?

— O que aconteceu?

— Eu não sei, estou tentando entrar em contato com os meninos, mas ninguém me atende. A empresa ainda não se pronunciou, mas estão falando que o palco cedeu quando ele estava ensaiando.

— Tem certeza? Ele... alguém falou como ele estava?

— Não, ainda não.

— Se souber de qualquer coisa, me avisa, por favor.

Não esperei ela responder, apenas desliguei o celular e entrei em pânico e a chorar completamente desesperada.

— Heloísa, se acalma, ele deve estar bem.

— Como você tem certeza?

— Eu não sei, mas vamos pensar melhor, não deve ter sido nada.

— O palco cedeu, tia. Isso é perigoso demais. E se ele caiu em cima de algo e...

Sai da cama o mais rápido que consegui.

— Não, não, não, isso ele está bem. — Tentei discar o seu número novamente e nada. Meu coração apertou mais.

Enquanto esperava notícias de algum jeito, minha tia preparou um chá para tentar me acalmar, mas nada.

Quando Ana me ligou novamente, não ajudou nada.

— Consegui falar com o MinHo, mas aparentemente nem eles tem muitas notícias, sabe que ele quebrou alguns ossos e vai passar por uma cirurgia, mas só isso.

— E ele parecia nervoso? Preocupado? Com medo? Sei lá.

— Todos nós estamos assim, afinal parece que foi uma altura muito grande.

— Obrigada, Ana.

— Fica calma, você não pode se apavorar agora, assim que eu tiver mais notícias, eu te aviso.

— Obrigada! — Repeti.

Encarei o relógio piscar na tela da tv.

— Não posso ficar aqui.

— E para onde você vai?

— Até lá.

Puxei a minha mala do fundo do guarda-roupa e joguei algumas peças de roupa dentro.

— Até lá, onde? Está louca,Heloísa?

— Eu não vou ficar esperando notícias, eu preciso vê-lo.

— Claro, você vai até a Coréia?

— Vou.

— Ontem você não estava falando que não conseguia nem pensar nisso.

— Tia!

— Você está quase no seu limite, não vão deixar você viajar desse jeito. Você precisa ficar calma e se sentar.

— Tia, eu vou, querendo ou não.

Meu coração batia tão rápido que só segui os meus instintos. E ele gritava para ir até Taemin agora.

Ela tentou me impedir, até ver que o carro de aplicativo chegar e ter que me acompanhar.

— Você sabe que precisa de uma autorização do médico para viajar?

— Sei, e estou pronta para brigar com todo mundo que for preciso.

E fiz isso, até que o gerente me deu uma carta para eu assinasse assumindo total meu risco e da criança e se algo acontecesse a empresa estava totalmente isenta de qualquer coisa que viesse acontecer.

Fechei os meus olhos e com o coração na mão enfrentei todos os meus medos para encarar o meu maior, no momento. Perder Taemin.

Sempre que fechava os olhos lembrava do acidente do tio de Carlos e como era uma coisa tão boba e no fim, o levou.

Não, com o Taemin não.

Sempre que o medo me apavorava, pedia a Deus para que ele estivesse bem e que ele não partisse. E a minha agonia só teve fim quando o avião pousou em terra firme.

Tive que implorar para Ana me ajudar a encontrar o hospital e para minha surpresa, Kibum foi quem me recebeu na recepção.

— Quando Ana me contou, eu não acreditei, mas você realmente veio.

— Cadê ele? — Kibum riu.

— Venha, vou te levar até lá. — Gentilmente, ele tirou a mala de minhas mãos e me mostrou o caminho.

O hospital era enorme e para todos os lados que eu olhava havia seguranças.

— Tem tido muita gente tentando invadir o hospital ultimamente, tiveram que intensificar a segurança.

— E como ele está?

— Você mesma verá, já que veio até aqui, creio que seja melhor. Só tome cuidado.

Ele parou na frente de um quarto e sorriu. Ao abrir a porta. Os olhos castanhos de Taemin se abriram com curiosidade, ele parecia sonolento e havia algumas partes do corpo enfaixadas, a minha primeira reação foi correr até ele e o abraço.

— Heloísa? O que está fazendo aqui?

Quando me afastei, toquei o seu rosto, mas infelizmente não consegui olhá-lo direito porque as lágrimas embaçaram minha visão.

— Você está bem.

Ao ouvir sua risada, relaxei.

— Você veio até aqui para ver se eu estava bem?

— Eu estava com medo. Falaram que você caiu e ia fazer uma cirurgia e...

— Está tudo bem, meu amor. Acabei quebrando alguns ossos e bem, como bati a cabeça fizeram de tudo para saber se não foi nada grave, mas estou bem.

Finalmente pude sorrir.

— Eu exagerei?

— Só um pouco, mas estou feliz que você esteja aqui. — Ele beijou a minha testa e me afastou um pouco. — Deixaram você viajar? Você está quase para dar a luz, isso é...

— Estou bem, sabia dos riscos.

— É, desculpa atrapalhá-los, mas Heloísa, olhe...

Jink apontou para o chão e quando olhei, uma enorme poça enchia o chão e molhava toda a minha calça.

— Jinki, chame o médico agora. — Taemin tentou se levantar, mas deve ter sido uma dor forte já que gemeu e se encolheu. — Heloísa, sente-se ou não, não sei o que fazer, está sentindo algo? Alguma dor?

— Não, eu estou bem. — Verifiquei mais uma vez e percebi que um líquido vermelho começava a atingir o transparente. — Eu acho que estou.

A enfermeira entrou no quarto com um estrondo com uma cadeira de rodas. Não tive muito tempo para assimilar, só vi que logo estavam me tirando dali e Taemin parecia apavorado. Só me toquei que estava em trabalho de parto quando uma dor lacerante me nocauteou e vi tudo apagar. 

Shine - TaeminOnde histórias criam vida. Descubra agora