Capítulo 8

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Taemin comprou a sua passagem, por sorte ele conseguiu o reembolso do que tinha perdido, já eu, perdi completamente, talvez porque eu não tinha o charme que ele tinha. Era claro que a moça do guichê ia derreter por ele e apenas mudar o seu voo.

Ele me fez esperar no lado de fora do estacionamento. Com esse breve momento tive que ligar para minha mãe e explicar o ocorrido para que ela não ficasse me esperando à toa no aeroporto. Claro que houveram milhares de perguntas de sua parte, mas quando vi o rosto sorridente de Taemin acenando dentro de um carro tive que desligar.

— Como você tem um carro aqui?

— Não tenho, eu aluguei. — Ele sorriu mais ainda.

— Não sei o que faço com você. — Gastando tanto dinheiro por minha culpa, como ele não queria que eu me sentisse mal?

— Se você faz tanta questão que eu chegue a tempo para o meu voo esse foi o meio mais fácil e rápido.

— Ok, não vou mais discutir sobre isso com você. — ri baixinho.

— Obrigado!

Como eu era péssima explicando caminho, preferi colocar o gps para fazer isso para mim e Taemin o seguiu tão perfeitamente que chegamos no tempo recorde.

— Sua casa parece bonita. — disse curioso enquanto tirava minha mala do banco de trás.

— Custava ser, mas agora parece meio sem vida.

— Se você vai abandoná-la, é claro que vai estar.

Com as chaves na mão percebi que era a segunda vez que eu voltava para cá depois de tentar fugir. Era realmente tudo isso destino?

— Você não queria mesmo voltar para cá, né? — Taemin disse atrás de mim, despertando-me do meu devaneio.

— Praticamente, muitas memórias ruins. — Finalmente destrancei e percebi que ele entraria. — Antes de você entrar, devo avisar que não está um lugar muito preparado para visitas.

— Não ligo. — Ele deu de ombros.

Ele queria dizer que não ligava, mas quando parou na soleira da porta e viu os poucos móveis cobertos, congelou.

— Eu falei.

— Tudo bem, vamos deixar isso mais fácil para você. — Taemin deixou minha mala em um canto e se alongou.

— O que você vai fazer?

— Não vamos ficar aqui nesse escuro, não é? Vá sentar que vou abrir a casa para você e tirar esses panos todos.

— Não precisa. — Eu corri na frente dele e arranquei a capa do sofá. — Só senta aqui. — Agarrei o braço dele e o arrastei para o sofá. Por sorte, ele obedeceu, mas o silêncio pesou o ambiente.

Tentei procurar qualquer, qualquer coisa para que pudéssemos conversar, mas antes que conseguisse pegar em algo coerente, Taemin se levantou.

— Lembrei agora, consegui apenas comprar chá para fazer, você tem algum lugar onde eu posso preparar?

— Tenho panelas, mas eu mandei meu botijão de gás embora.

— Por que fez isso? — perguntou indignado.

— Porque eu ia embora, não tinha porque deixar aqui.

O seu suspiro agora foi o mais alto que tinha ouvido até agora.

— Eu já volto.

— Onde você vai?

— Dar um jeito, fica aqui e descansa, você passou por muita coisa. — Eu estava pronta para rebater, mas ele ergueu a mão. — Por favor.

Não tinha como negar quando ele fez uma expressão tão séria, fiz o que ele pediu e apenas o vi sair, mas ele nunca ia saber para onde ir, ou sabia? Se ele tivesse vindo quase sempre, talvez ele saberia o que estava fazendo.

Tentei relaxar ao encostar no sofá, mas a sua demora me fez impaciente e levantei para abrir as janelas e portas da casa, dando uma luz natural e deixando a poeira que se acumulou em tão pouco tempo fosse levada com o vento.

Liguei o notebook e o deixei rodando em qualquer filme na mesa de centro da sala enquanto esperava impaciente. Só percebi que estava roendo as unhas quando a maçaneta da porta virou e Taemin surgiu carregando uma xícara nas mãos.

— Onde você estava? — Levantei preocupada, pronta para voar em seu pescoço.

— Fui à sua vizinha e pedi para preparar o chá para mim. Aliás, ela adicionou um outro que é muito bom para acalmar, disse que talvez você durma bastante depois, mas tudo bem. — Sorrindo, me entregou a xícara.

— E ela apenas aceitou? Como ela te entendeu?

— Falo um pouco de português. — deu de ombros e apontou para a xicara. — Toma, vai te fazer bem.

— Vai me fazer dormir. — fiz careta.

— Não vou fazer nada a você, se é isso que te preocupa. E não faz mal para o bebê, me garanti disso.

— Não é com isso que estou preocupada, só não quero te deixar sozinho.

— Tudo bem, vou estar aqui quando você acordar e fora que parece que estar assistindo algo, posso me contentar com isso. — Taemin segurou minha mão e fez com que eu bebesse o chá até a última gota.

Passado alguns minutos o efeito calmante do chá começou a fazer efeito e quando percebi que estava quase dormindo com a cabeça em Taemin. Quando o olhei, sua mão ainda estava presa na minha, mas ele dormia. Seu sono parecia profundo e calmo. Ele era lindo até mesmo quando dormia.

Sorri e acabei encostando nele novamente, sentindo a sua temperatura aquecendo meu corpo e dormi. Dormi tranquila como não fazia a muito tempo.

O céu já estava escuro quando acordei, estava desnorteada e com dor no corpo, devia ter dormido demais. Notei que estava deitada no sofá com travesseiro e cobertor. Não estava assim antes. Levantei desesperada quando as mãos de Taemin me puxaram de volta. Ele estava sentado bem ao meu lado e não tinha notado.

— Pesadelo?

Neguei com a cabeça.

— Achei que tinha ido embora.

— Na verdade, eu tenho que ir daqui a pouco, esperava que acordasse antes para me despedir.

Seu sorriso não era alegre como das outras vezes. Fiquei profundamente arrependida de ter dormido ou ter convencido a pegar logo o próximo voo, ele nem tinha ido ainda e já estava sentindo um vazio.

— Já? Eu dormi tanto assim?

— Um pouco, mas se precisar de qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, você me liga. Deixei meu número pessoal anotado no seu celular. Se eu fosse você, tentaria não viajar por um tempo.

— Mas eu não quero ficar aqui sozinha, e nem posso me sustentar aqui sem trabalho.

— Trabalho é de menos, acho que consigo colocar você em alguma coisa, mas o mais importante, se você ficar aqui, vou tentar te visitar sempre que for possível. — Taemin sorriu e com um toque gentil tocou minha barriga. — Você não vai estar sozinha. — Ele se aproximou, automaticamente fechei os olhos. Estava esperando algo que no fundo não queria, mas prendi a respiração e esperei o toque dos seus lábios, mas não veio. O calor e a maciez dos seus lábios tocaram minha testa e quando o olhei novamente, ele sorriu. — Eu prometo.

— Por que? — perguntei sem voz.

— Porque você é a garota dos meus sonhos. 

Shine - TaeminOnde histórias criam vida. Descubra agora