Capítulo 30

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Estava quase saindo do shopping quando um policial nos parou.
— Boa noite, senhor. — vi Carlos congelar ao meu lado.
— Boa noite, como posso ajuda-lo?
— Nada demais, mas uma moça naquela loja alega que esse garotinho ao seu lado é o filho dela. — Ele apontou para uma loja de jogos perto de nós.
— O que? Não, ele é meu filho. — Puxei Yuri para o colo e o segurei com firmeza.
— Desculpa, senhora, mas preciso averiguar.
— Isso é um absurdo, esse menino é nosso filho, o que pensa fazendo uma acusação dessa? Por que iríamos roubar uma criança?
— Não sei, senhor, por isso estou aqui.
— Você sabe com quem está falando? — Carlos inflou o peito e assumiu uma posição mais grosseira. — Vou processar você e essa empresa de merda. — Apontou para o símbolo no peito do guarda.
— Vai processar a Polícia Civil?
— Bom, eu vou, que absurdo.
— Por favor, vocês terão que me acompanhar.
— Não irei acompanhar ninguém, estou indo para a minha casa. — Carlos segurou o meu pulso e puxou com força o suficiente para derrubar Yuri e eu no chão.
— Olha direito por onde anda, mulher. — Ele nos puxou e caminhou em direção das portas, mas o policial não estava sozinho. Outros dois seguranças o impediram de sair e o forçou a seguir até uma sala estranha no fundo do shopping.
— A senhora e o garoto estão bem? — O policial perguntou enquanto entregava um copo de água para nós.
— Sim, ele está mais calmo. — Afirmei após ter levado quase quinze minutos para Yuri parar de chorar.
— Peço perdão pela confusão.
— Está tudo bem. — Respirei fundo. — Quando podemos ir embora? Ele é meu filho, é verdade. Eu tenho todos os documentos.
— Posso dar uma olhada?
— Claro, só que a minha bolsa está no carro.
— Sem problema. Vamos conferir.

Carlos ficou a madrugada dentro da salinha, enquanto Yuri e eu ficamos ali sentados esperando. Meu corpo já começava a ceder quando o policial anterior retornou.
— Senhora, peço perdão por tudo, vamos te liberar agora. Verificamos o seu documento e da criança e eles batem.
Respirei aliviada.
— E Carlos?
— Ele terá que ficar mais um pouco.
— Mas ele não fez nada, e além do mais, não tenho como ir embora sozinha.
— Fica tranquila, a sua mãe já está aqui para leva-la para casa.
— A minha mãe? — Levantei com tudo acordando Yuri. — Ela está aqui?
O policial sorriu.
— Sim, está. Pode ir.
— Muito obrigada. — Chorando, o abracei e corri para a saída o mais rápido que podia com uma criança no braço.

E lá ela estava, minha mãe estava ali, me esperando com braços abertos.
— Mãe! — Ela nos abraçou com tanta força que podia sentir ficar sem ar, mas não me importei. — Como nos achou?
— Longa história. — Ela sorriu e beijou a minha bochecha. — Agora, finalmente pode conhecer meu neto. — Yuri foi para o braço da vó sonolento e nem percebeu quem era a pessoa que o segurava. — Ele é tão grande.
— Sim. — disse entre lágrimas.
— Estou em um hotel aqui perto, vamos.
— Não posso.
— Como não? Venha! — Ela tentou me pegar pela mão, mas me afastei. — Filha.
— Leve o Yuri, ele é mais importante.
— O que você quer dizer? Você também é. Ande, pare de graça.
— Eu preciso ficar com o Carlos.
— O que você quer com aquele louco?
— Eu preciso!
— Heloisa, o cara te manteve em cárcere privado por meses, como quer voltar para isso?
— Eu tenho meus motivos. Agora vá, leve Yuri para o mais longe possível. Por favor, mãe.
— Heloisa...
— MÃE, FAÇA O QUE ESTOU PEDINDO.
— Como o menino vai ficar sem a mãe?
— Ele tem o pai, entregue-o para Taemin.
— Helo, por que está falando isso?
— Se eu não ficar... ele ... ele...
— Ele o que?
— Ele acabar com tudo que eu amo, ele vai entregar tudo que ele tem para a mídia, vai destruir a vida de Taemin e prometeu... mata-lo.
— E você acredita nele? Pelo amor de Deus, Heloisa. A mídia inteira sabe de vocês, Taemin...
— Não importa. Carlos prometeu não tocar no Yuri e no Taemin se eu ficasse.
— Filha, — ela se aproximou e tocou meu rosto molhado. — acabou.
— Não...
— Acabou. Confia em mim? Eu sou a sua mãe.
— Você jura?
— Eu juro.

Cedi e parti com ela.

Ficamos juntas no hotel até o final de semana acabar. Nervosa, eu ficava olhando para a porta esperando alguém aparecer, alguém não, Carlos. E de fundo, as notícias passaram, esperando alguma coisa ruim.
— Heloisa! — Minha mãe me chamou e a olhei. — Você pode ficar calma?
— Tem certeza que é seguro sair desse hotel? — Apertei as unhas contra a pele e a encarei mais uma vez.
— Tenho, agora vamos? Nosso voo vai sair em poucas horas, temos que chegar antes.
— Ok.
Yuri foi junto comigo no colo. Ela ainda insistiu que ela deveria carregar o menino, mas não queria solta-lo. Como prometido, havia alguns seguranças ao redor e pude respirar um pouco mais calma.
— Ele ainda está preso? — perguntei apenas para confirmar.
— De novo essa pergunta?
— Só para confirmar.

A viagem para São Paulo foi calma, consegui dormir a maior parte do tempo, o que era uma vitória já que não precisei de qualquer remédio para isso.
Ao desembarcar, senti uma dor leve no peito, e olhei para minha mãe.
— Será que Taemin está bem? Carlos não pode ter ...
— Pergunte a ele. —  Ela apontou para frente e ouvi o grito de Yuri ao meu lado.
— PAPAI!!!!! — O garoto correu para os braços de Taemin. Ele o pegou nos braços e o rodou no ar.
Com passos cuidadosos, caminhei até ele. Ele estava chorando.
— Heloisa! — Ele tentou me abraçar, mas não deixei. Apenas toquei o seu rosto.
— Você está bem? — foi o que perguntei, ele e a minha mãe riram.
— Agora estou. — Ele me puxou em um abraço apertado. Afundei-me em lágrimas.
— Se eu estiver sonhando, não me deixe acordar. — pedi baixinho para Deus.
— Vamos para casa? — Taemin sussurrou em meu ouvido e concordei.
— Por favor.

Shine - TaeminOnde histórias criam vida. Descubra agora