Capítulo 19

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Claro que quando o quarto estava pronto e pudemos ver como ficou, ambos choramos. No fim, não sabia quem estava chorando mais.

— Se estamos chorando por um quarto, imagina quando ele nascer.

— Ainda não acredito que você decorou todo o quarto dessa cor, por que?

— Ele é fã do pai dele, o que posso fazer? — Dei os ombros e ignorei minhas próprias lágrimas para secar as suas. — Um pequeno shawol.

Taemin encostou minha testa em meu ombro, a sua mão tocou minha barriga e pude ouvi-lo chorar novamente.

— Eu sou tão sortudo por ter vocês. — sua voz era falha.

Minhas mãos automaticamente tocaram os seus cabelos roxos tentando acalmá-lo. Era a primeira vez que o via daquele jeito.

— Taemin, você está bem? — Ele negou com a cabeça e isso fez com que eu o abraçasse mais forte. — Quer falar sobre? — Ele negou mais uma vez, mas conforme acariciava a sua cabeça, ele começou a se acalmar. Seu choro foi diminuindo e seu abraço mais forte. Não sabia o que estava me deixando tão triste, mas se ele não queria falar sobre, eu não o forçaria.

— Eu tenho minha última consulta essa semana, posso tentar adiar para amanhã, o que acha?

— Acha que é possível? — Seu rosto voltou para mim e os seus olhos estavam levemente avermelhados. Eu tive que acaricia-lo, ele finalmente voltou.

— Posso usar o meu charme, se consegui conquistar você, posso conquistar o médico. — Taemin rosnou e me apertou contra a parede.

— Não ouse, você é minha.

Seus lábios me consumiram, o gosto salgado das lágrimas ainda estavam ali, mas agora tudo que tinha era a intensidade que sentia no seu beijo.

Se tinha uma coisa que aprendi com Taemin era que sempre que ele não conseguia expressar suficiente seu amor para mim, ele me beijava como se o mundo fosse acabar.

E ali, no meio de uma manhã quente e mesmo com a barriga enorme, Taemin me fez sentir mais do que amada, mas única e especial. Não importava quantas vezes eu atingisse o ápice, ele estava ali novamente, me fazendo derreter nos lençóis.

O mundo era tingido de nós dois.

Assim como ele chegou, ele partiu.

E ele não poderia voltar até que Yuri nascesse, ou até mais. Não sabíamos quando seria possível ele retornar, mas ele não deixou de preparar todo o quarto e até mesmo as malas para o dia do parto.

O seu rosto sério checando a lista na internet e se estava tudo ali antes de fechar a mala ainda estava presa na minha memória sempre que olhava para o tapete vazio agora. E sempre que lembrava que ele não estava ali, a solidão me entristecia.

Como queria que ele nunca precisasse voltar para o seu país. Queria ser mais um pouquinho egoísta e pedir para que ele não partisse mais, mas eu não podia. Porque sabia que ele amava os palcos tanto quanto me amava.

Só precisava ser forte o quanto fosse preciso, e tudo bem que ele não estivesse ali no momento do parto, mas pelo menos teria a sua força do outro lado da tela.

Estava cansada, com dores pelo corpo todo e extremamente irritada e a data marcada nem estava perto. Uma tia veio ficar comigo já que minha mãe não podia, mas até a sua respiração estava me irritando. Para ajudar Taemin estava tão estressado e nervoso que fazia dias desde a nossa última conversa.

Estava magoada com tal abandono, às vezes até me pegava pensando que talvez nem ao parto ele iria assistir mais.

Várias vezes tive que morder a bochecha porque sabia que minha irritação não tinha nada a ver com ele, mas porque não aguentava mais estar grávida. Parecia que as semanas passavam mais lentamente quando estava perto.

O anúncio do seu alistamento saiu e se havia uma coisa que eu não conseguia era parar de chorar. Dois anos era muito para ficar longe.

— Você deveria ir para lá então, já que ele não pode vir e nem te ligar esse tempo todo. — Minha tia também estava irritada com a minha irritação e choradeira.

— Se fosse fácil eu já estaria lá. — Não era como se eu não tivesse pensado nisso milhares e milhares de vezes, mas sempre que lembro do corredor se fechando, me apavorava.

— Faz um esforço, já que ele já fez tanto.

— EU SEI! — Gritei de irritação. Tranquei-me no quarto e verifiquei o celular mais uma vez para ter certeza que mais uma vez não havia nenhuma notícia dele, mas para a minha surpresa a sua primeira mensagem em dias dizia:

"Eu sinto a sua falta, eu te amo."

E como magia, eu estava mais aliviada.

Olhei a agenda mais uma vez seguindo o seu schedule e aquela seria uma semana importante já que seu comeback estava próximo e o último show antes de finalmente partir para o exército.

Não sabia se ficava feliz ou triste, mas ao menos essa mensagem significava que ele ainda pensava em mim.

Aquela noite consegui dormir depois de muito tempo.

Acordei assustada com a minha tia me sacudindo enquanto gritava meu nome.

— O que foi?

— Você precisa ver as notícias, agora.

— E? Por que? E que horas são?

— 9 horas e abre logo o seu celular!

Sonolenta procurei por meu celular que estava entre os lençóis. Impaciente ela estendeu o seu próprio.

— Taemin sofreu um acidente.

A sua última palavra soou lenta e distante. 

Shine - TaeminOnde histórias criam vida. Descubra agora