Shine - Taemin

Capítulo 22

O manager de Taemin foi quem me levou até o apartamento de Taemin, ele me ajudou com minhas malas enquanto eu carregava Yuri em meus braços. Uma senhora estava sentada no sofá assim que adentrei no ambiente e me assustei com a imensidão de caixas coloridas enchendo o lugar.
— Seja bem-vinda. — Ela veio em minha direção com passos grandes e me abraçou. — Achei que demoraria mais para chegar, ainda bem que terminamos o quartinho antes.  — Ela falava rápido enquanto acariciava o rosto de Yuri. — Ele ainda está chorando muito?
— Um pouco. — Sorri envergonhada porque ter um coreano tão simples, mas ao menos conseguia compreendê-la. A desvantagem de estar em um relacionamento onde um entendia o que outro falava, mas só respondia com outro idioma.
— Que bom, venha, vamos colocá-lo no berço.
- Vocês tem um berço aqui? — estava realmente surpresa.
— Claro, assim que Taemin nos contou, corremos para arrumarmos tudo, creio que vai ficar aqui, certo?
—  Eu não tenho certeza ainda.
— Bom, a decisão é apenas sua, mas saiba que vocês são bem-vindos.

Senti meu rosto corar e quando ela abriu a porta no meio do corredor, meu coração saltou. Como conseguiram preparar tantas coisas? Até a parede era da mesma cor de seu quarto no Brasil.
— Eu não sei se consegui reproduzir o que você tem no Brasil, mas espero que goste.
— Está idêntico. — Uma lágrima escorreu e a ouvi rir. — Muito obrigada... estou sem palavras.
— Não precisa agradecer, estamos felizes de vocês estarem aqui. Finalmente posso conhecer o meu neto. —Ela sorria lindamente. E mais lágrimas brotaram.
Eu realmente estava imersa em um mar de emoção.
— A senhora sabe que...— eu não queria acabar com a magia, mas ela precisava saber que Yuri não era filho de Taemin.
—  Você o ama? Meu filho? — Concordei rapidamente.
— Demorei um pouco para perceber o quanto eu o amava, mas hoje eu tenho certeza.
— E eu sei que te ama da mesma maneira, e mesmo que essa criança não tenha nenhum traço dele, se o Taemin dizer que é o seu filho, então será meu neto. Eu creio que um pai de verdade não é o biológico, e sim aquele que tem o filho no coração.
— A senhora está certa!
— Não se preocupe com nada, está bem? Posso? — Perguntou olhando para Yuri.
— Ah! Claro. — Entreguei-o com cuidado.
— Você deveria descansar um pouco. — acenei com a cabeça sentindo meu corpo pesar. — O seu quarto está na próxima porta.

Sai do quarto acanhada, sempre olhando para trás enquanto a mãe de Taemin ninava Yuri. Percebi que ainda não sabia o seu nome e seria totalmente vergonhoso voltar e perguntar. Deixaria para mais tarde.

Guiei-me até a próxima porta e senti estranha virando a maçaneta de uma porta que não conhecia. Será que tinha sido uma boa ideia ter vindo até aqui? Respirei fundo, e antes de seguir em frente, puxei minha mala para dentro.
Era o quarto que havia visto tantas vezes por vídeo chamada. Era o seu quarto. O seu cheiro era forte ali. Dei uma longa inspirada no ar ali e me acalmei. Caminhei por todo o cômodo, sentindo a textura dos tecidos que decoravam a janela, cama e travesseiro. A cama era incrivelmente macia ao toque. Queria me deitar ali, mas ainda tinha resquício de hospital.
Abri a mala e puxei um par de roupas. Com o desespero não percebi que havia dado a luz há pouco tempo e que agora minha enorme barriga se foi. Eu tinha apenas roupas de grávida.
Teria que ser aquelas até voltar para casa.
A suíte era grande e brilhante. Como nova e fiquei com medo de estragar qualquer coisa. Tomei o banho mais rápido e cuidadoso que pude, mas o fato de não ter box fez com que a água se espalhasse para todos os lados.
Aproveitei que ainda ouvia a mãe de Taemin cantar de dentro do quarto ao lado e explorei o apartamento atrás de um rodo e quando encontrei escondida atrás de um armário, corri novamente e sequei todo o banheiro.
Meu corpo todo doía.
— Com licença! — disse a ninguém e me aconcheguei na cama.
Quando o seu cheiro se tornou mais forte, dei um breve sorriso e apaguei.

Não tinha noção de que horas era quando acordei. O quarto estava escuro e silencioso. O cobertor grosso me encobria por completo e podia sentir o suor que se espalhava pelo corpo pelo calor.
Joguei o cobertor longe e segui para o banheiro. Uma toalha diferente se encontrava secando ao lado da minha, assim como o outro lado da cama estava bagunçada.
Pensei em correr pela casa, procurar por Yuri e até mesmo por Taemin, mas fingi estar controlada e saí do quarto para encontrar um céu cinza estampado na enorme janela da sala. Taemin estava sozinho, sentado no chão acompanhado de um lindo bebê adormecido em seu colo.

— A mamãe acordou!!
Antes que ele se levantasse., alcancei o sofá ao seu lado. Taemin delicadamente colocou Taemin em meu colo. Eu toquei os seus cabelos negros e acariciei seu rosto adormecido.
— Dormi muito?
— E profundamente. Eu derrubei várias coisas sem querer e você nem se quer se moveu. — disse rindo. E beijou meus lábios. — Boa tarde.
— Desculpa.
— Tudo bem, você precisa se acostumar com o jetlag e a mudança de horário.
— Com certeza. — ri. — Você faz parecer isso tão fácil quando você ia para o Brasil.
— Anos de prática, meu amor. — Ele se afastou e acabei o seguindo até a cozinha. — Vou preparar algo para você comer. — meu estômago roncou e ele sorriu.
Extremamente envergonhada, observei que uma mamadeira meio cheia pousava na mesa.
— Como você o alimentou? — Peguei a mamadeira e tentei adivinhar o que seria. — Você não...
— Jamais. Comprei uma fórmula que o pediatra passou, fica tranquila que é o mais natural da indústria.
— Como pode ter certeza? — fiz cara feia e a afastei.
— Pesquisei. E como você parecia precisar dormir, não queria te acordar, e Yuri não parava de chorar...
— Obrigada, mas preferia ser acordada.
— Irei me lembrar na próxima, vou até jogar aquela lata inteira fora agora. — E ele realmente fez. Tirou a lata do armário e o atirou no lixo.
— Desculpa. — sussurrei arrependida. Ele sorriu de canto enquanto cozinhava algo incrivelmente cheiroso. Meu estômago resmungou novamente.

Almocei, ou jantei. Não tinha certeza ainda com Taemin. No seu cardápio havia apenas comida coreana, mas não ousei reclamar já que ele sempre comia meus pratos brasileiros e amava.
Quando finalizamos, troquei a fralda de Yuri e o amamentei. Ainda era uma sensação extremamente estranha, mas o seu rostinho sereno tirava minha concentração da dor.

Enquanto ele adormecia em meu colo, senti os meus olhos umedeceram. Meus sentimentos eram uma bagunça completa.