— Eu sinto muito.
— Tudo bem, já fazem três anos. Ainda é difícil para todos nós, mas ver o pequeno Jonghyun correndo por aí com o mesmo rosto e expressão do pai, conforta nosso coração. — Ele suspirou e percebi que lutava para não começar a chorar. Com impulso, estendi a mão para tocar a sua. Ele forçou um sorriso. — A gravidez da Ana foi difícil depois do ocorrido, ela quase perdeu o bebê também por não se cuidar. — Ele retribuiu o toque, virando a sua palma e segurando a minha. — Vi como pode ser difícil cuidar de uma criança sozinha, mas não se descuide, sei pelo sorriso da Ana que vale a pena no final.
Ele sorriu mais, e tive que fazer o mesmo.
Quantas vezes me perguntei sentada sozinha em minha cama se deveria seguir em frente, e as respostas sempre foram a mesma, mesmo quando todos diziam o contrário. Eu ia conseguir sozinha, e não iria me arrepender.
— Obrigada, você é o primeiro que diz algo assim, nem minha mãe acredita que posso fazer isso sozinha.
— Pode ser difícil no começo, mas você parece ser uma garota forte e vai conseguir.
— Taemin! — Key se aproximou,
— O que foi? — Ele se levantou tão rápido que só percebi quando ele estava na frente de Key.
— Estamos atrasados, todo mundo estava te procurando.
— Tá bom, já estou indo. — Ele virou para me olhar e tudo que pude fazer foi sorrir e acenar incentivando para que fosse. — Eu vejo você mais tarde. — Ele acenou e sumiu entre as mesas do refeitório.
Observei a garrafa e alisei as gotas que escorriam por ela.
— Por que ele está sendo tão gentil, afinal?
Um arrepio me fez acordar para realidade, homens só queriam uma coisa e provavelmente ele estava tentando ganhar sendo gentil.
Travei os dentes, mas senti um desejo indescritível para engolir todo aquele líquido alaranjado.
— Se ele acha que pode conseguir alguma com isso, tá bem errado. — Abri a tampa com uma certa força desnecessária e coloquei tudo para dentro.
O líquido gelado escorreu pela minha garganta e todo o calor que estava sentindo antes se dissipou. Quando cheguei no final da bebida, encostei na cadeira sentindo mais enérgica e um pouco melhor.
Enfiei a garrafa na mochila para me lembrar de comprar mais daquilo porque pela primeira vez desde que descobri a gravidez não me senti mal tomando algo além de água.
Joguei a mochila nas costas depois de guardar o que não tinha conseguido terminar e partir para finalizar o trabalho.
Muitas entrevistas, youtubers, revistas, jornais, alguns canais pequenos, outros grandes, o microfone sempre estava apontado para eles. Pequenas pausas para a troca de entrevistador eram o suficiente para beber água e retocar a maquiagem. O flash ligado direto causava um calor infernal onde estava sentada e imaginar que estava apontado para eles quase que o dia poderia ser parecido com o que passei debaixo do sol.
A lua já brilhava no céu, era um novo ciclo, a lua nova.
Eu não era ligada a astrologias, mas sempre gostei de notar as mudanças da lua, porque sempre esperava que isso significava que algo também poderia mudar também. Talvez dessa vez seria que eu começaria em um trabalho novo em breve. Só precisava decidir logo qual seria.
Meu dedo anelar doía assim como o punho da mão esquerda. Segurar a câmera pesada era cansativo principalmente nos dias que tudo que eu fazia era ficar sentada para fotografar. Me movimentar era melhor porque as dores nas pernas fazia eu esquecer das mãos.
Enfiei os equipamentos na mochila e ajudei a desmontar outras.
Senti um par de olhos sempre em minha direção, evitei olhar porque não queria imaginar que Carol queria me matar por não contar nada antes. Ou pior, eu sabia que se me machucasse gravida ela que sofreria a bronca.
Para não causar nenhum problema a mais, peguei a bolsa e corri o mais rápido para o carro.
Ao fechar a porta do meu velho automóvel, puxei todo o ar possível e relaxei no banco. Estava sem coragem para dirigir até em casa e encontrar com o silêncio, mas isso era inevitável, alguma hora precisava ir.
No caminho pensei várias e várias vezes se agora que estava sem trabalho deveria voltar para casa da minha mãe e ajudá-la na fazenda. Eu sei que ela também me ajudaria na parte de ser mãe, coisa que não estava pronta para fazer sozinha. Precisava da ajuda da última pessoa que não me abandonou.
Quando estacionei na garagem e encarei a velha bicicleta do Carlos jogada no canto, decidi que ir embora era a melhor decisão, mas antes, começar a lidar com as coisas paradas.
Antes mesmo de entrar em casa, arrastei a velharia que ele fazia tanta questão de guardar até os entulhos do vizinho. Sabia que o caminhão da prefeitura viria logo buscar, então era melhor aproveitar.
Liguei para minha mãe depois disso e comprei a passagem.
Não seria fácil deixar a cidade, mas um dia eu voltaria.
![](https://img.wattpad.com/cover/289766906-288-k646432.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Shine - Taemin
Hayran KurguOnde uma mãe solo e de primeira viagem conhece alguém que vai mostrar que as vezes, pode valer a pena confiar novamente. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀♡♡♡ ‹ OBRA ORIGINAL. PLÁGIO É CRIME! › 2021