O sol estava muito quente, quente demais. O topo da minha cabeça fervia mesmo usando um boné para proteção.
O meu rosto ardia e nem que colocasse mais protetor ia adiantar. Era final de ano e não podia esperar menos do verão do Brasil, ou você queima ou torra.O show estava longe de começar, as arquibancadas ainda estavam vazias e apenas os fãs ardentes encolhiam a pista vip.
Não conseguia lembrar porque tinha aceitado esse emprego. A agitação não combinava comigo, aquela maldição me dava calafrios e desespero. Mesmo estando uma grade separada e com um espaço enorme para dividir com outros trezentos repórteres, ainda sentia o pânico me consumindo. A última vez que estive em um show grande, passei tão mau que precisei de uma semana para recuperar totalmente e agora aqui estava eu, em um tão grande quanto.
Respirei bem fundo e esvaziei a garrafa d'água tentando me acalmar, tentei fotografar um pouco também. Eu não poderia recusar aquele emprego, precisava de cada centavo que pudesse receber desse árduo trabalho, e ainda tinha meus trabalhos por fora, minha agenda não estava tão cheia, mas uma vez na semana poderia fotografar o que eu realmente gostava.
Quando a noite começou a cair, o show finalmente começou, assim como o meu trabalho.
Um grupo famoso da Coreia do Sul veio se apresentar no Brasil, aparentemente era um grupo já mais antigo já que a maioria das fãs não eram tão novas quanto do último show que fiz no Allianz Park. O nome do grupo ainda ecoava dentro da minha cabeça de tanto que ouvi as fãs gritarem em meu ouvido.Esqueci todos os problemas e até mesmo o café da manhã embrulhado no estômago e fiquei no que mais amava, fotografar momentos.
Como era uma das responsáveis principais, além de fotografar todo o grupo, também era de um integrante específico.
Todos eram lindos e simpáticos. Arriscavam-se no português que saia quase perfeito muitas vezes.
Para o meu desespero, algumas trocas de roupas, eles apareciam deixando parte do abdômen perfeitamente desenhado a mostra, o que deixava o calor que me consumia maior ainda.Eu não era muito fã de homens orientais, e sequer olhei muito para os outros grupos que trabalhei, mas esse em especial, eles claramente eram mais velhos e sedutores para a minha pessoa.
Não era mais uma garota jovem que poderia morrer de paixões por ídolos, mas aqueles pareciam exceções, principalmente vendo que eu não era única "tia" aqui que poderia estar babando sem querer em um dos integrantes:Quando a apresentação chegou ao fim, sentia minhas pernas bambas e moles, mas ainda tinha muito o que fazer. Não pude esperar a multidão sair, assim que o grupo se despediu, precisava correr para terminar o serviço.
Certifiquei o nome do integrante que era responsável.
Key.
Anotei ao lado a pronúncia correta bem ao lado "Ki".
O grupo que a chefe deu quando falei Key como se lê, ela quase voou em meu pescoço, afinal, as aulas de coreano que ela estava pagando para mim, era exatamente para que não acontecesse esses tipos de erros.
Tentei correr para alcançar os outros fotógrafos, mas quando cheguei ao corredor principal próximo ao camarim, não aguentei e desabei ali mesmo e vomitei todo o conteúdo que rondava meu estômago.
O chão logo ficou sujo e o cheiro ruim invadiu o ar. Eu queria parar, mas uma segunda onda de enjôo me consumiu e desabei mais uma vez.
Já era o meu emprego.
Uma mão quente e pesada posou em minhas costas e acariciou toda a sua extensão em uma tentativa de me acalmar.
E estranhamente deu certo.Quando o enjoo se foi junto com toda alimentação que tive aquele dia, senti os meus olhos cheios de lágrimas, talvez por causa do vômito, mas boa parte era por conta da claro demissão que eu levaria.
Virei para a pessoa atrás de mim e juntei as mãos.
- Desculpa, desculpa. Não foi de propósito, eu limpo tudo e...
A mão tocou em meu ombro dessa vez atraindo atenção e a voz tropeçando em um inglês inseguro perguntou:
- Você está bem? Precisa de um médico?Congelei ali mesmo, enquanto o corpo estava paralisado, meu coração batia ferozmente. Se estava falando em inglês só podia...
Meus olhos se encontraram com um par de olhos azuis preocupados. Os traços fortes denunciavam que não eram dali e que provavelmente aquela cor não era verdadeira.- Eu estou bem, desculpa incomoda-los. - Curvei-me como tinha aprendido e me afastei com cuidado de sua mão. - Eu preciso ir.
Precisava sair dali o mais rápido possível, eu estava proibida em ter contato com ídols, principalmente sozinha.
- Não, espere. - Ia correr, mas ele me alcançou e segurou meu braço. Notei que o seu semblante era sério, não parecia o mesmo cantor que dançava e cantava como anjo no palco. - Você não está bem.
- Ela não pode falar com a gente, melhor deixá-la ir. - o rapaz mais alto segurou o outro e falou em coreano, mas graças as aulas consegui compreender o que disse e concordei.
- Não me importo, não posso ver uma pessoa passando mal e apenas deixá-la. - Ele se afastou do seu companheiro e segurou minha cintura. - Venha, vou te levar até uma ambulância.Fazia muito tempo que não sentia o calor humano tão de perto. Ou melhor, não sentia um toque tão gentil como aquele.
- Eu realmente estou bem. - Tentei argumentar, mas ele me segurou com mais força e me levou até a ambulância mais próxima.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Shine - Taemin
FanfictionOnde uma mãe solo e de primeira viagem conhece alguém que vai mostrar que as vezes, pode valer a pena confiar novamente. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀♡♡♡ ‹ OBRA ORIGINAL. PLÁGIO É CRIME! › 2021