Raridade;
Totalmente abençoado por tudo que conquistei na minha vida até agora, e tudo que aprendi foi graças a minha mãe, dona Linda é rara, a joia mais linda que o cara lá de cima pode ter me presenteado, papo de que sem ela eu não vivo não.
Mulher se virou em vinte pra me criar, já que o genitor meteu o pé assim que soube da gravidez, dona Linda me ensinou as coisas mais raras da vida e uma delas é o respeito.
Virar dono de morro foi um baque pra ela, mais ela aceitou não perdi minha essência exercendo a gestão, aquele dia vi minha mãe chorar e espero que não faça nunca mais.
Sinto alguém sacudir meu corpo e abro os olhos.
Linda: Estão te chamando nesse radinho, vê logo o que é antes que eu taque no chão Ravi! — faz cara feia.
Dou risada e pego o radinho da mão dela, beijando sua testa e levantando.
Raridade: Vou fazer o almoço hoje mãe, pode dormir até mais tarde sou vou resolver uns câo na boca.
Linda: Trás o Xotinha, adoro aquele menino. — faço careta pra ela. — Faz aquele fricassé que só você sabe filho, e passa na Claudia na volta.
Faço joia com a mão, quando ela sai do meu quarto e entro no banheiro tomando uma ducha rápida, me vestindo com o conjunto branco da Lacoste e passando minha colônia da natura de bebê.
Saio do quarto pondo o radinho na cintura e a arma também vendo minha mãe já capotada na cama dela, gargalho e saio de casa descendo a pé pra boca, dando de cara com o tralha parado na porta.
Raridade: Qual foi? — faço toque com ele. — Bom
dia! — desejo pros vapores ali, que respondem e dou passagem pro Tralha entrar.Me sento na minha cadeira e ele na da frente.
Tralha: Preciso de um favor teu. — o olho. — Tô ligado que na tua favela tu não aceita agressão e tem uma garota lá da CDD que tá precisando de proteção pô.
Raridade: Nós tem dívida, então resolvendo esse câo não vai ter mais, fechou?
Tralha: Fechado pô, é com urgência mermo.
Raridade: Vai trazer ela quando? — ajeito uns papéis da mesa, guardando.
Tralha: Hoje, trago ela hoje. Valeu mermo. — faz toque comigo. — Tô indo no hospital ver ela e trago pô.
Raridade: Tá certo, sobe direto lá em casa quando chegar.
Ele assente e sai da sala, ainda eram nove da manhã e eu iria subir as onze e quarenta pra começar o almoço, olho pra porta vendo o xotinha se aproximar.
Xotinha: Gostoso! — afins a voz, dou risada e nego com a cabeça. — Sua mãe pediu pra avisar que foi pra ong, coroa quase me pegou na paulada.
Raridade: Porque? — pergunto, fazendo a contagem das bocas.
Xotinha: Estava quase comendo a carina no beco.
Raridade: Você é nojento pra caralho. — nego. — Não era pra tu tá na barreira não?
Xotinha: Putão tá no meu lugar. — sorri sem graça.
Raridade: Então vai pra cobrança e depois passa pra ver as obras das casas que precisam, vou arrumar esse fim de semana pra ser dois dias de gincana pras crianças, então sem baile.
Xotinha: Vou lá então. — faço joia vendo ele sair.
Passo a manhã resolvendo as coisas aqui dentro mesmo e olho no relógio vendo que eram onze e meia, guardo tudo no piso falso de baixo da minha cadeira e o arrumo direito.
Os papéis são super importantes e não deixaria de bobeira pra inimigo, não sei se todos agem na fé comigo.
Só precaução.
Subo pra casa falando com as crianças chegando da escola, e sorrio vendo o morro colorido. Fiz questão de pintar pra ficar bonitão.
O parque pras crianças já esta montado, vou inaugurar no fim de semana junto com a quadra de futebol.
Tudo pra eles e por eles, fora a ong da minha mãe que tem balé, aula de música, artes, cursos tem de tudo.
Distribuição de cestas básicas, roupas, a Penha tá forte e o melhor a se fazer é dar uma vida boa aos moradores.
Chego em casa e entro, já lavando as mãos e separando as coisas pra fazer o almoço, dona Linda escolheu fricassé e é isso que ela vai ter.
[...]
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Ravi Mello, Raridade.
28 anos.
Guto Dutra, Xotinha.
28 anos.
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Meu Adeus [M]
Fanfiction+16| Passe o tempo que for, sentirei teu amor, nas lembranças que não apaguei do coração.