um bom patrão

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Agora ele procurava entender o que era aquilo de alfa e ômega afinal fazia parte do texto do "contrato" que tentava ler. Falava de união, de vínculo e marca, de lobos e eternidade.

Zoro não entendeu nada. Ainda vendo livros confusos e vasculhando as gavetas para sua felicidade encontrou um celular, porém tinha uma senha impossível então desistiu.

Descobriu ser um cara de 32 anos com uma união de sete anos com um ômega chamado Sanji, provavelmente aquele cara cheiroso que o chamava de marido. Era um professor de história pela quantidade de livros de história antiga, um alcoólatra pela quantidade de garrafas vazias e não tinha muito mais que aquilo.

Ok, agora era o momento de deitar no chão em posição fetal e chorar chamando pela mãe.

Ele acordou no corpo de outra pessoa e pior, em um lugar muito estranho. Sentindo aquele cheiro doce misturado com orquídeas aumentar de repente o fazendo se arrepiar por inteiro sabia que aquele cara estava por perto. Por isso se afastou daquela sala realmente batendo de frente com os olhos azuis assim que abriu a porta.

Que perfume era aquele e como um homem podia cheirar tão doce?

- Mari- quer dizer, er, a-alfa, posso tirar o café da manhã da mesa?

O olhou tentando entender se isso era uma forma carinhosa de se chamar alguém naquele lugar. Não dava para entender.

Será se ele estava tendo um surto psicótico e imaginando um mundo alternativo? Não descartaria aquela possibilidade.

- Por que me chama assim?

Ele novamente voltou a careta confusa.

- Porque você é meu alfa.

- E o que isso significa? - Jogou verde.

- Que... fizemos uma união.

E não colheu nada. Suspirou encostando na parede e cruzando os braços já entediado. Como voltava pra sua casa?

- E eu te chamo assim também, de ômega?

Ele concordou muito obediente mesmo que parecendo cada vez mais desconfiado.

- O que exatamente significa você ser isso? - Precisava arrancar algo de útil daquele cara.

Sanji agora colocou a mão no rosto como se pensasse.

- Isso é um teste? Como você faz em sala de aula?... Ômegas mulher ou homem são o par natural do alfa. Alfas protegem o ômega e nós cuidados dos alfas, exclusivamente com quem se uni... Mesmo que a maioria não encontre o seu díade...

Aquela última parte foi dita muito baixa, mas Zoro ainda sim escutou perfeitamente.

- Díade, o que isso quer dizer afinal?

- D-desculpe. Só falei algo que aprendi, e-eu realmente... - Ele parecia tremer e se encolher a cada palavra como se tivesse dito algo muito errado.

Zoro só achava que ele parecia ter pavor desse tal marido dele. Ele era muito obediente e foram muitas as vezes que o viu assustado e pedir desculpas por qualquer coisa só naquela manhã. Talvez eles não fossem esse tal par, mesmo que no contrato estava que eles eram. E tinha uma estranha sensação que estava sentindo coisas estranhas pelo seu corpo. Como agora que sentia um medo agoniante.

- Ei tudo bem, só estou perguntando, não fica assim. Er, posso saber só mais uma coisa?

Sanji o olhou ainda com o cenho franzido e concordou.

- Onde eu aprendo sobre tudo isso? Sabe, é pra aula de hoje.

...

Como Sanji havia dito que seus livros favoritos estavam dentro do escritório voltou para dentro dando permissão, não sabia nem o porquê, para ele tirar a comida da mesa, não estava com cabeça nem estômago para comer. Selecionou vários livros já que não tinha nenhum computador. História era de longe a matéria que menos gostava, mas como se tratava de uma emergência não pensou muito antes de começar a ler.

Mas não demorou muito escutar um barulho incomodo e percebeu ser um celular. Abriu a gaveta o buscando vendo na tela escrito "diretor dos infernos", já tinha uma ideia do que se tratava. Pensou em nem atender, mas não podia ferrar a vida daquele cara, vai que o universo o castigava ainda mais.

- Alô?

"Roronoa onde caralhos você está? Você perdeu uma aula!"

Não soube porque, mas sentiu um arrepio pelo seu corpo de medo. Aquele cara tinha uma voz assustadora.

- Er, eu, estou...

"Não me venha de novo com essa merda de que seu ômega está doente que não cola mais! Espero você aqui no máximo em dez minutos sem cheiro nenhum de álcool e dando aula como nunca! Dessa vez é sério cacete!"

Ele desligou a chamada logo depois e Zoro coçou a cabeça confuso com o que fazer, ele mal sabia a história do seu mundo imagina dar aula da história de outro que ele nunca viu! Sentindo novamente o cheiro mais forte daquele loiro foi até a porta, era incrível como usando aquele perfume ele nunca o pegaria de surpresa. Sentia que podia até o perceber andando pela casa, era muito louco.

Ele parecia hesitante em bater e assustado como sempre se afastou assim que abriu a porta. Zoro tentou seu melhor sorriso.

- Pode me levar na escola?

Aquilo saiu meio estranho, mas ignorou vendo os olhos azuis aumentarem duas vezes de tamanho.

- Eu? Te levar?

- Sim, não tem carteira?

- Não... - Ele abaixou a cabeça. - O que aconteceu com você hoje? Está estranho marido, quer dizer, alfa. Desculpa.

Zoro respirou fundo antes de cruzar os braços.

- Olha, não estou gostando desse clima aqui. Mas se eu continuar aqui até amanhã nós conversa sobre isso, ok? Agora o chefe ligou e vai demitir seu marido se ele não aparecer na aula e fazer algo significativo além de beber então só me diz onde fica esse lugar que eu não quero ser castigado nesse teste do universo.

Sanji não entendeu, mas sabia que ele não podia perder o emprego então deu as coordenadas de quatro quadras abaixo onde a tal escola estava. Zoro desceu as escadas e saiu pela porta procurando pelo carro. A casa era grande como todas daquela rua, com muito mais natureza em volta do que estava acostumado.

O jardim bem cuidado tinha árvores e a rua era feita de pedrinhas e não asfalto. O tal carro era minúsculo, mas parecido com um polo horrível na cor marrom.

Sanji trouxe as chaves e uma maleta e o recém alfa tratou de parar de viajar maioneses e procurar esse lugar onde dava aulas.

Foi olhando em volta pelo caminho e parecia tudo normal, a escola também era bem comum de um ensino médio do seu mundo. Só tinha mais verde, ponto para a natureza.

Assim que entrou no corredor entretanto ficou meio nauseado sentindo cheiros fortes, doces, cítricos, amadeirados, e olha que não tinha ninguém por ali já que era horário de aula.

Seguiu para a diretoria pensando se naquele mundo - só podia ser outro mundo - as pessoas não tinham noção da quantidade de perfume a se usar.

Assim que encontrou o lugar e foi bater na porta ela abriu saindo um homem alto de cabelo prateado e cara de limão chupado que o olhou de cima a baixo como se estivesse o estranhando, o cheiro dele era o pior, parecia de pneu queimado e o olhava como se fosse o esquartejar a qualquer segundo.

- Vai trabalhar porra!

"bom dia pra você também. Que mal humor."

- Er, senhor, me desculpe, mas eu...

- Hm, essa é boa! Aprendeu educação?Eu já disse que não caio mais nas suas desculpas, todo dia é uma coisa diferente! - Apontou para o corredor. - Veio trabalhar ou buscar sua demissão?

Zoro suava frio, ele não sabia fazer aquele trabalho! Ele nem era o Zoro! Ele só era um designer gráfico desempregado de 24 anos sustentado pelo irmão. Mesmo assim sorriu amarelo, daqueles que a gente dá para o patrão quando cometemos um erro no serviço e somos descobertos. Olhou para as várias salas no corredor e sorriu de novo.

- Em que sala mesmo?

Realmente quando em Roma, faça como os romanos.

Um bom maridoOnde histórias criam vida. Descubra agora