Um bom bêbado

14.7K 1.2K 135
                                    

O homem grande jogado por cima de uma mesa acordou com dificuldade, percebeu que babava em cima de papéis e logo a fisgada em suas costas o mostrou que estava em uma péssima posição. Com cuidado se afastou se sentando corretamente tentando se lembrar onde encheu a cara noite passada já que sua cabeça doía como se fosse rachar e o gosto ruim em sua boca denunciava o álcool.

Se sentia detonado.

Meio tonto se levantou mal dizendo todas as entidades existentes e inexistentes, o que só piorou quando tropeçou em uma lata de lixo caindo no chão. Xingou alto e de saco cheio chutou a lata. Observou algumas garrafas vazias deslizarem para fora e rodar naquela sala...

Não conhecia aquele lugar. Parou percebendo, logo em seguida procurando seu celular, mas nada de o ver. Aquele lugar parecia um escritório, a mesa atrás de si de madeira escura, os armários pretos de ferro distribuídos nas paredes com muitos livros ou garrafas escuras com o que parecia bebida.

A sala estava escura com cortinas marrons grossas que mesmo assim não escondiam o dia claro pelas frestas. Definitivamente tinha algo de muito errado acontecendo.

Ele não se lembrava de ter saído de casa ontem e não fazia ideia de onde estava. Mais afoito se dirigiu para a porta, ainda devagar já que sua cabeça doía como o inferno igual suas costas e estava com enjoo o que o fazia massagear a barriga o tempo todo.

Saiu em um corredor também escuro e observou a casa espaçosa, mas mal arejada. Desceu somente de olho se não via seu celular ou encontrava alguém que o dissesse o que estava acontecendo e como saiu de casa e bebeu até perder a noção de tudo.

Assim que pisou na sala percebeu um cheiro diferente, de flores e de comida, ovos fritos, pão recém saído do forno, bolo e café, eram muitos cheiros bons misturados. Sua barriga pareceu até acalmar o enjoo e se concentrar somente em apreciar.

Seja lá onde estivesse pelo menos teria um café da manhã descente. Foi em direção a cozinha, grande como toda a casa, mas não viu ninguém. A mesa estava cheia de comidas, tudo perfeitamente organizado e limpo, sentia o cheiro de limpeza de longe, até um pouco exagerado.

- Bom dia, alguém? - Finalmente se manifestou, o cenho franzido para todo aquele banquete.

Percebeu que na parede onde ficava a pia atrás do balcão tinha uma entrada e de lá não demorou um homem magro, de cabelos loiros e olhos azuis surpresos surgir usando um avental azul.

- Marido? Bom dia, a mesa está pronta!

O homem parado e confuso olhou para trás, para os lados e riu de repente, seu peito acelerado e pele arrepiada, mesmo que não parasse para reparar naquela sensação estranha.

- Quem?

O loiro ficou parado somente o olhando como se pensasse no que falar ou esperasse mais alguma outra reação do homem em sua frente.

- Er, eu te conheço?

Novamente o silêncio de resposta, antes do loiro se aproximar dando a volta no balcão e parando em frente levando a mão ao seu rosto. A sensação estranha só aumentou e ele percebeu que todo aquele cheiro doce misturado com flores parecia vim dele.

- Você não parece bem. Vou te dar um chá de casca...

- Não! - Disse de supetão apenas porque odiava chá de qualquer coisa que fosse, preferia mil vezes um comprimido gigante. Mas parece que o loiro se assustou pois recolheu a mão rapidamente e encolheu travado.

- Desculpe, marido.

Ele até abaixou a cabeça.

- Ei, foi mal. Afinal por que está me chamando assim? Eu não sou gay, que brincadeira é essa.... Espera... - Se calou finalmente pensando em algo. E se ele dormiu na noite passada com aquele cara?! - A-a g-gente?... Eu e v-você. Meu deus... Q-quero dizer, o que aconteceu ontem?

O cara de cheiro doce muito confuso voltou a olhar para ele ainda hesitante encolhido em sua frente. Fazendo muito bem o seu papel.

- Depois do jantar você foi para o escritório e dormiu lá.

Não entendendo absolutamente nada somente puxou uma cadeira e se sentou antes que se estressasse novamente com aquele cara e aquela brincadeira. O loiro realmente ficou assustado naquele momento e não queria ser tão sem noção assim.

- Isso é algum tipo de jogo? Meu irmão está por trás disso? - Ainda se sentia enjoado então somente ficou olhando uns mexidos de ovo sobre o que parecia torrada. Parecia tão gostoso.

- V-você voltou a falar com seu irmão? Isso...

- Cara, seu nome por favor?

Ele agora realmente o olhou como se visse duas cabeças em uma.

- Zoro, pode parar com isso? E-eu só vou estender a roupa e já volto.

Ele foi se afastar, mas foi parado com a mão em seu braço. Voltou-se o olhando confuso, os olhos eram de um azul puríssimo daqueles que nos lembram gente da realeza e por um segundo o homem se perguntou onde seu irmão encontrou aquele cara bonito.

Logo seu irmão, que tinha a mania de sair com feios. Balançou a cabeça achando seus pensamentos estranhos demais. Ainda agarrado ao cara desconhecido que o chamava de marido e Zoro, sentiu o enjoo mudar para queimação em seu peito e aquilo se tornar tão desconfortável que o fez agarrar sua camisa com força.

Estava até suando e com falta de ar e em meio ao cheiro intenso e doce ouviu ao longe aquele cara continuar o chamando de marido, ele parecia realmente preocupado, o sentia preocupado.



-----------------

link da playlist: https://spotify.link/IS1bW6aVhDb

Pensem nesse cara como o Mackenyu (Zoro da série) e o marido do Sanji o Zoro do anime

Diáde: par romântico, casal com vínculo, almas gêmeas

Vínculo: compartilha sentimentos e sensações, localização, proteção mútua.

União: juramento, casamento. Não necessariamente significa ser marcado.

Marca: mordida que o alfa faz com quem compartilha vínculo, proteção para o par. Apenas entre díades pois só pode fazer uma ligação com quem o lobo escolhe

Um bom maridoOnde histórias criam vida. Descubra agora