No momento em que retorno para dentro da casa, o cheiro delicioso de comida italiana invade o meu nariz, só aí eu percebi o quão faminta eu estava, a única coisa que eu havia comido o dia inteiro foi uma banana no café da manhã.
América e eu adentramos a grande cozinha e suas mães já estavam sentadas a mesa, pacientemente nos esperando juntar a elas. Por um segundo, meus olhos caíram sobre a mulher sentada ao lado de Maria, seus profundos olhos verdes se encontraram com os meus antes que eu pudesse fazer qualquer coisa. Ela se levantou e caminhou até mim, meus olhos seguiram seu corpo conforme ela se aproximava, rapidamente estendi a mão em um cumprimento, sua pequena e delicada, mas forte mão segurou a minha.
— É bom finalmente te conhecer Sra. Romanoff. - eu disse assim que recuperei minha voz, ela me soltou e eu timidamente esfreguei minha palma em meu jeans preto, me livrando do suor.
— Concordo. - disse, formalmente.
Assim que nos sentamos em torno da larga mesa de jantar, Maria pegou uma colher e dividiu a lasanha que ela mesma preparou em nossos pratos, eu esperei até que todas começassem a comer e quando o fizeram, mordi um exagerado pedaço, o que foi o suficiente para confirmar que Maria era uma ótima cozinheira, eu genuinamente não consigo me lembrar da última vez em que comi algo tão bom.
— Então S/N, você tem alguma idéia do que deseja fazer quando terminar o ensino médio? - Maria perguntou, tentando iniciar uma conversa.
Eu ainda tinha um pouco de comida na boca então tentei engolir rápido, mas como ainda estava quente, eu tive um pouco de dificuldade, e quando eu digo um pouco, eu quis dizer muita. Sra. Romanoff pareceu perceber, já que ela mesma capturou a jarra com água em cima da mesa e encheu o meu copo, eu lancei a ela um olhar de agradecimento e tomei um longo gole.
— Estou pensando em estudar medicina na NYU, na verdade me inscrevi na semana passada. - contei orgulhosa.
Eu sempre quis fazer algo que envolvesse ajudar as pessoas, quando o meu avô estava doente, eu tive tanta fascinação pelos médicos que ajudaram ele, eu quis ser parte daquilo desde então.
— Isso é muito impressionante, eu tenho certeza que a América irá sentir muito a sua falta. - Maria piscou para mim e tudo o que eu fiz foi concordar com a cabeça, tímida.
Eu não gostava de pensar que talvez eu tenha que me mudar para o outro lado do país e deixar minha namorada para trás, felizmente ainda tínhamos alguns meses.
Enquanto América e suas mães continuavam a falar sobre a faculdade, discretamente meus olhos se voltaram para a Sra. Romanoff. Você poderia dizer que a América puxou o visual dela, elas não tinham a mesma cor de cabelo e olhos, os olhos da América eram castanhos escuro, mas elas tinham as mesmas características. Eu me perguntava o quão velha ela era, América me revelou não ser adotada e sim resultado de uma inseminação artificial muito bem sucedida, e isso aconteceu quando suas mães eram ainda muito jovens. Eu acho que ela estava no final dos seus trinta, no máximo.
De repente Sra. Romanoff olhou pra mim e eu senti o meu rosto queimar em um vermelho ardente, eu espero que ela não pense que eu estava a examinando, porque isso seria vergonhoso.
— S/N na verdade é meia brasileira. - América contou e eu a encarei, porque diabos ela traria esse assunto a tona?
Eu me mantive absorta tanto tempo assim?
— Sério? Posso te ouvir falar algo em português? - Sra. Romanoff perguntou, até pareceu que ela estava me desafiando se levar em consideração a forma como ela olhava pra mim e eu estava mais do que disposta a aceitar esse desafio.
— Sim senhora, meu pai nasceu no Brasil, também tenho uma irmã mais velha, seu nome é Michelle. - ela estava surpresa, eu pude notar pela forma como ela assentia, enquanto tentava disfarçar que sorria.
Eu olhei para baixo, ao me dar conta que eu não conseguia conter o sorriso também. Eu fui trazida de volta para a realidade quando América colocou sua mão em minha coxa, ela me pegou tão desprevenida que eu acabei batendo o braço no meu prato ainda cheio com lasanha, o fazendo cair direto em meu colo.
— Merda! - eu murmurei, tentando tirar a comida da minha roupa, fazendo piorar a situação espalhando agora para o chão.
Em questão de segundos, Maria correu para o meu lado e me ajudou a limpar o máximo que se era possível limpar, eu levantei a cabeça a olhando através dos cílios, completamente envergonhada. Para o meu alívio, ela não pareceu nem um pouco brava, foi naquele momento que eu decidi que realmente gostava dela.
— Me desculpa, eu não consigo acreditar no quão desastrada eu sou! - eu me desculpei.
— Está tudo bem, querida, sério. América, leve a S/N lá pra cima e dê a ela algo limpo pra vestir, sim? - Maria ordenou.
Eu sem pestanejar segui América até o andar de cima, ainda me sentindo muito envergonhada, quando entramos no seu banheiro, eu retirei minha calça e a deixei no chão mesmo, enquanto isso, América saiu até seu quarto para buscar um short para substituir e o jogou em minha direção.
— Meu Deus, eu sou uma idiota! - resmunguei ao agarrar o short, tudo o que a América conseguia fazer era rir histericamente. Eu revirei os olhos em resposta a ela.
— Isso não tem graça, América, sério! Suas mães provavelmente me odeiam agora.
Caminhei para fora do banheiro e me sentei na cama da América, ela aproximou e se ajoelhou em minha frente, segurou minhas mãos nas dela e falou enquanto olhava diretamente em meus olhos:
— Ninguém poderia odiar você, S/N, apenas relaxe, termine de se arrumar e eu já volto, tem essa garota que derrubou lasanha por todo o chão e agora eu tenho que colocar seu jeans na máquina de lavar. - América piscou, o sorriso brincalhão de antes voltou a seu rosto e, eu mostrei a língua pra ela antes que ela deixasse o quarto.
Me levantei, me posicionando de frente para o espelho em sua parede, observando minhas pernas, eu gemi quando percebi o quão vermelhas estavam, acho que me queimei um pouquinho. Eu voltei para o banheiro e alcancei uma toalha, abri o chuveiro e deixei o pano molhar, desliguei e gentilmente passei o pano agora encharcado em minhas pernas queimadas, esperando que fosse amenizar a dor.
Depois de fazer isso por um minuto ou dois, eu escutei América voltar para o cômodo, então eu deixei a toalha no canto junto de sua roupa suja e fui até ela no quarto.
— Eu acho que queimei -
Me faltaram palavras no momento em que cruzei o olhar com ninguém mais ninguém menos que a Sra. Romanoff, eu olhei para ela com lágrimas contidas nos olhos e mesmo que eu agora usasse shorts, ainda sim me sentia despida diante seu olhar autoritário, sem conseguir me desviar dela, não fazendo idéia do motivo qual ela estava ali em primeiro lugar. Quero dizer, ela com certeza sabia que eu estava aqui me trocando, né?
Poderia dizer que eu estava confusa, mas eu sequer tive tempo para pensar em uma teoria do porquê ela veio até aqui, porque a Sra. Romanoff falou, sua voz rouca preenchendo todo o quarto e deixando arrepios por todo o meu corpo.
— Termine de se limpar e desça, nós temos sobremesa. - ela estava preparada para deixar o quarto, mas antes de sair voltou a se virar para mim, seus penetrantes olhos olhando direto nos meus. — E se você xingar na minha casa outra vez, suas coxas não serão a única coisa que ficará vermelha.
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Be Mine (natasha/you)
FanfictionS/N está namorando América Hill C. Romanoff a algum tempo, tendo isso em mente, ela decide que está finalmente na hora de dar o próximo passo: conhecer a sua família. Não tendo a certeza do que pensar sobre a atenção a mais que a Sra. Romanoff tem d...