are you crazy?

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Era quarta-feira e também o nosso quarto dia aqui em Miami, estávamos deitadas na praia, pois hoje era o dia mais quente desde que estivemos aqui. Eu não podia reclamar, adorei esse lugar e não estava pronta para ir embora em apenas três dias, o tempo voa quando você está se divertindo. E cara, eu estava me divertindo, essas férias foram tudo o que a minha vida em Los Angeles não foi, eu me sentia como uma princesa, eu poderia simplesmente estalar os dedos e pedir à governanta - sim, trouxeram a governanta para a viagem - uma limonada fresca e ela pegaria para mim imediatamente, ou qualquer outra coisa. Mas não era só isso, eu também estava gostando do fato de ter duas mulheres aqui que me adoravam.

Eu sei que era injusto, não apenas com a América, mas também com a Maria, mas era como se eu não pudesse mais controlar, já era tarde demais, eu me perdia completamente e totalmente quando se tratava de Natasha Romanoff.

Depois da noite passada, eu fiquei repetindo esse dilema na minha cabeça onde eu não sabia se contaria a América sobre como eu me sinto ou se simplesmente deixaria as coisas como estão. É claro que eu nunca contaria a ela sobre os meus sentimentos crescentes por Natasha, mas contaria como os meus sentimentos por ela haviam mudado, eventualmente. Eu queria ser honesta com ela, ela merece saber como eu realmente me sinto. Quando começamos a namorar, éramos muito mais próximas e agora parecia que somos mais amigas do que namoradas, fazia cinco dias, eu acho, que não fazíamos amor.

Ou é isso o que todos os casais passam? O período de lua de mel é divertido e emocionante, mas depois disso fica meio chato?

Eu me perguntava constantemente se a América estava percebendo isso também, ela estava bem com o fato da nossa rotina e relacionamento estar se tornando comum e entendiante? Eu mal podia imaginar, América sempre gostou de aventuras e de viver a vida ao máximo, assim como eu, se nós duas éramos daquele jeito, então como acabamos assim?

Abri os olhos para ver o que a América estava fazendo e como o esperado ela estava dormindo, com um boné descansando sobre o seu rosto, eu me virei na minha toalha estendida na areia e estudei o rosto de Natasha, que tranquilamente lia um livro. Maria estava nadando no mar, então eu vi isso como uma das minhas poucas oportunidades de ficar mais íntima dela.

— Você sabe o que eu odeio? Essas linhas feias do biquíni nas minhas costas depois do bronzeamento. - eu falei, olhando para ela para ver como ela reagiria.

Ela não parou, e continuou lendo o seu livro.

Neste ponto eu entendi exatamente o que ela estava fazendo, agindo como se não notasse nada, mas ao mesmo tempo vendo tudo. Se ela queria jogar dessa maneira, tudo bem para mim, eu ficaria feliz em participar deste joguinho.

Natasha estava usando óculos escuros, então para o meu desgosto, eu não podia ver com precisão para onde ela estava olhando, mas posso dizer o que ela certamente estava olhando quando eu lentamente mas seguramente desamarrei a parte de cima do meu biquíni e o joguei na direção dela, agindo como se fosse a coisa mais normal de se fazer.

Vi muitos homens e mulheres também, passando ou apenas deitados na praia ao lado de suas esposas/maridos e filhos olhando para mim, apreciando a vista como se nunca tivessem visto peitos antes ou pior ainda, julgando e, aparentemente eu não fui a única que notou os olhares a mais, porque em um segundo Natasha se levantou e jogou o biquíni na minha cara.

— Você está louca? Todo mundo está olhando para você! Coloque essa coisa de volta, agora! - ela ordenou em um volume que só eu podia ouvir, e talvez América se ela não estivesse dormindo.

Eu fiz uma careta para ela, bancando a sonsa.

— Eu não entendo o problema, senhora, você pode andar por aí em seu biquíni minúsculo, certo? Então, por que eu não posso mostrar um pouco mais também? - eu perguntei inocentemente.

Não tinha nada a ver uma coisa com a outra, até porque digamos que a minha roupa de banho, conseguia ser mais reveladora do que a dela em tantas maneiras, eu só queria mesmo um jeito rápido de provocá-la e eu havia conseguido.

Ela balançou a cabeça furiosa e decidiu fazer a ação sozinha, ela pegou o top do biquíni caído na areia e rapidamente o colocou de volta no meu corpo, todo esse tempo eu não estava fazendo nada além de sorrir de orelha a orelha, curtindo o fato de como isso a afetou.

— Não se atreva a fazer uma merda dessas de novo. - ela sussurrou em meu ouvido, ciente do fato de que as pessoas ainda estavam assistindo e provavelmente desconfiadas do tipo de relacionamento fodido de mãe e filha que nós tínhamos.

— O que está acontecendo aqui? - uma voz atrás de nos perguntou e meus olhos se arregalaram quando eu percebi que era a Maria que acabara de voltar.

Senti como Natasha se levantou rápida e bem neste momento eu me perguntei se este era o nosso fim, o meu fim. Se Maria tivesse visto tudo, ela poderia ter descoberto o que estava acontecendo entre Natasha e eu - bom, se ela for um pouco esperta, sim - e, eu não sabia o que faria se fosse esse o caso.

Enquanto eu estava aqui em pânico pela a minha vida, Natasha falou, parecendo confiante como sempre.

— As costas da S/N estavam começando a queimar, então alguém precisava colocar um pouco de protetor solar nela, América adormeceu, então eu a ajudei.

— Então, onde está o protetor solar? - Maria perguntou e eu lutei contra a vontade de me levantar e partir o seu lindo rostinho ao meio.

Em que momento isso virou um interrogatório?

— Sim, ainda está na bolsa, eu estava prestes a me levantar pra pegar. - Natasha continuou mentindo e eu esperava que ela acreditasse nela.

Maria assentiu e foi até a sacola grande que trouxemos para a praia, enquanto eu observava cada movimento dela, ela pegou o protetor solar e o estendeu para Natasha, a ruiva casualmente pegou e colocou um pouco do creme na mão, antes de se ajoelhar e esfregar nas minhas costas. Ela estava agindo tão calma e controlada enquanto eu estava aqui parecendo que tinha acabado de ver um fantasma, respirei fundo e tentei relaxar novamente, acho que era seguro dizer que Maria não tinha visto nada, ou ela não deixaria Natasha esfregar as minhas costas agora.

Depois que ela terminou, Natasha devolveu o protetor solar de volta para a bolsa e sentou-se na cadeira de praia ao lado de Maria. Eu sabia que sempre delirava sobre como eu não tinha medo de nada, mas deixe-me lhes dizer  que nesse momento eu estava praticamente me cagando.

Não só fui quase presa por mostrar os meus peitos na frente de um bando de crianças em uma praia pública, mas isso poderia ter sido o fim de tudo, por causa de algo tão estúpido. Poderia ter sido o fim do meu relacionamento conturbado - se é que posso chamar assim - com a Natasha, poderia ter sido o fim da minha vida social se Maria decidisse contar ao mundo o que fizemos, também poderia ter sido o fim da carreira de Natasha, mas além de tudo isso também poderia significar o meu fim e o de América.

Eu nunca realmente percebi antes quais seriam as consequências dessa "coisa" entre Natasha e eu, até agora, este não era um caso fofo e clichê que estávamos tendo, não era um filme de romance, isso poderia destruir seriamente tantas coisas se a verdade viesse à tona.

Perceber tudo isso me deixou ciente do fato de que tínhamos que ser muito mais cuidadosas do que já éramos, um simples erro e acabou, acabou a diversão. E mesmo que eu pudesse acabar com tudo agora, o que provavelmente seria a melhor coisa a se fazer, a opção mais sensata e o caminho mais fácil a se seguir, até porque esse relacionamento era um tanto quanto tóxico, eu não estava pronta para terminar ainda, eu estava quase indo para a faculdade em apenas alguns meses - talvez eu vá - e esta pode ser a última vez que eu possa passar um tempo legal e considerável com a Natasha, eu não poderia deixar passar essa incrível oportunidade, não importa o risco.

Não seria nenhum um pouco realista pensar que Natasha viria me visitar em Nova York, ela vindo e me levando para jantar em um bom restaurante, talvez até ir ao cinema depois disso, simplesmente não ia acontecer e eu tinha idade suficiente para entender isso, e é por isso que eu queria aproveitar o tempo que passamos juntas um pouco mais.

Be Mine (natasha/you) Onde histórias criam vida. Descubra agora