i'm going to hell.

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Minha casa era tudo o que a casa da América não era, enquanto sua casa estava mais para uma mansão, a minha era pequena e chata.

Eu morava no leste de LA e as pessoas não falavam exatamente com carinho desse lado da cidade, o que era meio dramático na minha opinião, claro, tinha um trombadinha uma vez ou outra solto pelo bairro e, às vezes brigas aconteciam, mas não era como se as pessoas aqui fossem mortas diariamente, isso é mentira.

Eu estava parada em frente a minha casa, acenando de volta para a América, e assim que ela deu partida, eu procurei pela minha chave na minha mochila e abri a porta, sem querer a fechando com muita força atrás de mim. Enquanto seguia para a cozinha, joguei minha mochila no chão, com a cara de desaprovação da minha mãe em minha mente, ela odiava quando eu deixava minhas coisas espalhadas pela casa, mesmo que aqui fosse tudo uma bagunça de qualquer forma.

Eu não consegui comer o suficiente durante o jantar e já me encontrava morta de fome, eu geralmente como mais do que eu comi hoje, mais do que uma banana, mas eu estava nervosa demais pra isso, além de que eu derrubei metade da comida em meu colo, desperdiçando lasanha das boas. Eu abri a geladeira e como o esperado, não tinha muita coisa pra comer além de duas fatias de pizza, coloquei um prato com os dois pedaços no micro-ondas, preparando o alarme para daqui meio minuto, enquanto esperava, me encostei no canto da cozinha, com a cabeça ainda nos acontecimentos de mais cedo, eu ainda não tinha a certeza do que pensar sobre a mãe da minha namorada, eu sei que o comentário sobre me bater foi inapropriado, mas eu provavelmente não estava sabendo interpretar a situação como um todo.

— Oi, maninha. - uma voz atrás de mim disse, me dando um susto do caralho.

Eu pensava que a essa hora minha mãe já estivesse dormindo e a última coisa que eu estava esperando era encontrar minha querida irmã em casa.

Me virei para ela e ergui minha sobrancelha, surpresa, mas ao mesmo tempo irritada.

— O que você está fazendo aqui? Não deveria estar com o seu namorado?

Há uns dois dias atrás, minha irmã anunciou que estava namorando ninguém mais ninguém menos do que o Peter Parker, o mesmo Peter que estudou comigo durante toda a minha vida e ainda estuda, desde então minha mãe e eu não tínhamos notícias dela, até agora. Ela sempre agia assim toda vez que conhecia alguém novo, simplesmente desaparecia e fazia o que queria, quando queria, sequer me incomodava mais, era a sua própria vida que ela estava arruinando.

MJ estava despreocupadamente arrumando o seu cabelo no reflexo do micro-ondas quando deu de ombros e disse:

— Eu terminei com ele.

Eu fiz uma careta, mas sabia que não deveria reagir a essa babaquice, já que era exatamente o que ela queria que eu fizesse. Pobre do Peter, mas não era como se eu não tivesse o avisado sobre o quão cruel ela pode ser.

O micro-ondas finalmente começou a apitar e eu peguei um prato no armário, esperando um segundo até que a fumaça desaparecesse antes de tirar um pedaço de pizza pra fora.

— E como anda o seu relacionamento com a riquinha? Se eu puder te dar um conselho, não se torne uma puta igual a nossa mãe. - MJ disse depois de dar uma mordida no meu pedaço de pizza, quase queimando a sua boca no processo.

"Olha quem fala" eu pensei em dizer, e revirei os olhos diante o apelido que ela dera a América, optando por a ignorar, não era a primeira vez que MJ fazia comentários doentios como aquele sobre mim e a minha mãe, mas nós já a entendíamos para saber que reagir a qualquer coisa que ela dizia, não era o melhor a se fazer.

Eu acho que ela estava só muito entendiada com a própria vida.

E ela continuou:

— Quero dizer, eu só estou tomando conta da minha irmã mais nova, uma puta suja na nossa família é o suficiente, você não acha? Pelo menos vocês não podem engravidar, não do jeito bom pelo menos, imagina só, terminar como a mamãe, grávida aos 15 de um homem que ela mal conhecia em um país qual ela sequer fala a língua. Não é o futuro que eu desejo pra você, irmãzinha.

Be Mine (natasha/you) Onde histórias criam vida. Descubra agora