3 VEZES NÓS - TIME,TEM E TAY

SUTIL PROPOSTA

Tay não se importava com muitas coisas, mas seu canto reservado era algo que ele priorizava. Que ele era extremamente antissocial, ele não escondia. Na verdade, Tay tinha apenas uma obsessão: sexo. Não era como se ele fosse louco por fetiches, nada disso. Ele simplesmente amava fazer sexo, mas não se relacionar. Por razões óbvias, ele não queria ser o traidor da relação.

A boate, então, se tornou seu excelente negócio, pessoal e profissional. Ele tinha apenas uma regra: ele sempre escolhia, e não o contrário.

Estava deitado quando seu amigo e gerente o acordou.

— Você vai usar sua área VIP hoje?
— Talvez. Mas qual o motivo da pergunta?
Pete mexeu no celular e mostrou a tela.
— Lembra que fizemos sorteios para novos membros? Hoje alguns vão aparecer.
Tay colocou a mão nos olhos, tirando algumas mechas de cabelo.
— Estamos tão pobres a ponto de fazer sorteio para novos participantes?

Pete se deitou ao lado do branquelo.
— Não estamos pobres. Estamos esgotados. O sorteio é justamente para isso... temos poucas entradas.
— Eu lhe disse que sexo "dava" dinheiro e você aí "dando" de graça.

— Eu não estou nem dando de graça nem pagando, Tay. A seca aqui está grande. Ao contrário de você.
Pete olhou para Tay de rabo de olho.

— Eu procuro sexo e você amor. Nossa diferença é somente essa.

Pete concordou. Era verdade. Pete sonhava com amor. Dinheiro ele tinha, lindo ele já era. Levantou-se rapidamente.
— Um dos casais vai ocupar sua área... Quem sabe saberemos se eles são do lado do Sexo ou do lado do amor.
— Eu não me importo. Pagando é o mais importante.
— Só pensa em dinheiro né?

Pete saiu sem esperar a resposta.
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Ele não iria na boate, mas  foi. Entrou no escritório e ficou por lá, olhando entre os espelhos, visualizando o casal em sua área VIP. Eles não estavam se agarrando, não estavam se comendo, apenas estavam lá, rindo e bebendo. Ele ligou seu painel com as câmeras, para ver se era realmente isso. Os dois vieram para uma boate de prazeres noturnos para conversarem? Para isso, tinha o parque, e era de graça.

Mas algo o impedia de desligar a tela. Eram dois homens, um mais jovem, esbelto, vestido com uma simples calça jeans rasgada e um moletom. Bebia uma bebida que, pelo amor das deusas, era uma vergonha para a humanidade. Se uma criança bebesse daquela bebida, não ficaria nem tonta. Já o outro estava vestido com roupas elegantes, o estilo mais sedutor. Se ele trouxe o jovem com segundas intenções, não demonstrava. Apenas sorria, escutando o que o outro falava.

Quando estava disposto a ir embora, viu o clima esquentar. O mais novo beijou o companheiro com gosto, desceu a blusa do outro e ficou deslizando a mão ali. O outro estava olhando com uma paixão tão intensa que Tay se sentiu intimidado.

Mas, para sua surpresa, não evoluiu para sexo. O mais velho abraçou o acompanhante, beijou mais algumas vezes e começou a se organizar para ir embora.

Tay correu ao encontro do gerente, puxou o tablet da mão do rapaz, falando que depois explicaria.
Se colocou do lado da recepção, ansioso. Quando levantou o olhar, não estava esperando uma surra de beleza. A câmera não fazia jus ao casal na sua frente.

— Boa noite. Gostaria de encerrar minha conta.
— Boa noite. Poderia me informar sobre seu código?

Quando ele digitou, descobriu a ligação dos dois. Time era o titular, e Tem o acompanhante.

— Seu acesso tem a noite toda liberada.
— Não. Estamos indo agora.

Tay se sentiu ofendido. Eles não gostaram da boate? Aquela boate era a cara dele e a alma.

— Algum problema com a boate? Podemos melhorar sua experiência conosco?

Tem se aproximou dessa vez.

— Não temos nenhum problema com a boate. Not problema.

Tay riu com a tentativa dele de falar em inglês.Time abraçou o namorado.
— Agora vê porque estamos indo. Ele já está bêbado. Até esqueceu que não sabe falar inglês fluentemente.

Tay sorrindo escreveu algo no ticket e entregou. Olhou para os dois.
— Cortesia minha para vocês. Eu sou bilíngue, caso queira provar mais línguas, posso ajudar...  Com os dois.

Frisou ainda com os dedos. Ele poderia apanhar agora, mas não iria deixar uma oportunidade passar.

Time olhou duas vezes para o papel e entregou para Tem, que mais uma vez sorriu.
— Quem sabe amanhã.Vamos falar disso amanhã, porque hoje não vai rolar.

Tem foi quem respondeu, deixando Tay um pouco atordoado. Não queria ser clichê, mas pelo o porte do outro,achou que quem responderia seria Time, com seu olhar sedutor e possessivo.
Time só acenou e segurou Tem pela cintura. Dando um leve adeus.

Antes mesmo de Tay pensar, o gerente já estava em sua cola.
— Que palhaçada foi essa? — Pete nem sabia o que falar.

— Hum, nada.
— Você não é fura-olho. Você não fica espionando casal transando e você nunca finalizou um acesso na vida.

— Pete, menos. Eu não sou fura-olho. Eu falei com os dois igualmente.

— Eu desisto. Você é um caso perdido.
— Sou mesmo, mas quem sabe com aqueles dois eu acabo de me achar.
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