3 VEZES NÓS - TIME,TEM E TAY

TRÂNSITO

O casal não ligou. Tay tinha todos os dados, mas não ligou também. Era antiético, de certa forma, e ele não saberia para quem ligar. Afinal, quem era o "dono" daquela conta?O convite foi feito para os dois.

A boate fervilhava todas as noites, e algumas dessas noites chamaram a atenção de Tay, que não era bobo e não perdia tempo. Mas em um dia tranquilo, enquanto dirigia seu carro, percebeu uma confusão. Seria algo banal se ele não reconhecesse a pessoa que estava saindo do outro carro, assustada. Não pensou duas vezes, estacionou.

Ao chegar, viu a situação caótica:  Um condutor  estava nervoso, o motorista do outro carro se aproveitando disso. Tay segurou na mão do rapaz assustado e  se colocou na frente, protegendo-o com o corpo.

— Qual é o seu problema? Só me diga o que você quer.
— Ele bateu no meu carro...
— Mas ninguém saiu ferido. E pelo que eu vejo, você é quem está alterado aqui. Posso chamar os guardas e solicitar o teste de embriaguez. Ou posso lhe dar um dinheiro para cobrir os prejuízos e você deixar o meu amigo em paz.

O outro motorista nem pensou, aceitou o dinheiro. Tem,o rapaz da boate ,estava exausto, se agarrou a Tay e não soltou. Só quando a situação foi resolvida, o carro rebocado,ele conseguiu falar.

— Obrigado. Eu... fiquei tão nervoso. Aquele homem gritando.Aquelas pessoas.

— Já passou— Utilizou a voz tranquila.
— Pode me emprestar seu celular? Preciso do meu namorado aqui.

Quando  ligou e  o outro atendeu,falou  rápido, com a voz chorosa.Quando encerrou a ligação entregou o telefone, abaixou a cabeça e deixou as lágrimas correrem.

— Obrigado mesmo. Tenho crise de pânico e sem o Time ao meu lado seria bem difícil encerrar aquela discussão. Eu não costumo dirigir.
— Não tem que agradecer. Ficarei  com você até seu namorado chegar.

Depois de conversarem, preferiram esperar em um restaurante próximo. Para tirar aquilo da cabeça, Tay fez a pergunta que vinha tirando o sono.

— Vocês não ligaram.
Tem conseguiu sorrir.
— Queria muito, mas como você percebeu, eu estava bêbado e vomitei muito antes de chegar em casa. Foi uma loucura, então perdemos seu número. Ainda tentamos mas parece que seu negócio é muito concorrido.

— Hum...
— Quando o Time chegar, podemos conversar melhor.

Só foi falar no namorado que ele entrou feito um furacão. Parou direto no namorado, analisando se ele estava machucado. Abraçou forte e beijou com a mesma intensidade.

— Você está bem, Tem? Eu quase morri quando você ligou.

Tem respondeu com a cabeça que sim.
— Graças ao Tay, que tomou a frente.

Somente agora Time se deu conta de que Tay estava ali.

— obrigado.

— Sente um pouco. Vamos tomar um café e esquecer isso.

Os três sentaram e Tay explicou para onde o carro foi levado. A conversa foi passando para assuntos leves, a intenção era fazer Tem esquecer da situação.

Tem terminou sua comida e falou diretamente para Tay.
— Você tem compromisso hoje? O Time não vai mais voltar para o trabalho. Se quiser, podemos ficar mais à vontade na casa do Time.
— Nossa casa, Tem.
— Adoraria acompanhar vocês.

Quando finalizaram, Tem foi no carro de Time e Tay seguiu os dois com o dele. Quando entrou, viu que era tudo bem alinhado.

— Tem, pode ir tomar banho enquanto eu ajeito aqui com o Tay.

No caminho, decidiram assistir a um filme. E foi isso que eles fizeram.

Quando Tem se ausentou, Time virou para Tay.
— Você sabe que minha relação não é aberta.
— Se eu estou aqui, também percebi que não é fechada.
— Hum... Você faz o meu tipo, Tay, mas vou ser sincero... quem manda na relação é o Tem. Se ele falar que quer tentar algo, eu assino em baixo. Mas...
— Mas não vamos falar nisso agora, Time. Não nego o que eu quero. E eu costumo ter tudo que desejo, mas não é sobre levar vocês dois para cama que estou aqui.
— Direto você, né... Mas é porque você conhece o ditado "Ninguém vai te tratar tão bem...
— Quanto o homem que quer te comer", conheço muito bem esse ditado e sei que é pura verdade.
estou aqui pra isso nem por isso. Tem estava muito assustado. Estou aqui porque quero entender um pouco sobre vocês. E se for a questão de comer, já fique sabendo que eu prefiro ser comido.

Tay falou levemente, com um sorriso divertido. Time sorriu de volta, e Tem, que estava chegando, escutou o final das palavras.

Quando o filme começou, Tem se aproximou de Time. Tay ficou um pouco afastado. Ele não tinha pressa, sabia que ainda não tinha lugar entre os dois. Afinal, quem era ele para se intrometer em um relacionamento tão intenso e cheio de paixão? Mas a curiosidade o consumia, e ele não conseguia desviar o olhar do casal.

A atmosfera da sala era carregada de uma eletricidade palpável. Time e Tem pareciam ter um código próprio, uma linguagem silenciosa que Tay não conseguia decifrar. Ele observava cada gesto, cada olhar, cada toque, tentando entender a dinâmica da relação.

A cada cena do filme, Tay se sentia mais atraído para o mundo de Time e Tem. A cumplicidade deles, a maneira como se completavam, a paixão que transbordava em cada olhar, tudo o fascinava. Ele se perguntava se um dia conseguiria ter algo parecido, se um dia conseguiria encontrar alguém que o completasse da mesma forma.

Mas, por enquanto, ele se contentava em observar. Observar e aprender. Aprender sobre o amor, sobre a paixão, sobre a entrega. Aprender sobre Time e Tem, sobre o que os tornava tão especiais, tão únicos.

E, quem sabe, um dia, ele também pudesse encontrar o seu lugar nesse universo de sentimentos.