O homem fazia flexões na sala com uma execução impecável, Reiyeh olhava discretamente de vez em quando encantada com o porte daquele homem: alto, musculoso, corpulento e tatuagens lotando o seu tronco. Seu cabelo amarrado num coque realçando sua mandíbula forte com a barba já cheia, não a fazia por um bom tempo. E como ficava gostoso daquele jeito. Parou de olhá-lo apenas quando ele terminou de fazer suas quase duzentas flexões e agora se sentava se alongando, fazendo a camisa branca suada se apertar mais ainda no seu corpo grande, seu corpo muito grande.
Sentada na bancada da cozinha admirando a beleza de Roy enquanto resolvia seus assuntos no notebook, notou que Kristian, sentado ao seu lado, também encarava o homem com os seus pómulos rubros. Seus olhares se cruzaram, a mulher dando um sorrisinho por ter flagrado Kristian, e o mesmo envergonhado ficando mais vermelho ainda, se mexendo inquietamente procurando uma forma de posicionar as mãos. Segurou uma risada comprimindo os lábios e voltou a trabalhar em seu notebook.
Passaram o dia anterior inteiro discutindo todas as jogadas que fariam dentro do bordel, Kristian falava a maior parte do tempo sendo extremamente minucioso, e já a mulher reclamava o tempo todo, odiando esses detalhes e Roy não era muito bom em formar planos, então apenas ficava quieto. Era estranho como conseguia falar sem gaguejar ou suar frio sobre os planos com eles, normalmente passava muito mal em ocasiões que precisava falar em público ou para qualquer turma com mais de três pessoas. Mas se sentia confiante quando planejava cada passo do plano, dando uma quase aula para os dois. Estranhamente se sentindo confortável, o'que deveria ser impossível com a presença da assassina de língua afiada.
Sua relação com a mulher era difícil, não a considerava uma amiga, ou nada próximo disso. Queria que tudo aquilo acabasse para nunca mais ter que olhar na sua cara. Tinha uma lista de insultos enorme para o comportamento dela, ao menos ela era linda, ficava até irritado com isso. Como uma pessoa com aquela beleza tinha uma personalidade tão horrenda. Mas ele ainda via em seu comportamento corporal coisas contrárias ao que dizia, sabia que ela se escondia embaixo de uma figura fria e ignorante, se protegendo de tudo e de todos. Mas ainda a odiava.
Roy passou a mão em seu rosto secando o suor e sentiu a sua barba já bem grande, precisava faze-lá. Foi ao banheiro lavar o rosto, e ao ver sua imagem no espelho sentiu um arrepio. Sua imagem lembrava a de seu pai. Odiava sua barba. Nunca a deixava crescer demais, não se lembrava a última vez que havia ficado daquele tamanho. Olhou em volta a procura de algo para cortá-la, pensou que poderia usar uma das lâminas no armazém.
Saiu do banheiro e foi para o balcão onde os dois companheiros estavam, Kristian com o rosto avermelhado e Reiyeh sorrindo de canto.
— Reiyeh, abre o armazém ali, por favor — disse indicando a pichação que escondia o cômodo lotado de armas — Preciso fazer minha barba, estava pensando em pegar uma de suas lâminas, posso?
Ela concordou com a cabeça e seguiu para o armazém e o abriu com Roy atrás de si igual um cachorrinho. Ela abriu uma das gavetas, pegou uma navalha e depois jogou para ele. Saíram do cômodo com ele se fechando atrás e foram para o banheiro, Reiyeh pegou um condicionador e ofereceu.
— Você vai raspar tudo? — perguntou Reiyeh com a cara inexpressiva.
— Vou sim, não gosto desse tamanho — respondeu sorridente.
— Deveria deixar deste jeito, fica lindo — elogiou com seu rosto impassível e saiu do banheiro, deixando o homem boquiaberto ali.
Tinha acabado de receber um elogio da mulher? De Reiyeh? Era o fim do mundo.
Voltou a olhar sua imagem no espelho, ainda em choque com a ocasião, e ponderou se deveria deixar ou não sua barba daquele jeito, realmente ficava bem lindo. Talvez devesse, afinal de contas, aquele que temia nunca voltaria a atormentá-lo. Ignorou esse sentimento e no seu lugar outro se ocupou, um que vinha o martelando desde o momento em que saiu daquele prédio.
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Os Caçadores Furiosos
Ciencia FicciónEm um planeta criado com o intuito de proteger o universo de seres malignos, conhecido como Organização dos Defensores do Universo, ou ODU, um governo utópico, onde a população vive em meio a tecnologia e paz. Seres de diferentes espécies, planetas...